Analistas dizem que o conflito entre o Hamas e Israel não ameaça o petróleo, mas uma escalada e a participação dos EUA e do Irã podem fazer os preços da commodity subirem de patamar.
O aumento das tensões entre Israel e Hamas fez a cotação do barril subir imediatamente, chegando a quase US$ 88 para o Brent nesta segunda-feira, 9. Analistas acreditam que o conflito não deve afetar o fornecimento de petróleo, mas, se o Irã e os EUA se envolverem, pode haver uma “guerra por procuração”, afetando o mercado.
Petróleo sobe com ameaça ao fornecimento
Os preços do petróleo subiram cerca de 4% no domingo, diante do agravamento do conflito entre Israel e Hamas, gerando preocupações com a produção e o transporte no Oriente Médio.
O Brent, que serve de referência mundial e para a Petrobras (BVMF:PETR4), subiu 3,97% para US$ 87,94 por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) subiu 4,13% para US$ 86,21. Apesar da alta, os preços do barril ainda estão abaixo dos mais de US$ 90 da semana passada.
Antes dos ataques, o petróleo operava em queda no mês, perdendo cerca de US$ 10 por barril. A mensagem do Federal Reserve de "juros mais altos por mais tempo" e o crescimento mais fraco reduziram as expectativas de demanda, compensando a alta anterior que levou os preços a US$ 100 por barril.
No entanto, a escalada recente no Oriente Médio deve causar volatilidade no mercado, gerando preocupações de restrição de oferta entre os investidores.
“Guerra por procuração” pode impactar fornecimento
Os ataques recentes provavelmente não vão interromper imediatamente o fluxo de petróleo, pois nem a Palestina nem Israel são grandes produtores ou consumidores do produto.
No entanto, há o risco de que o conflito possa se tornar uma guerra por procuração e envolver mais países, como os EUA e o Irã, que são importantes para o mercado de petróleo.
"O envolvimento da Arábia Saudita, do Irã e dos EUA será crucial. O risco geopolítico geralmente não dura muito nos mercados, mas há muitos impactos indiretos que podem surgir nas semanas, meses e anos após os eventos deste fim de semana", escreveu Jim Reid, do Deutsche Bank.
Washington culpa Teerã por ajudar a coordenar os ataques do Hamas, e qualquer retaliação contra o país persa pode levar ao fechamento do Estreito de Ormuz, a única passagem marítima do Golfo Pérsico para o oceano aberto. O Irã ameaçou anteriormente fechar esse estreito.
Além disso, se o eventual envolvimento do Irã na guerra desencadear uma resposta de Israel ou dos EUA, é possível que ocorra um acentuado aumento nos preços do petróleo, devido ao percebido risco de oferta.