A criação de 263 mil postos de trabalhos nos Estados Unidos em fevereiro foi a mais alta em quatro anos, ajudando a diminuir a taxa de desemprego para 7.7%, e dando um impulso para que o índice Dow Jones atingisse o maior nível da história. Não custa mencionar que se incluirmos as pessoas “subempregadas” a taxa aumenta para 14.4%, e que a participação da população economicamente ativa está no menor nível desde setembro de 1981, ou 63.5%.
O Banco Central Europeu (ECB) manteve os juros inalterados e reforçou a expectativa de uma recuperação gradual da economia da zona do euro para o fim do ano – embora o PIB da região deva encolher 0.5% em 2013.
Os principais índices de ações fecharam a semana em alta, com destaque para as bolsas europeias que não deram muita atenção para diminuição da nota de risco dos títulos italianos pela Fitch.
As commodities também tiveram movimento positivo tendo o suco de laranja como líder com ganhos de 13.0%, seguido pelos 5.09% do gás natural e 4.69% do açúcar – o primeiro subiu em função de estimativa de safra menor na Flórida.
Na segunda-feira dia 4 de março o café negociado em Nova Iorque subiu bem e fechou em US$ 146.65 centavos por libra, mas devolveu todos os ganhos na terça. Nos três dias consecutivos fechamentos levemente mais altos fizeram com que o contrato encerrasse praticamente inalterado na semana. Londres por outro lado subiu US$ 4.74 por saca e manteve o tom mais forte, já que encontrou pouca venda de origens (diferente do arábica). A arbitragem volta a estreitar para US$ 45 centavos por libra.
A diferença de comportamento entre os dois mercados pode ser parcialmente explicada pelo anúncio do fim da greve dos produtores colombianos, e pela resistência dos produtores vietnamitas em vender seus cafés.
A estratégia do Vietnã de segurar o café para buscar preços maiores, talvez esperando o começo das chuvas, justamente quando os preços estão bem acima do custo de produção, merece atenção. Não apenas devemos lembrar o que aconteceu com o Brasil que viu seus diferenciais se manterem fortes com a subida do terminal e na sequência perdeu participação de mercado para o robusta, mas também é bom ficar atento para a proximidade da safra 13/14 do Brasil e dos estoques que supostamente estão sendo “represados”. Imagine daqui a um mês se a situação das chuvas estiver normal no país (quando de fato começa o período das águas no maior produtor de robusta), com os fundos tendo uma posição comprada grande em Londres, e ao mesmo tempo a maior origem produtora de café do mundo começar a acelerar suas vendas em função dos preparativos para a colheita. Portanto o potencial de alta de Nova Iorque para pegar maiores “stops” de fundos tem “prazo de vencimento” de talvez mais algumas semanas.
Acho improvável que a arbitragem venha abaixo de US$ 40 centavos por libra, o que significa dizer que o vilão até mesmo para Londres pode ser o próprio contrato da ICE. Em outras palavras: ou o robusta na LIFFE consegue logo levar o arábica a forçar cobertura dos fundos vendidos, ou o “C” de tanto ter dificuldade em subir vai acabar escorregando e levando o robusta para baixo.
Claro que se houver de fato uma seca no Vietnã a estória muda, assim como se eventualmente houver algum plano de retenção ou de aumentos de preços mínimos no Brasil que retire café do mercado.
Para não deixar dados estatísticos fora do comentário, a OIC nesta semana previu que o consumo de café no melhor dos cenários será de 173.6 milhões de sacas em 2020, e no pior dos mundos será 158.9 milhões de sacas. Para referência em 2012 a entidade trabalha com um consumo de 142.2 milhões de sacas.
No Brasil as exportações acumuladas de julho a fevereiro estão em 20.39 milhões de sacas, abaixo das 21.51 milhões de sacas da safra anterior, que foi menor do que a corrente. É por isto que o mercado tem poucos altistas de plantão, pois estes crêem que os estoques terão que ser despejado cedo ou tarde, argumento que reforça a necessidade rápida de reação de Nova Iorque.
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.