- Tensões comerciais em alta e temores inflacionários seguem sustentando a demanda.
- Rali estende ainda mais os indicadores de momentum.
- Níveis-chave mapeados para possíveis correções e zonas de retomada.
A intensificação das tensões comerciais e a persistência das preocupações inflacionárias continuam sustentando a demanda por ouro, que renovou seu recorde histórico nesta terça-feira ao tocar US$ 3.500 por onça, antes de recuar levemente. Desde a mínima de US$ 2.956 no início do mês, o metal acumulou valorização de quase 18% — uma alta expressiva de US$ 540 impulsionada por uma combinação rara de fatores: incerteza nos mercados globais, compras robustas por bancos centrais, enfraquecimento do dólar e a busca por proteção diante da instabilidade.
Apesar da força da tendência de alta, cresce a percepção de que o rali pode estar se aproximando de uma exaustão de curto prazo. Os indicadores técnicos sinalizam níveis de sobrecompra cada vez mais pronunciados, mas, mesmo assim, o ouro permanece em uma configuração favorável à estratégia de “comprar nas correções”. Eventuais recuos, desde que não comprometam a estrutura de tendência, ainda devem ser vistos como oportunidades para posições compradas.
LEIA TAMBÉM: Como investir em ouro
Tensões comerciais mantêm os compradores no controle
O principal vetor de sustentação segue sendo a guerra comercial. O impasse entre Estados Unidos e China tem criado um ambiente de aversão ao risco, favorecendo o ouro como ativo de proteção. A retórica agressiva do presidente Donald Trump contra o Federal Reserve e a ameaça de novas tarifas acentuaram esse movimento.
Caso haja algum avanço concreto nas negociações, parte do apelo do ouro como porto seguro pode diminuir. Por ora, no entanto, não há sinais de progresso, e os investidores continuam recorrendo à mesma estratégia: acumular ouro nas quedas. Ainda assim, a atual cotação de US$ 3.500 não é trivial. Qualquer indício de otimismo nos mercados de risco pode acionar realizações abruptas de lucro. A tendência, contudo, permanece forte — e eventuais correções devem ser tudo, menos lineares.
Análise técnica: esticado, mas ainda firme
O cenário técnico reforça o viés altista, ainda que os sinais de estresse se multipliquem. O Índice de Força Relativa (IFR) diário está próximo de 80, enquanto o semanal já supera esse patamar — zona clássica de sobrecompra. No gráfico mensal, o IFR atinge 87, nível semelhante aos topos cíclicos registrados em 2011 e 2020.
O mais notável, contudo, é a distância em relação à média móvel de 200 semanas: mais de US$ 1.400 acima — equivalente a um prêmio de 67%. Embora o pano de fundo macroeconômico justifique preços elevados, divergências técnicas dessa magnitude raramente se sustentam por muito tempo sem algum período de consolidação.
Sem um padrão claro de reversão ou uma sequência de topos e fundos descendentes, a perspectiva para o ouro segue construtiva. Ainda assim, sinais técnicos de reversão nos candles diários ou semanais, com confirmação na sequência, devem ser monitorados com atenção.
Níveis de suporte relevantes:
- US$ 3.430 (máxima recente)
- US$ 3.400 (número redondo)
- US$ 3.357 (ponto de rompimento da semana passada)
- US$ 3.245 e US$ 3.167 (zonas de resistência anteriores)
- US$ 3.000 e US$ 2.956 (suportes técnico e psicológico)
Acima dos US$ 3.500, não há resistências técnicas evidentes — apenas referências psicológicas em torno de US$ 3.600 e US$ 3.700.
Considerações finais
O ouro está em tendência de alta — e talvez até exageradamente. Os fundamentos ainda sustentam o movimento, mas o rali entra agora em uma fase mais madura. Enquanto persistirem a guerra comercial e o cenário global conturbado, compradores devem continuar prevalecendo nas correções. Mas qualquer mudança no sentimento ou perda de fôlego pode provocar uma pausa. Isso não significa o fim do ciclo de alta, mas lembra que até as tendências mais sólidas precisam respirar.
***
INVISTA COM CONFIANÇA! Comece a operar com inteligência artificial e dados profissionais no InvestingPro! Descubra ações explosivas agora, clique aqui!