Após correção significativa que observamos na primeira semana de agosto, a semana que passou foi de estabilidade na maioria dos índices globais. Apesar de termos iniciado a semana em queda, houve nítida recuperação nos índices americanos e também no Brasil.

A questão que remanesce é: seria essa recuperação apenas uma pequena pausa para um movimento mais agudo de queda?
Na nossa análise de 3 semanas atrás relembramos alguns dos pontos que vêm gerando preocupações nos mercados financeiros (ver figura a seguir).

Recentemente encontramos um dado interessante que confirma as preocupações com a Europa (inclusive podemos notar na primeira tabela deste artigo que a Alemanha não apresentou recuperação na última semana). Trata-se do Global PMI, que indica a saúde financeira do setor industrial. Neste link pode-se ver que a Europa já apresenta sinais de deterioração.
O mercado financeiro no Brasil, por sua vez, vem mantendo-se forte neste cenário conturbado. O EWZ, fundo negociado que aplica em ações (ETF em inglês) da bolsa brasileira, que é indexado em dólares, mostra que há ainda bastante espaço de valorização pela frente nos ativos do Brasil. Mas para isso ocorrer, naturalmente as reformas previdenciária e tributária devem avançar serem concluídas.
Num cenário de aprovação das reformas acreditamos ser bem razoável ocorrer nos próximos meses uma valorização em dólares, na casa de 30-40% no EWZ, até a região de 60, conforme gráfico a seguir. Se isso se materializasse, o Brasil andaria na contramão dos mercados globais.
Numa perspectiva mais de curto prazo, observamos uma recuperação vigorosa no índice futuro do Brasil, após testarmos a região de 100.000 pontos. Lembrando que havíamos comentado sobre essa chance de queda na nossa análise do dia 29 de julho.

Na última 6a. feira o mercado fechou com um candle que mostra equilíbrio de forças, justamente na região de suporte da congestão que fora rompida para baixo no dia 31 e que agora serve como resistência. Se superada essa região de 105.000 pontos poderíamos retestar o topo histórico nas próximas semanas. Por outro lado, um agravamento da crise nos mercados globais pode levar o Brasil a retestar a região de 100.00 pontos. Ver marcações a seguir.

O DXY, índice que mede a valorização do dólar frente a uma cesta de moedas globais teve uma semana de desvalorização e atingiu uma região de suporte importante, como podemos observar no gráfico a seguir. Muito provavelmente a desvalorização do Yuan (moeda chinesa), no contexto da guerra comercial EUA x China, contribuiu para essa desvalorização.

No Brasil, pudemos observar um movimento parecido. O dólar chegou a bater quase 4 Reais e fechou a semana cotado em 3,9432. A superação da região de 4,00 pode levar o mercado a retestar as regiões de 4,10 e 4,20 respectivamente. Graficamente o mercado está "com cara" de que o teste destas regiões é provável.

Em relação ao petróleo, parece que nas próximas semanas iremos buscar a região de 45 dólares/bbl no WTI (Petróleo Bruto), dado que na última semana rompemos o triângulo da figura a seguir para baixo. Vamos acompanhar o movimento do ativo para ver se essa tendência se confirma. Naturalmente as chances desse "caminho" materializar-se aumentam se o pessimismo nos mercados globais prevalecer. O pessimismo poderia empurrar o preço deste ativo para baixo, numa perspectiva de que a desaceleração global reduziria o consumo de petróleo no médio prazo.
Olhando para o calendário econômico, no decorrer da semana teremos vários eventos que normalmente trazem mais volatilidade aos mercados. Destaque para a divulgação dos dados de produção industrial da China, na 3a. feira. Sumarizamos abaixo, o calendário divulgado pela Investing.com.

Forte abraço, e....
Bora pra cima !!!
Sobre o autor: fundador do blog Metanoia Trading, começou a estudar sobre o mercado financeiro em 2004, quando participou da 2a. turma do Curso Intensivo de Análise Técnica da LS (Leandro e Stormer). Foi Diretor de Corporate Finance na PwC (PricewaterhouseCooopers) até 2016. Atualmente, além de atuar como trader autônomo, tem sua própria empresa de consultoria, onde dedica-se à assessorar processos de fusões e aquisições (M&A).
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