O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a semana com mais uma alta, dando um passo adicional em direção a esperada consolidação. O contrato com vencimento em março de 2019 encerrou a sexta-feira (feriado no Brasil) cotado a 13.12 centavos de dólar por libra-peso, subindo 49 pontos em relação à sexta anterior. Os demais meses de vencimento tiveram alta média de 46 pontos nos meses que correspondem à safra 2019/2020 do Centro-Sul e 30 pontos de alta nos meses correspondente à safra seguinte. O enorme desconto do preço presente em relação à curva futura, comentado com nossos clientes há algumas semanas, mostrava que alguma coisa estava fora de prumo e os as curvas deveria convergir. Acabou ocorrendo o que prevíramos.
Acreditávamos que os preços do açúcar em NY poderiam bater 13.50 centavos de dólar por libra-peso no último trimestre do ano, mais para dezembro. Ocorre que a reação foi antes do que imaginávamos. E, surpreendentemente, os fundos continuam bem vendidos 88,000 lotes no levantamento de terça-feira passada. Onde pode chegar o mercado futuro caso os fundos liquidem suas posições vendidas é a pergunta de um milhão de dólares. Lembrando caro leitor e leitora que, como dissemos aqui, alguns fundos possuem posições vendidas no café e no açúcar combinadas com posições compradas no petróleo. Petróleo caiu 4% e as duas softs subiram 6%.
O resultado do primeiro turno da eleição presidencial no Brasil dá ampla vantagem ao candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL). Só mesmo uma hecatombe ou um fato inesperado poderá tirar Bolsonaro da posição de próximo presidente da República Federativa Brasil a tomar posse em 1º de janeiro de 2019. O Brasil deu uma enorme guinada à direita, resultando numa renovação de 52% na Câmara dos Deputados e de 56% no Senado, numa resposta firme do eleitor cansado dos políticos que estão aí e um basta na corrupção institucionalizada pelo Partido dos Trabalhadores, que não conseguiu eleger algumas figuras de peso como a ex-presidente Dilma Rousseff e o Senador para o Rio de Janeiro Lindbergh Farias.
Esse breve preâmbulo é para mostrar que a eleição provável de Bolsonaro tem pressionado o câmbio e o real que valia 4,2000 há um mês, está a 3,7500, valorização de 11%. A valorização do real combinada com o cenário macro de queda do petróleo pode eventualmente mudar a abordagem das usinas em relação ao mix do ano que vem.
Gente mais otimista do mercado financeiro acredita, por exemplo, que o real pode ir para 3,4000 no primeiro trimestre de 2019. Num cálculo simples, verificando o preço da gasolina no mercado internacional há um mês em reais versus o preço hoje, temos uma queda em reais de 14%. Isso pode eventualmente – caso se configure a continuação da queda do petróleo e do dólar em relação ao real – diminuir a paridade entre etanol e açúcar. Temos que ficar atentos.
A posição acumulada até 1º de outubro divulgada pela UNICA mostra uma produção de cana de quase 458 milhões de toneladas, número 2.3% inferior ao mesmo período do ano passado, com um mix de 36.37% de açúcar e 63.63% de etanol, resultando até o momento em uma produção acumulada de 22,273 milhões de toneladas de açúcar (queda de 24% em relação ao ano passado) e 24,386 bilhões de litros (aumento de 25,05% em relação ao ano anterior).
A competitividade do hidratado em relação à gasolina no mercado doméstico fez com que as vendas do produto crescessem extraordinariamente em relação ao ano passado. Segundo a ANP, com dados acumulados de setembro de 2017 até agosto de 2018, o consumo de hidratado no período foi de 17,034 bilhões de litros quase 33% acima do mesmo período de doze meses anterior. O consumo de combustíveis pelo ciclo Otto no mês de agosto foi de 4,462 bilhões de litros, 8.4% superior ao consumo do mês anterior, mas ainda 3.24% abaixo do ano passado. Preços mais altos da gasolina somados à crise econômica esfriaram o consumo.