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Política monetária na Terra do Sol Nascente: Desafios contemporâneos no Japão

Publicado 18.11.2023, 13:00
A economia japonesa, apesar de suas exportações notavelmente fracas, parece ter experimentado um período de satisfação da demanda reprimida. Nos últimos três trimestres, observou-se um crescimento aparente na atividade econômica, evidenciado por indicadores robustos e um mercado de trabalho aquecido. Entretanto, sinais de deterioração começaram a surgir, refletidos por uma queda de 0,5% no PIB do segundo para o terceiro trimestre.

Os dados disponíveis apontam para um arrefecimento da demanda interna no Japão, uma faceta notoriamente desafiadora de estimular, dada a presença persistente de problemas crônicos relacionados à estagnação e deflação. Essa estagnação crônica, uma característica que aflige o Japão desde a década de noventa, manifesta-se de maneira tangível nos indicadores econômicos. Além disso, os investimentos em bens de capital enfrentaram perdas, sinalizando uma falta de entusiasmo por parte dos empresários em relação a um potencial ciclo de expansão da produção. Os ciclos de inventário também estão em um ritmo lento, especialmente considerando a cultura "just-in-time" japonesa, na qual a reposição de estoques naturalmente ocorre apenas em resposta à demanda efetiva.

Com o iene fraco, o momento seria do Japão aumentar suas exportações, que possuem um altíssimo valor agregado, com que poderiam causar algum "alívio" nas finanças corporativas, que, observado pelo S&P Global no PMI, não estão diminuindo seus preços para estimular a demanda interna, sintoma antigo do "keiretsu". Porém, as economias globais estão passando por "ondas contracionistas", com políticas monetárias restritivas para arrefecer a inflação subjacente. A Europa e a China, são casos ainda mais singulares, uma passando por uma estagflação e a outra por uma "armadilha de deflação", como foi teorizado por Fischer, evidenciando uma situação adversa para o comércio internacional.
É evidente que o BoJ está apostando todas as suas fichas no "ciclo virtuoso" de aumento dos salários concomitantemente com o aumento de preços, mas, se as finanças empresariais estão sendo pressionadas pela falta de demanda externa, um preço mais alto das commodities e uma demanda interna decrescente, a tendência é de que os salários não aumentem, e ainda mais, é possível que a taxa de desemprego aumente, em linha com a teoria econômica e a Lei de Okun, onde fica evidente a relação inversa que o desemprego possui com o PIB. Pela Lei de Okun (e pelo senso comum), se o PIB cai, o desemprego tenderá a subir, a não ser que os gastos governamentais, de alguma maneira, subsidiem esse déficit, que, evidentemente, dará um "empurrãozinho" na inflação para cima. O próprio BoJ espera uma desaceleração em 2025, principalmente devido a fatores de dissipação da demanda agregada.
Mais uma vez, o BoJ enumera os principais riscos para a economia japonesa em:

1) Manutenção da demanda interna e, evidentemente, para gerar as condições acomodatícias propícias para tal cenário, a condução estrita do YCC (Yield Curve Control).

2) Desenvolvimento dos preços internos, uma vez que se torna insustentável a manutenção da demanda sem uma contrapartida no aumento de renda, "mistura" que pode ser inflamável, correndo o risco de gerar uma espiral inflacionária.

3) Desenvolvimento das economias estrangeiras, e, consequentemente, o retorno das exportações em massa.

4) Desenvolvimento no preço das commodities, e seus impactos subjacentes na demanda global, concomitantemente com a elasticidade de preços e a inflação para o produtor, sendo repassada para o consumidor final.

5) Comportamentos salariais. O BoJ deverá acompanhar de perto as negociações salariais para o próximo ano fiscal, pois todo o planejamento das condições econômicas e monetárias dos formuladores de políticas dependem principalmente da manutenção da demanda interna, que só resistirá às pressões inflacionárias se forem acompanhadas de aumentos salariais.

O BoJ continuará comprando JGBs por taxas fixas de 0,5% a fim de manter a banda entre 0% e 1%. Recentemente, podemos enxergar algumas pressões de participantes dos leilões primários de JGBs exigindo rendimentos mais altos, uma vez que uma taxa baixa demais não atrairia compradores e causaria uma fuga de capital massiva, além de abalar o financiamento direto do governo japonês. Além disso, os participantes dos leilões primários de JGBs, visando manter parte de seu poder de compra, precificaram juros mais altos através dos mesmos leilões, exigindo taxas maiores por conta da deterioração constante do poder de compra do iene. Por isso, o BoJ necessitou adaptar as políticas do seu YCC para atender as necessidades das instituições financeiras participantes do mercado primário, que são, no fim das contas, quem financia o excedente das despesas que o governo japonês não consegue cobrir com a arrecadação de impostos. Abrindo mão da meta, que era do JGB de 10 anos flutuar em torno de 0,25%.

Além disso, o BoJ continuará comprando ETFs e J-REITs, estimulando o mercado imobiliário e de capitais. Operações de Recompra e Suprimento de Fundos utilizando como colateral JGBs continuarão figurando políticas monetárias exequíveis para as metas do BoJ. Outras como: compras de papéis comerciais e acordos de recompra utilizando papéis comerciais poderão ser utilizadas para financiar o setor privado em casos de choques internacionais de oferta ou arrefecimento súbito da demanda interna. O BoJ, porém, descontinuou, assim como o ECB, o seu programa de Asset Purchase Program (APP).

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