O mês de agosto manteve a trajetória de enfraquecimento do dólar americano (DXY), reanimando investidores a aumentarem suas exposições em ativos de risco, como as commodities, e mantendo as apostas nos mercados acionários apesar dos inchados múltiplos (por exemplo) das empresas dos Estados Unidos.
Um discurso de Janet Yellen sexta-feira na conferência de Jackson Hole, no estado de Wyoming, deu uma pausa no ímpeto comprador dos gestores de dinheiro, aproximando a expectativa de um aumento dos juros ianques para a próxima reunião do FED, que acontecerá no dia 21 de setembro.
As eleições que definirão se Hillary Clinton ou Donald Trump presidirão a maior economia do planeta talvez seja uma influência que eventualmente segure os oficiais, do equivalente COPOM brasileiro, a deixar para Dezembro o incremento do custo do dinheiro, pois fora isso os indicadores de desemprego e até mesmo o objetivo inflacionário já credenciam para o recomeço da normalização dos juros.
O café em Nova Iorque ficou pressionado durante grande parte do período de rolagem de posições antes do começo do período de entrega do contrato de setembro de 2016, recuperando fortemente em poucas sessões e se mantendo dentro do intervalo de US$ 135 a US$ 150 centavos por libra desde meu último comentário.
O comportamento disciplinado de (falta de?) vendas dos produtores brasileiros em uma safra que tinha um recorde de pré-comercialização juntamente com a produção baixa de conilon não param de fazer sangrar os participantes que estãoshort (vendidos) diferenciais, refletindo em um menor fluxo de exportação que se for mantido forçará os importadores internacionais a ajustarem suas idéias de compras.
O pico da entressafra dos cafés suaves da Colômbia e da América Central também ajuda a tornar o spot (cafés disponíveis no destino) mais atrativo para quem precisa de café e quer aguardar a entrada da safra em outubro, que coincidirá com as primeiras indicações do que pode ser a safra 17/18 no Brasil.
Chuvas que andaram molhando os cafezais na principal origem durante os últimos dias prematuramente indicam a abertura de florada em algumas regiões, segundo comentaram alguns de nossos leitores. Resta saber a dimensão do evento e se haverá um padrão ideal meteorológico para começarem as estimativas/expectativas de produção para o próximo ano.
Por ora os agentes compartilham a percepção de que o arábica inevitavelmente produzirá menos depois de um ano grande de produção. Preocupante e de característica explosiva para os preços dos terminais são as condições do conilon, que vem de um ano muito baixo de produção com árvores que sentiram demais a seca e precisam de chuva no Norte do Espírito Santo para não repetir o aperto vivido no atual ciclo. Ainda não é generalizada a opinião de que o conilon voltará a decepcionar em 17/18 e, em minha opinião, este pode ser o próximo capítulo importante para finalmente empurrar os preços para novos níveis.
Os torradores, considerando o Commitments of Traders, não parecem estar preocupados, esperando por uma baixa que virá caso os produtores brasileiros decidam vender mais café após uma eventual boa florada ou aguardando por uma pressão vendedora de outras origens – que historicamente não pressionam tanto assim os preços. Talvez a melhor aposta seja da retomada da força do dólar, esta sim podendo fazer com o mercado o que vimos o ano passado – firmeza do dólar pressionando commodities em geral.
A posição dos comerciais bruto-comprada – leia-se hedgers que compram e/ou torram café – está no menor nível em dois anos – motivo do comentário do parágrafo anterior.
A semana que se inicia é a última das férias de verão do hemisfério norte, com o feriado da primeira segunda-feira de setembro (Labor Day) marcando o fim simbólico da estação e o começo do ano-letivo.
As mesas de operações das tradings e torrefadores também voltarão a ter seus times completos de traders. Com a cabeça descansada e um panorama que não se concretizou do retorno dos preços dos terminais para baixo de US$ 130.00 centavos, novos exercícios serão feitos para a definição dos orçamentos para o ano calendário de 2017, tendo provavelmente a confirmação da saída de Dilma Rousseff já definida e esperando que os eleitores americanos não cometam o mesmo erro de colocarem no poder alguém despreparado como já vimos acontecer no Brasil em 2002 quando todos estavam cansados do status-quo.
O contrato “C” precisa quebrar US$ 150.00 centavos para atrair novas compras ou romper US$ 135.00 para fazer com que os fundos liquidem um pouco mais de suas posições compradas.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,