Outubro Ainda Vai Despedaçar

Publicado 24.10.2013, 21:59
FAZI
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Na Estrada

Admito um defeito a vocês, mas que fique só entre a gente. Não sou nada bom com esta máquina extraterrestre chamada computador. Ontem mesmo, tive que sair do escritório mais cedo. Com isso, acabei me perdendo nos emails de resposta ao M5M PRO. À revelia, teremos uma seção de perguntas & respostas menor hoje.

Peço desculpas pelo analfabetismo digital. Bom, paciência. Nesse clima On The Road (Na Estrada), me inspirei em Jack Kerouac para a newsletter de hoje. Se ontem falei para os pessimistas, hoje converso com os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados.

Aqueles que veem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os veem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.

Outubro despedaçado


Ibovespa tentando recuperar perdas de ontem, mas está difícil. Dados de manufatura na China alimentam expectativa de bom ritmo da recuperação global e permitem clima um pouco melhor. Medo de restrição de liquidez por lá ainda impede retorno do bom humor, de fato. Ontem, pintei um quadro bem negativo para o mercado acionário brasileiro – talvez você se lembre.

Foi fácil fazê-lo pois o índice caia com vigor. Volto a traçar meu viés pessimista sobre a média das ações hoje, quando as coisas parecem mais calmas. O que a vida quer da gente é coragem, diria Riobaldo, em Grande Sertão, Veredas. O argumento principal está reiterado: temor de redução da liquidez global a partir dos próximos passos do Fed. Posso embasar um pouco melhor o ponto.

O S&P 500, principal referência da bolsa americana, negocia a uma média de 15,8x os lucros estimados de seus integrantes, o maior patamar desde o final de 2009.

Agora, veja o seguinte: estamos na antessala de um aumento das taxas de juro em âmbito global. Isso deveria exigir múltiplos menores, e não maiores. Ativos de risco embutem prêmios muito baixos em face ao cenário nebuloso.

Terra estrangeira


O Brasil é tipicamente sensível às condições de liquidez internacional e sofreria muito com uma correção dos ativos de risco. Peço a gentileza, porém, de ler com carinho, pois a mensagem negativa está restrita à “média das ações brasileiras.”

Há queridinhas escondidas que podem surfar bem a esperada turbulência. Esse é exatamente o mote do relatório especialíssimo preparado pelo Rodolfo. Quais as ações certas para comprar e surfar o período de maior volatilidade?

Ainda mais interessante é que, além de escolher os papéis com potencial e baixo risco, há sugestões para cada perfil de investidor. Para quem se interessa por ações quentes, selecionadas por critérios bem práticos, sugiro a série semanal de Stock Picking; a assinatura vem com um descontão bacana.

Central do Brasil


Obviamente, nem só da liquidez internacional vive o investidor. Temos também resultados corporativos domésticos para alimentar o noticiário.

Ontem, falamos de Fibria (FIBR3) e Natura (NATU3). Acho que deu sorte. Recomendamos compra da primeira, e ficar de fora da segunda. No momento em que escrevo, ações de Fibria figuram entre as maiores altas do Ibovespa, enquanto aquelas de Natura respondem pela maior baixa. Fibria se recupera depois da oportunidade de compra aberta ontem – resultado foi bastante bom e o mercado ignorou.

Agora, retomamos alguma sanidade. Natura também atendeu à expectativa de retorno de algum crescimento de primeira linha, mas insuficiente para saciar as projeções de mercado, com lucro caindo 22% ano contra ano. Os assinantes do PRO estão recebendo um pouco mais de cor sobre os resultados de Natura.

Diários de motocicleta


Podemos agora ir para a seção diária de P&R. À esta altura do campeonato, depois de nossas andanças por aí, já estamos íntimos. Trocamos telefone (nada de whatsapp! Relação virtual é coisa do meu amigo André “Webcam” Kiss), saímos algumas vezes e eu posso tratar as perguntas & respostas assim mais carinhosamente, dando apelido, coisa e tal – hoje ela está mais curta por aquele probleminha explicado lá em cima. “Viver (VIVR3) pode continuar subindo?”

Sim, pode. É exatamente aquele racional já exposto aqui. Se der certo o turnaround (e há risco não desprezível de não dar), tem um upside enorme. Com as ações negociando a uma fração pífia do valor de liquidação, se conseguir driblar as restrições de liquidez, que não são pequenas, pode dobrar com alguma facilidade. Fica, entretanto, o alerta, pela enésima vez: o risco é grande.

“Como me posicionar neste tiroteio de Lupatech? (LUPA3)” A questão é um pouco mais ampla. Você precisa se posicionar? Bolsa não é Call of Duty, um jogo de Playstation em que você tem de sair metendo tiro. As fontes oficiais sugerem que não há nada em curso. Pode haver, claro. O fato é: baixíssima visibilidade sobre uma reestruturação que é, sim, necessária. Sem eu saber os termos ou mesmo se vai ter, não posso dizer para entrar na ação.

Talvez haja potencial, mas a combinação risco-retorno, neste momento, sugere cautela. “Souza Cruz (CRUZ3) merece apanhar tanto?” Olha, tanto assim, não. Inclusive mercado já parece reconhecer isso, né? Com efeito, resú no 3T13 não foi o melhor do mundo, mas ainda está dentro da tese de boa pagadora de dividendos, com previsibilidade de fluxos. “Não gosto de empresa cíclica, mas estou muito carregado de nomes defensivos. Penso em abrir uma exceção. Você acha uma boa? Tem alguma para indicar que está excepcionalmente atrativa?” Vou apelar para Kerouac de novo:

"E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de ideias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme ideias preconcebidas de espécie alguma em sua mente". Em tempo, compre um bocado de Vale (VALE5).

Água negra


Cumprida nossa peregrinação pelas dúvidas, podemos voltar à série de notícias corporativas do dia. Novidade do momento em torno da OGX seria a possibilidade da empresa vender seus campos de gás no Parnaíba, como forma de levantar dinheiro no contexto da negociação com credores.

Obviamente, qualquer refresco das condições de liquidez neste momento seria positivo. Entretanto, do ponto de vista de fundamentos, julgando pela provável diluição , acharia o movimento insuficiente para retirar o adjetivo “cara” das ações de OGX. E a outra notícia sobre a petroleira de Eike se refere à possibilidade de adotar um novo nome, como forma de afastar associação mais imediata à figura do atual controlador. O candidato mais forte seria Brazil Oil.

Não sou muito bom com essa coisa de nome, talvez o André possa me ajudar. Mas, para esse caso específico, talvez - apenas talvez - para não desgastar um pouco mais a imagem do Brasil, fosse melhor uma alcunha diferente. Deixa-me ver se consigo pensar em algo melhor. Ah, já sei! Argentinian Oil. Que tal?

Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.


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