- Ambas as redes sociais podem enfrentar dificuldades prolongadas com as constantes mudanças do mercado de anúncios digitais.
- A Snap possui caixa para resistir à tempestade, mas, se a economia piorar, a companhia terá problemas para se recuperar rapidamente.
- Pinterest está no mesmo barco, com suas ações caindo 50%.
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É difícil fazer uma recomendação de compra no momento em que os mercados passam por uma liquidação ampla e indiscriminada. Diante dos riscos de uma recessão iminente no cenário macro atual, os investidores decidiram sair de ações de tecnologia de alto crescimento, com receio de que essas empresas não consigam atingir suas metas de resultados.
Um dos segmentos mais afetados pela reviravolta dos mercados são as ações de redes sociais que dependem de gastos com publicidade para impulsionar suas vendas e atrair investidores. Nesse grupo, listamos a Snap (NYSE:SNAP) (SA:S1NA34) e a Pinterest (NYSE:PINS) para fazermos uma análise mais aprofundada do seu atual momento operacional e possíveis perigos decorrentes do seu pequeno porte.
Vejamos mais a fundo esses papéis:
Snap enfrenta desaceleração nos gastos com publicidade
A operadora do aplicativo de compartilhamento de fotos Snapchat foi uma das histórias de recuperação de maior sucesso durante a pandemia. A disparada do número de usuários alavancou as vendas, na medida em que empresas de todos os tamanhos recorreram às plataformas de mídia social para alcançar clientes que estavam isolados em casa.
O CEO Evan Spiegel e sua equipe foram hábeis em canalizar esse boom no tráfego para aumentar a atratividade do aplicativo aos anunciantes. O Snapchat registrou 332 milhões de usuários diários ativos no fim do 1º tri. As vendas durante o período aumentaram 38%, para US$ 1,06 bilhão
Mas a empresa de mídia social sediada na Califórnia não deve ser capaz de sustentar esse tipo de crescimento, caso uma recessão atinja a economia global. O primeiro alerta surgiu da própria empresa, quando disse aos investidores, no mês passado, que não conseguiu cumprir suas previsões de lucro, devido ao corte que os anunciantes fizeram em seus orçamentos.
Desde o anúncio, em 23 de maio, o papel já se desvalorizou mais de 40%, apagando praticamente US$ 16 bilhões em valor de mercado, bem como todos os ganhos auferidos nos últimos cinco anos.
A ação fechou o pregão de segunda-feira cotada a US$ 12,02, depois de se desvalorizar 9,5% no dia. Ela acumula queda de quase 86% desde a máxima de 52 semanas de US$ 83,34, alcançada na primeira quinzena de setembro.
Embora a Snap tenha caixa para resistir à tempestade, considerando a atual situação macroeconômica, tudo leva a crer que será difícil para a companhia se recuperar.
Diante de tantas adversidades no front macro, é provável que os anunciantes cortem ainda mais seus gastos com anúncios, sem falar que a Snap também enfrenta uma ameaça existencial causada pelo TikTok, que possui 2,91 bilhões de usuários ativos mensais.
O TikTok, que pertence à chinesa ByteDance Ltd, é o aplicativo mais baixado do mundo. No início de 2020, os americanos passaram mais tempo no TikTok do que no Facebook ou Instagram. Neste ano, o app chinês espera superar o YouTube.
Pinterest sofre queda de 50%
Entre as empresas de mídia social menores, a Pinterest, de São Francisco, Califórnia, também foi duramente afetada pela atual reviravolta do mercado, embora seus resultados do último trimestre tenham superado as expectativas. Contudo, as ações da PINS, que fecharam o pregão de segunda-feira a US$ 17,22, acumulam queda de mais de 50% no ano.
A empresa opera uma espécie de mural de recados digital para fotos e ideias de móveis, moda, casamentos, receitas e muito mais, permitindo que os usuários naveguem por “pinos” que fixam imagens ou vídeos. Os usuários podem salvar os pinos em murais personalizáveis, contendo ideias de tudo, desde planos de viagem até receitas de jantar ou listas de compras para o fim do ano.
A gerência do Pinterest acredita que seu atrativo aos anunciantes é bastante diferente em relação ao de outras empresas de redes sociais, pois os usuários visitam seu site com a intenção de fazer uma compra. Isso faz com que a publicidade seja parte inerente da experiência de usuário no Pinterest, e não algo negativo.
Analistas do banco de investimentos Piper Sandler afirmaram, em nota recente, que ambas as ações de redes sociais poderiam enfrentar dificuldades prolongadas com as constantes mudanças do mercado de anúncios digitais, fazendo com que as ações que dependam dessa fonte de renda não sejam boas opções para investidores de olho em sua recuperação. A nota disse ainda:
“Depois de dois fortes anos, os gastos com anúncios digitais estão se normalizando. Os múltiplos do grupo sofreram um declínio e estão cerca de 40% distantes das máximas, mas a história sugere que os múltiplos podem não se recuperar até que o crescimento dos anúncios digitais toque o fundo”.
O Piper Sandler cortou seu preço-alvo da Snap de US$ 30 para US$ 18 por ação. Para a Pinterest, o Piper Sandler cortou seu preço-alvo de US$ 35 para US$ 23 por ação.
Conclusão
Mesmo com a drástica queda do preço das suas ações, é difícil prever um fundo para essas duas pequenas empresas de redes sociais. Em um possível cenário de recessão, seus maiores concorrentes, como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e Meta Platforms (NASDAQ:META), estão em melhores condições de resistir a uma crise econômica.
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