Prévia do Fed: Powell enfrenta dilema em meio à guerra comercial de Trump

Publicado 07.05.2025, 11:04
  • Reunião de maio do Fomc ocorre em um momento delicado para os mercados.
  • Embora a manutenção dos juros seja amplamente esperada, os investidores estarão atentos às declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de sinais sobre possíveis cortes de juros e sua leitura sobre a inflação.
  • A comunicação do Fed influenciará as expectativas do mercado e o posicionamento dos investidores.
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O Federal Reserve enfrenta um clássico “cenário de perde-perde” na reunião do Fomc (Comitê de Política Monetária dos EUA) desta semana, à medida que as novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump criam um desafio delicado de equilíbrio entre os riscos inflacionários e a desaceleração do crescimento.

A expectativa predominante é de que o banco central norte-americano mantenha os juros inalterados ao fim da reunião desta quarta-feira, enquanto monitora atentamente os impactos das tarifas tanto sobre a inflação quanto sobre o mercado de trabalho.

Divergências internas começam a emergir entre os membros do comitê, acentuando o dilema de política monetária que deve dominar as discussões. A grande questão para os formuladores de política é se os aumentos de preços induzidos pelas tarifas serão transitórios ou persistentes.

Essa diferenciação é decisiva para a condução da política monetária. Os dirigentes do Fed demonstram preferência por aguardar sinais mais claros de deterioração econômica antes de iniciar cortes nos juros, preservando a credibilidade do combate à inflação em detrimento de estímulos de curto prazo.

Expectativas para a reunião de maio

Segundo o Investing.com, a taxa básica deve ser mantida na faixa de 4,25% a 4,50%, com 96% de probabilidade atribuída à estabilidade, de acordo com o Fed Monitor Tool, reforçando a estratégia de aguardar por dados mais conclusivos.

No comunicado, o Fed deve reiterar o aumento da incerteza sobre o cenário econômico e manter o foco nos riscos tanto para a inflação quanto para o emprego. É provável que a autoridade reconheça a queda na confiança do setor privado e destaque os riscos inflacionários e de crescimento associados às tarifas, ainda que o mercado de trabalho permaneça sólido.

Na condução do balanço patrimonial, o Fed já reduziu o ritmo de aperto quantitativo (QT), diminuindo a rolagem mensal de títulos do Tesouro para US$ 5 bilhões desde abril, ante US$ 25 bilhões anteriormente, mantendo os US$ 35 bilhões em títulos hipotecários. Novas alterações não são esperadas nesta reunião.

Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, deve adotar um tom cauteloso, evitando compromissos firmes sobre cortes de juros e reforçando a dependência de dados. Mudanças no tom — seja mais duro ou mais acomodatício — podem mexer com os mercados.

Temas centrais a acompanhar

  • Impactos das tarifas: o Fed avalia os efeitos inflacionários das políticas comerciais de Trump, que tendem a elevar os preços de importação e, ao mesmo tempo, pressionar o crescimento. Os comentários de Powell sobre a possibilidade de "ignorar" a inflação tarifária, como sugerido pelo diretor Christopher Waller, serão decisivos.
  • Cronograma de cortes: as projeções de março indicavam dois cortes de 25 pontos-base até o fim do ano, mas o mercado vê julho como o primeiro momento provável para uma redução, com 68% de chance. Alguns analistas projetam três cortes, nos meses de junho, setembro e dezembro, caso a desaceleração econômica se intensifique.
  • Autonomia do Fed: a pressão política da administração Trump por juros mais baixos levanta preocupações sobre a independência da autoridade monetária. Sinais de enfraquecimento dessa autonomia por parte de Powell podem gerar instabilidade nos mercados.

Implicações para o mercado

O ambiente é de expectativa elevada, especialmente se os comentários de Powell divergirem do que está precificado. A postura cautelosa do Fed indica que os juros devem permanecer elevados por mais tempo do que o mercado vinha projetando.

Esse cenário pode penalizar ações de crescimento e setores sensíveis a juros, ao mesmo tempo que tende a favorecer o dólar.

Diante disso, investidores devem considerar algumas estratégias para navegar esse ambiente volátil:

  • Diversificação da carteira: alocar recursos entre ações, renda fixa, commodities e investimentos alternativos pode ajudar a reduzir perdas durante movimentos bruscos do mercado.
  • Ativos de proteção: aumentar a exposição a ativos de refúgio, como ouro e outros metais preciosos, pode oferecer proteção contra incertezas. O ouro tem se valorizado diante do cenário atual.
  • Aproveitar correções: apesar da instabilidade recente nas ações de tecnologia, o setor mantém fundamentos sólidos para o longo prazo. Identificar empresas com bons indicadores pode gerar oportunidades atrativas quando o mercado se estabilizar.

Considerações finais

A reunião de maio do Fomc não deve trazer mudanças abruptas, com manutenção dos juros como base do cenário. A coletiva do presidente Jerome Powell será o grande destaque, com o mercado buscando sinalizações sobre a resposta da autoridade monetária às tarifas, à inflação e à possível desaceleração econômica.

Em meio a esse ambiente de incerteza, o Fed segue tentando equilibrar seu duplo mandato com as pressões externas cada vez mais presentes.

***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.

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