- Mercado direciona o foco para o longo prazo da Tesla, em meio ao aumento da concorrência e margens mais apertadas;
- Surpresas positivas na receita, parcerias e créditos regulatórios podem compensar menores margens no 1º semestre;
- Produção recorde da Tesla no 2º tri levanta dúvidas em relação à sustentabilidade das vendas e potenciais riscos.
- Aumento do custo das receitas:
- Custo elevado de mão de obra:
- Aumento das despesas com juros:
Quando a Tesla (NASDAQ:TSLA) divulgar seus resultados do segundo trimestre amanhã, o mercado estará mais focado nas perspectivas de longo prazo para a companhia, como aumento da concorrência e margens mais estreitas, do que nas implicações de curto prazo envolvendo custos maiores para o aumento da receita.
Isso significa que, assim como ocorreu no 1º tri, uma surpresa negativa no lucro por ação (LPA) pode acabar sendo compensada pela mensagem de que, apesar dos desafios ainda presentes em 2023, um futuro promissor em 2024 está no horizonte.
De fato, a expectativa é que a Tesla registre uma queda de 13% nos resultados do ano fiscal de 2023, porém muitos ainda alimentam o otimismo de que a empresa terá uma forte recuperação no exercício seguinte, com um aumento projetado de 33% no LPA, atingindo US$ 4,70. Além disso, espera-se que as vendas totais da empresa tenham um forte crescimento, avançando 23% este ano e mais 25% em 2024, chegando a um valor estimado de US$ 125,81 bilhões.
Analistas esperam que a gigante dos veículos elétricos sediada em Austin demonstre que conseguiu melhorar seu mix de receitas no segundo semestre fiscal, sinalizando maior resiliência em relação a uma possível desaceleração da economia global.
Fonte: Counterpoint Analysis, Tesla
Nesse sentido, uma surpresa positiva na receita das vendas de carros, bem como notícias positivas envolvendo parcerias para suas estações de recarga e uma diminuição gradual da receita de créditos regulatórios podem ofuscar uma provável contração das margens em 2023.
A Tesla anunciou na segunda-feira que produziu o primeiro Cybertruck em sua fábrica de Austin, o que ajudou a evitar uma queda mais profunda nas ações. Os investidores ficarão atentos aos planos de produção e às estimativas para o SUV futurista durante a teleconferência de resultados.
Com uma estimativa conservadora de LPA de 0,82, os operadores que apostam na queda das ações da companhia estão cautelosos com o relatório de amanhã. No entanto, diante da possibilidade de uma surpresa positiva e da diminuição gradual das margens, é pouco provável que ocorram movimentos significativos pós-balanço.
Fonte: InvestingPro
Como o mercado precifica um futuro melhor em 2024, na esteira da melhora das condições financeiras, as apostas de queda – ainda que corretas do ponto de vista dos fundamentos – podem acabar custando caro.
Mas, se este não é o melhor momento para operar vendido na Tesla, apesar do seu múltiplo de 78x, será que é uma boa hora para comprar a ação? Para responder a essa questão, vamos analisar mais a fundo os fundamentos da companhia com o InvestingPro.
Tesla é capaz de manter o recorde de produção?
A Tesla fabricou um recorde de 479.700 veículos no segundo trimestre e conseguiu melhorar significativamente as entregas, totalizando 466.140 unidades no período, o que representa um aumento de 83% em relação ao mesmo período do ano passado e um crescimento de 10% em relação ao trimestre anterior.
No entanto, esses resultados vieram acompanhados de margens menores, com uma previsão de diminuição da margem bruta para 17,5% em relação ao trimestre anterior, após uma queda de 10% no primeiro trimestre.
Fonte: InvestingPro
Apesar disso, os analistas antecipam que as receitas do segundo trimestre da Tesla possam superar a cifra consensual de US$ 24,68 bilhões.
Além disso, a expectativa é que o Cybertruck, que tem previsão para iniciar a produção em setembro, possa gerar cerca de US$ 7-8 bilhões em receitas anuais, caso alcance uma participação de mercado de 10% no segmento de picapes nos EUA.
Já os Semi Trucks poderiam contribuir com aproximadamente US$ 12,5 bilhões em receitas anuais, considerando a meta de produzir pelo menos 50.000 unidades por ano.
Apesar dessas projeções de crescimento sólido, não se podem ignorar os riscos, como uma possível desaceleração na demanda, aumento da concorrência e questões regulatórias.
Além disso, a produção do Model 2 continua atrasada. Quaisquer novidades nessa área podem ser outro catalisador potencial para o crescimento da empresa.
Fundamentos
Os resultados do primeiro trimestre de 2023 da Tesla mostram uma receita total de US$ 23,3 bilhões, representando um aumento de 24% em relação ao ano anterior.
Fonte: InvestingPro
No entanto, a margem bruta da empresa, de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos (GAAP), caiu quase dez pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2022, e seu fluxo de caixa livre diminuiu 80% em relação ao ano anterior. Além disso, a margem de EBITDA da empresa também se recuperou após atingir o pico recentemente.
Fonte: InvestingPro
Isso se deve principalmente a alguns fatores simultâneos, como:
Fonte: InvestingPro
Fonte: InvestingPro
Fonte: InvestingPro
À medida que nos aproximamos dos resultados do segundo trimestre, os bancos de Wall Street reduziram seus preços-alvo para a Tesla em resposta a esses números. Com isso, houve 20 revisões negativas do LPA nos últimos 90 dias e apenas duas positivas.
Por outro lado, no relatório para investidores do primeiro trimestre, a Tesla observou que, apesar das reduções de preço em seus veículos, está focada na alavancagem operacional, à medida que expande e espera redução contínua de custos.
Essa estratégia não é nova e foi utilizada por empresas como a Domino's Pizza na década de 1970 e a Apple (NASDAQ:AAPL) nos primeiros dias do iPhone. Essas empresas buscavam compensar a redução nas vendas unitárias com o aumento dos volumes. No entanto, ao contrário dos clientes da Domino's ou da Apple, que podem se tornar consumidores frequentes, os clientes da Tesla geralmente não compram carros novos com tanta frequência.
Os investidores devem estar cientes de que as margens da montadora podem continuar tendo contração no curto prazo, o que pode limitar a capacidade de investimento em novos produtos e serviços.
Portanto, será fundamental entender como a queda no fluxo de caixa está afetando o crescimento de longo prazo da empresa nos próximos trimestres.
Aspectos técnicos e preço-alvo
De acordo com o InvestingPro, a Tesla possui todos os atributos corretos para continuar crescendo no futuro próximo, exceto pelo seu momentum de preço. Por isso, os analistas preveem uma queda de 10% em relação aos níveis atuais.
Fonte: InvestingPro
Essa mesma questão é refletida no índice de Saúde Financeira da ação. Embora todos os indicadores apontem para uma perspectiva positiva para a empresa, o valor relativo possui a pontuação mais baixa possível, 1.
Fonte: InvestingPro
Do ponto de vista técnico, o IFR de 14 dias da Tesla está em um valor muito alto de 73,80, o que indica que a ação está em território de sobrecompra.
Fonte: InvestingPro
Conclusão
Embora seja provável que os resultados da Tesla amanhã não pareçam tão positivos em comparação com o trimestre anterior, os detalhes podem contar uma história muito diferente para a ação no longo prazo. Nesse sentido, os investidores devem manter uma visão ampla ao tomar qualquer decisão com base no relatório de resultados.
Não há dúvida de que a Tesla é uma ação supervalorizada. No entanto, está em uma posição favorável para manter o impulso positivo no longo prazo, desde que continue demonstrando melhorias na eficiência. Apostar contra Elon Musk quando as condições financeiras estão melhorando mostrou ser um jogo muito perigoso no passado e provavelmente continuará sendo no futuro próximo.
Uma queda em direção à faixa inferior dos US$ 200 pode sinalizar uma oportunidade de compra para aqueles que estão dispostos a enfrentar as oscilações do mercado.
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Aviso: O autor não possui ações da Tesla.