Gente e tecnologia
Após o anúncio oficial da compra do HSBC, o presidente do Bradesco (SA:BBDC4) - Luiz Carlos Trabuco - deu umas dez entrevistas para explicar os racionais do negócio.
Coerentemente, todas falam as mesmas coisas - das quais tomo uma passagem como minha preferida:
"Você retém clientes por meio de pessoas. Banco é, fundamentalmente, gente e tecnologia”.
Gente e tecnologia.
Veja que a palavra “produtos financeiros” não entrou no ranking fundamental de Trabuco.
Não acho que se trate de um lapso de memória.
Conflito de interesses
Se você oferta bons produtos financeiros, não precisa se preocupar tanto em reter clientes por meio de pessoas.
A responsabilidade ficaria menos com o gerente de banco e mais com a performance dos produtos per se.
Mas o que é um BOM produto financeiro?
Que seja bom para o banco?
Ou bom para você?
Martela o martelão
Eu sei, sempre poderemos botar a culpa no gerente de banco.
No fundo, porém, a culpa é nossa. Investimos sem saber onde, somos empurrados pela lábia de outrem.
GBLs são assinados no escuro, e por medo do escuro.
A real pergunta a se fazer é: como proteger seu dinheiro de você mesmo?
Decidimos elencar os Sete Pecados que você está cometendo contra seu próprio bolso.
Explicamos como evitá-los.
Formado pela FFLCH-USP, Trabuco chamaria isso de Filosofia do Martelo.
Devemos romper com nossos vícios mais arraigados.
Mobília bancária
Aliás, qual é o valor potencial de um banco com 500 agências? Quanto custaria para abrir cada agência?
O presidente do Bradesco apresentou algumas contas sugestivas.
Só para mobiliar uma agência custa uns R$ 2 milhões.
Com R$ 2 milhões multiplicados por 500 agências do HSBC, alcançamos R$ 1 bilhão apenas em mobília.
É curioso encarar essa cifra gigantesca ao mesmo tempo em que imaginamos um contínuo esvaziamento das agências físicas.
Por quanto tempo elas ainda vão durar?
Lembre-se: banco é, fundamentalmente, gente e tecnologia.
Nego, não devo
Mas parece que banco também é inadimplência.
Itaú (SA:ITSA4) entregou um trimestre de rentabilidade recorde, cravando um ROE absolutamente invejável, acima de 24%.
Porém, o aumento dos calotes acaba pesando na performance da ação hoje.
Se a inadimplência de Itaú piorou, o que dizer de Banco do Brasil (SA:BBAS3), que emprestou dinheiro para quem o Itaú não quis emprestar?
E os bancos médios?
Saberemos em breve.