Quem, durante a semana, conseguiu ter dimensão do estrago no Rio Grande do Sul e não se comoveu, não tem coração. O evento climático que alagou boa parte do estado gaúcho deixou não apenas o povo da região comovido, mas todo o Brasil. Um verdadeiro cenário de guerra, sem exageros.
A Defesa Civil estima que mais de 200 mil pessoas estejam desabrigadas em um cenário no qual mais de 400 cidades foram afetadas, isto sem contar os municípios da região e outras partes do Brasil de forma indireta.
É realmente lamentável que as pessoas tenham que passar por este tipo de situação. Cabe a cada um de nós, que fomos poupados disso tudo, ajudar do jeito que for possível. Afinal de contas, somos todos brasileiros e devemos cuidar uns dos outros.
Do ponto de vista econômico, no entanto, ainda é difícil dizer quais serão os impactos e o tamanho de cada um deles. O balanço da situação ainda está sendo feito, mas as perspectivas podem ser um pouco preocupantes, especialmente, para o setor do agronegócio da região.
O Rio Grande do Sul responde, por exemplo, por 70% da produção brasileira de arroz. Em relação à soja, a lavoura do estado representou 8,4% da produção do país em 2023 e, com o crescimento esperado para este ano, passaria a representar 14,8%, ficando atrás apenas de Mato Grosso.
O estado também se destaca na pecuária. Em 2023, ocupou a terceira colocação entre aqueles que mais abateram frangos e suínos. Foi também o quarto maior produtor de ovos e o quinto entre os produtores de leite.
Ainda não há um quadro completo do prejuízo e, portanto, quanto isso afetará a estimativa feita anteriormente pelo IBGE. O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, disse que os impactos foram diferentes em cada região em entrevista à Agência Brasil.
No litoral, por exemplo, houve grande perda de lavouras de soja e alagamento de silos de arroz. “O litoral foi seriamente impactado na cultura da soja, que ficou embaixo d’água. Isso é perda total. Mas já pegou bastante adiantada a colheita do arroz, acima dos 70%, 80%, o que colocou o arroz a salvo, a não ser por algum silo que ficou com 1 metro de água em sua base”, afirmou.
Outra área com muitas perdas foi a região central do estado. “Nos municípios da chamada Quarta Colônia – Santa Maria, Lajeado – a enchente levou praticamente tudo dos produtores. Não só a possível colheita, como também o maquinário e animais.”
No norte do estado, o principal impacto para o agronegócio foram os danos à infraestrutura, que causam problemas no escoamento de produtos derivados de frango, suínos e bovinos e também na chegada de ração para os animais.
Como vimos, ainda é recente para ter um balanço real dos impactos econômicos das enchentes, mas, algumas projeções já mostram prejuízos acima dos bilhões de reais.
Contudo, especialistas dizem que não há motivo para preocupação com questões de desabastecimento em outras regiões do país.
Isto porque o Brasil tem um agro muito forte em diferentes regiões e em pouco tempo será capaz de suprir as demandas, inclusive, do Rio Grande do Sul, que precisará de ajuda para se reconstruir.
O que sabemos é que o Rio Grande do Sul precisará de muitos recursos para se reconstruir. O próprio governador do Estado, Eduardo Leite, disse que seriam necessários mais de R$19 bilhões em investimentos.
Caso se confirme essa injeção de capital, empregos devem ser gerados e os serviços, hoje castigados pela crise, tendem a se beneficiar dessa reconstrução.
Do ponto de vista dos investimentos, não vimos grandes impactos que peçam alguma cautela do investidor sobre este assunto até o momento.
Contudo, situações como essa, confirmam o ensinamento de Nassim Taleb sobre a Lógica do Cisne Negro.
As enchentes no Rio Grande do Sul podem ser consideradas um tipo de evento a que Taleb se refere, ressaltando como as situações imprevisíveis podem acontecer e afetar as nossas vidas.
Nem sempre conseguimos estar prontos para lidar com tudo!
Que o Rio Grande do Sul se recupere logo!
Até a próxima e bons negócios!