Os preços de soja e derivados caíram no Brasil em fevereiro como consequência do avanço na colheita, que elevou a disponibilidade do grão no mercado interno. Houve divergência entre os preços ofertados e pedidos. Enquanto vendedores limitaram as vendas, apoiados na comercialização antecipada de mais da metade da produção, compradores estavam de olho na grande oferta que o Brasil deve ter nesta temporada e propuseram valores menores. Ao mesmo tempo, os valores na primeira quinzena de fevereiro incentivaram sojicultores a fixar preços já para a safra 2016/17, principalmente para março do ano que vem.
No campo, as precipitações no decorrer do mês, além de terem interrompido a colheita no Brasil, geraram preocupações quanto a doenças e também quanto ao impacto nas lavouras prontas para a colheita. O excesso de umidade elevou o número de fungos e produtores temeram por grão ardido, principalmente nas regiões do Sul do Brasil, onde as chuvas foram mais intensas.
Até fevereiro, foram 443 focos de ferrugem asiática no Brasil, ante 400 na safra 2014/15 e 404 na 2013/14, segundo o Consórcio Antiferrugem da Embrapa. Na atual temporada, foram registrados 121 focos no Paraná, 118 no Rio Grande do Sul, 71 em Goiás e 64 em Mato Grosso do Sul. Em toda a safra passada, foram 90 focos no Paraná, 118 no Rio Grande do Sul, 51 em Goiás e 19 em Mato Grosso do Sul.
As chuvas também atrapalharam os carregamentos nos portos. Atrasos no carregamento do milho no porto de Paranaguá também impactaram nos embarques da soja em grão em fevereiro. Registros de line-up apontavam quantidades expressivas a serem embarcadas nos próximos meses.
Mesmo com os problemas logísticos nos portos brasileiros, os embarques foram significativos no mês, com maior movimentação nos portos de São Paulo (Santos) e Paraná (Paranaguá). Em fevereiro, foram embarcadas 2,036 milhões de toneladas de soja em grão, ante apenas 868,65 mil toneladas em fevereiro/15, conforme dados da Secex. O preço médio recebido pelas vendas externas de soja em grão foi de US$ 21,06/sc – em Reais, foi de R$ 83,68/saca de 60 kg (considerando-se o dólar mensal a R$ 3,97), 57,32% a mais que a média de fevereiro/15, mas 8% inferior à de janeiro/16.
De farelo de soja, o país embarcou 838,2 mil toneladas em fevereiro/16, quase 30% menos que em janeiro, mas 22,3% acima do embarcado em fevereiro/15. O preço médio das vendas do farelo foi de R$ 1.331,92/tonelada no mês, em termos nominais, elevação de 7,84% se comparado ao de fevereiro de 2015, mas 7,4% abaixo de janeiro/16.
As exportações de óleo de soja totalizaram 44,3 mil toneladas em fevereiro/16, 35,2% abaixo das de janeiro/16 e 55% menores que as de fevereiro/15, ainda conforme a Secex. Mesmo assim, o preço médio recebido pelas vendas externas de óleo foi de R$ 2.726,39/tonelada, 28,5% superior ao recebido há um ano e 2,4% mais que em janeiro/16.
É importante ressaltar que a Abiove estima aumento na produção do biocombustível em 2016, visto que há espaço para crescimento na produção de óleo de soja. No mercado brasileiro, o Cepea observou que os fechamentos de contratos de óleo de soja estiveram bem aquecidos, principalmente para entregas em abril e maio de 2016.
Em relação aos preços, segundo dados do Cepea, na média das regiões acompanhadas, o valor recebido pelo produtor em fevereiro esteve 1,9% inferior à média de janeiro, em termos nominais. No mercado disponível, a desvalorização média do grão foi de 6,2%; para o farelo, a queda foi de 7,4% e para o óleo, de 5,4%.
O Indicador Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, na condição transferido corredor de exportação e/ou sobre rodas no porto, na modalidade spot, recuou 5,9% de janeiro para fevereiro, a R$ 77,83/sc de 60 kg. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos na BM&FBovespa (SA:BVMF3)), o Indicador registrou média de US$ 19,59/sc de 60 kg em fevereiro, 4% inferior ao mês anterior. No mesmo intervalo, o dólar cedeu 2%, a R$ 3,973. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve queda de 6,6% no mês, a R$ 73,32/sc em fevereiro.
Nos Estados Unidos, os preços também cederam influenciados por expectativas de maior oferta na América do Sul. Na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro vencimento da soja em grão registrou média de US$ 8,7125/bushel (US$ 19,21/sc de 60 kg) em fevereiro, 1% inferior à de janeiro. Para o farelo de soja, o primeiro vencimento teve média de US$ 264,33/tonelada curta (US$ 291,37/t), baixa de 1,9% na mesma comparação. Já para o óleo de soja, o mesmo vencimento avançou 4,1% no mês, a US$ 0,3116/lp (US$ 686,95/t).
