A crise energética global é um dos assuntos mais comentados recentemente. Não é à toa. Na última semana, os preços do petróleo saltaram para patamares mais elevados em anos.
O petróleo tipo Brent, que é a principal referência mundial, ultrapassou US$ 84 por barril, a máxima desde o final de 2018. Para se ter a dimensão, em março deste ano, o preço se situava em US$ 67. Já o petróleo dos Estados Unidos (WTI) ultrapassou US$ 80,50 por barril, tocando a máxima desde o fim de 2014.
As projeções de grandes instituições como Goldman Sachs, JP Morgan e Bank of America (BofA) para as cotações da commodity este ano e em 2022 vêm sendo revisadas para cima.
Em relatório divulgado há poucos dias, o BofA avalia que o Brent pode chegar a US$ 100 até o terceiro trimestre do ano que vem.
O que está por trás dessa tendência de alta do petróleo? É uma combinação de fatores, vale eu comentar aqui os principais.
Com o andamento da vacinação contra a Covid-19 e reabertura da economia, a demanda global por petróleo e seus derivados vem aumentando consideravelmente e de forma acelerada.
Do lado da oferta, a retomada costuma ser mais lenta porque não se trata de um “simples botão de ligar” a cadeia produtiva.
Mas um ponto relevante é que, no mundo, está em curso a redução dos investimentos no setor de combustíveis fósseis em prol de energias renováveis.
O impacto disso é grande, para se ter uma ideia, a política ambiental do presidente Joe Biden diz que não serão mais liberadas licenças para explorar petróleo nos Estados Unidos. Por sua vez, a China prometeu neutralizar as suas emissões de carbono até 2060, portanto, está em plena revolução para tornar sua matriz energética mais limpa.
Essa transição para combater o aquecimento global é inexorável e super positiva, porém, não tem se mostrado tão organizada quanto deveria.
Portanto, vigora um desajuste entre a oferta e a demanda de petróleo – puxando os preços para cima.
Alternativas para a carteira
Por isso, nesse contexto de alta na cotação da commodity, vale a pena ter uma exposição em petróleo na carteira de investimentos.
É fato que a economia ainda será dependente do petróleo nos próximos anos – até mesmo pelo timing de desenvolvimento de tecnologias ligadas à economia verde. Se você pensar, a maior parte da população não dirige um carro elétrico.
E, para atingir um volume de energia renovável maior, são necessárias muitas mudanças estruturais como construir hidrelétricas, montar campos com painéis solares, parques eólicos, novos veículos, máquinas, equipamentos etc. O processo produtivo e a logística de grande parte disso ainda necessitará de combustíveis fósseis, incluindo o petróleo.
Aliás, de forma geral, os derivados de petróleo continuarão tendo, ainda por um bom tempo, uma grande participação no transporte de insumos e mercadorias globalmente.
Então, onde investir?
Para aproveitar esse movimento, deve vir logo à sua mente a Petrobras (SA:PETR4). Essa é uma das minhas recomendações nas carteiras que eu conduzo.
A companhia tem se beneficiado do bom momento do petróleo ao redor do mundo.
Falando de seus fundamentos, a Petrobras conseguiu reduzir os custos de produção, diminuiu seu endividamento e tem tocado com sucesso o seu plano de desinvestimentos para se concentrar nos segmentos estratégicos de extração de petróleo e gás.
O BoFA, em seu relatório, espera maiores dividendos da companhia para 2022.
Apesar de tudo isso, existe o eterno receio de ingerência política na Petrobras e nos preços dos combustíveis.
Sendo assim, eu defendo uma pequena posição na Petrobras e, mais do que isso, a diversificação.
Outro caminho bem interessante e muito prático, sem correr risco de intervenção estatal, são fundos de investimento focados em companhias de exploração, refino e distribuição de petróleo, assim como ETFs e contratos futuros da commodity.
Toda crise abre oportunidades; então, é só aproveitá-las.