Eu demorei para entender o mapa setorial da Bolsa brasileira, talvez porque sempre fui um cara mais de empresas do que de setores. Prefiro o particular ao geral.
Mas fui vivendo o mercado, e o tempo deu conta de me ensinar. Tive que encarar crises de solvência em bancos médios, e a inadimplência corroendo os grandes. Incorporadoras parando de lançar, esperando recebíveis pra gerar caixa. E mesmo a melhor das elétricas acabou detonada pela MP 579.
Assim fui aprendendo com grandes financistas que viam o mercado de forma complementar à que eu estava habituado. Caras muito bons de macro, e que passavam um tempão estudando quais os melhores e piores setores para se investir. Sujeitos que compravam Estácio, Anhanguera e Kroton, enquanto eu só gostava de Kroton.
Hoje tenho pra mim uma combinação entre os dois mundos. Por um lado, você precisa mergulhar na empresa, se apaixonar por uma loira, e se casar com ela. Por outro, se a contração monetária do Copom é obviamente contra as loiras e a favor das morenas, talvez seja a hora das ruivas.
Sem tingir nem descolorir fio algum, olhamos para a macro brasileira com um viés cético, de superávit secundário e alívio com a desvalorização do real (be careful what you wish for). Todo modo, quem abre os jornais nesta quinta encontra vendas ao varejo crescendo 1,9% MoM em julho, o consumo não está morto!
Pesando entre esses vários contras e alguns prós, nosso time de análise se juntou para tomar uns goles e avaliar os principais setores (http://bit.ly/1aNK4cp) da Bolsa. Onde vale a pena estar? De onde fugir? Consumo, infra, metais, siderúrgicas, óleo & gás, imobiliário, bancos e elétricas. São muitas categorias, nem todo mundo passa na peneira.
De certa forma, os jovens ficam loucos por empresas, adultos gostam de setores e a maior experiência nos leva a apreciar a macro. A cada pregão, três gerações se encontram pra revisar o passado e discutir o futuro da Bolsa brasileira.
PS. Isso me fez lembrar da conversa com um gestor sobre asset allocation, já se vão anos. A ideia dele: "Setores? Não tem setores na Bolsa brasileira. Tem um só setor: commodities". Evoluímos desde então, mas não deixa de haver razão aí. Nossa Bolsa é mesmo commodity-driven, e isso nos leva a lançar hoje uma assinatura mensal focada em Commodities (http://bit.ly/16xxKZm). Começamos com a soja, e vamos até o boi engordar.