Fechamento do Bovespa na última sexta-feira em 62.500
Depois do circuit-breaker da semana retrasada, quando o Bovespa tocou a faixa de 60.000, vimos um repique até a faixa de 64.200 ao longo da semana passada.
Em que direção podemos apostar? Numa volta aos 60.000 ou uma volta aos 69.500, topo desse ano?
Incertezas políticas com impactos econômicos à parte, vamos rastrear alguns gráficos que possam nos alimentar para reflexões de longo prazo.
O primeiro, o próprio Bovespa
Abaixo, temos uma MA50 em linha azul ainda acima da MA200, em linha vermelha, no tempo diário, o que deixa, tecnicamente, ainda em modo COMPRA.
Por outro lado, a vinda do Bovespa para baixo da MA200 na semana retrasada serve de um primeiro alerta. O repique foi suficiente para levar o índice de volta para cima dessa MA200, mas ainda não para cima da MA50.
Essa mesma MA50 começa a se aproximar da MA200. O cruzamento para baixo da MA50 sobre a MA200 acenderia um novo e forte sinal negativo
MICEX
E por que digo isso?
Há cerca de 2 meses, destaquei nesse mesmo espaço um movimento interessante do principal índice de ações da Rússia, o "MICEX". O índice havia perdido sua MA200 no tempo diário depois de um longo tempo, e, naquele momento, testava seu antigo topo histórico.
O que aconteceu depois? O índice de fato repicou em cima do antigo topo histórico, isto é, um clássico pullback, porém, não foi muito longe. Voltou para baixo com força, fez pivot de baixa, perdeu esse antigo topo histórico, faixa de 1.970 pontos, repicou e voltou a pivotar pra baixo.
Ou seja, vem fazendo topos e fundos descendentes nos últimos 2 meses, a ponto de, 45 dias atrás, confirmar o cruzamento para baixo da Média Móvel Simples de 50 períodos (abaixo em linha azul) sobre a Média Móvel Simples de 200 períodos (abaixo em linha vermelha).
Tais cruzamentos, quando olhados no longo prazo, são sinais de reversão de tendência.
O índice "MICEX" vinha numa forte tendência de alta nos últimos 2-3 anos, como podemos ver abaixo. Mais, "IBOV" e "Micex" tem mantido uma certa correlação nos últimos 10 anos
EEM
Vamos olhar para um outro índice que se aproxima de pontos-faixas interessantes, o índice "(NYSE:EEM)", um "ETF" dos "Mercados emergentes".
Vejam abaixo que o índice se aproxima do topo de 2015, faixa de 42,00. Fechamento em 41,76 na última sexta-feira. Mais, se aproxima do topo histórico de 2007, faixa de 45,00.
EWZ
Por fim, vamos ao índice "(NYSE:EWZ)", o "Bovespa operado pelos estrangeiros".
Quando olhamos para o "EWZ", o "quadro perigoso" do Bovespa fica um pouco mais claro.
Reparem abaixo que, quando o EWZ despenca na semana retrasada, no dia do vazamento da delação da JBS (SA:JBSS3), o EWZ perde um importante suporte, a faixa de 36,00
No repique dos últimos dias, o índice tentou ir lá nos 36,00; sem sucesso, embora passasse próximo
Mais, vejam o segundo gráfico. Tempo SEMANAL, período 10 anos.
Vejam uma LTB que vem desde 2011
Uma LTB de 6 anos, a mesma que foi rompida no Bovespa em "real", no EWZ foi tocada há 1 mês
Aguardemos os próximos movimentos; da mesma forma que o índice se apoiou nesse forte suporte desde o início do ano, talvez alguns toques nessa mesma faixa sejam necessários antes de um novo pivot de BAIXA
O que dá para concluir, vistos os 4 "grupos" de gráficos acima, é que ainda faltam ainda, do ponto de vista gráfico, muitos sinais para uma reversão no pessimismo do índice Bovespa,
O rompimento da faixa de 65.200-66.000 do Bovespa, uma reversão nos topos e fundos descendentes do "MICEX" russo e o rompimento da faixa de 36,00 do EWZ são os principais pontos a serem vistos nesse momento para que tenhamos uma expectativa mais otimista de que o índice brasileiro possa ter forças para atingir novamente a faixa de 69.500, rompê-lo e buscar seu topo histórico, faixa de 74.000 pontos
Por ora, o perigo ronda o índice, de forma a começarmos a pensar se podemos voltar ao BEAR-MARKET secular que vem desde maio-2008, quando o índice tocou a faixa de 74.000, e de lá foi aos 29.200, repicou até os 73.000 para voltar a despencar até os 37.000 do início de 2016.