O mercado físico de açúcar na exportação teve alguns negócios para este final de safra e também um bom volume para a safra do ano que vem. Nada de muito especial, mas um volume em torno de 50.000 toneladas. Os negócios com embarque para dezembro foram efetuados com desconto de 75 pontos mostrando que o mar não está para peixe, ou seja, a demanda continua desse tamainho.
Como o vencimento março de 2015 em NY fechou nesta sexta-feira a 16.11 centavos de dólar por libra-peso, isso quer dizer que açúcar para embarque dezembro foi negociado abaixo do custo de produção que, de acordo com nosso modelo, é de 15.70 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos, representando um prejuízo aproximado de US$ 7.50 por tonelada tomando como base um custo médio de produção das usinas. Açúcar para o mercado interno apresenta melhor retorno, seguido do anidro e hidratado.
A semana foi um pouco melhor para o açúcar no mercado futuro. NY apresentou alta entre 6 e 27 pontos, ou seja, um ganho entre 1.50 e 6.00 dólares por tonelada na semana. Quem conseguiu aproveitar os picos de alta do dólar em relação ao real e fazer contratos a termo de moeda para entrega futura, os chamados NDF, conseguiu fixações equivalentes em reais por tonelada a preços bem acima do que vistos nos últimos 2-3 anos. No entanto, com a provável definição do ministério da fazenda, o dólar já recuou nesta sexta para 2.5220.
Trazidos a valor presente pelos juros do BC, uma fixação para março de 2016 (a última ponta da safra 2015/2016) ainda está acima de R$ 1.000 por tonelada. Essa parece ser uma boa alternativa de fixação para as usinas pois qualquer espasmo que possa haver no mercado de açúcar em NY por razões fundamentalistas, afetará muito mais os meses com vencimento mais curto do que os com vencimento mais longo. Os valores médios para fixação na 2015/2016 ajustados para valor presente estão em torno de R$ 950 por tonelada equivalente FOB.
O spread março/maio 2015 abriu um pouco mais e negocia a 36 pontos, apontando um carrego equivalente a 14.15% ao ano.
De acordo com o modelo desenvolvido pela Archer Consulting, o volume fixado pelas usinas para a safra 2015/2016 é de 4.87 milhões de toneladas até o dia 31 de outubro de 2014, com o preço médio de 17.91 centavos de dólar por libra-peso. O valor representa o equivalente a R$ 968.66 por tonelada FOB Santos, com o dólar médio de 2.3579. Comparativamente ao mesmo período da safra anterior houve uma queda de volume fixado. O ano passado tínhamos mais de 6.6 milhões de toneladas fixadas ao preço médio de 17.70 centavos de dólar por libra-peso, com o dólar médio de 2.2802, ou R$ 925.82 por tonelada
Os valores assumidos de crescimento de consumo de combustível no País, sendo bastante conservador, ou seja, usando uma taxa de incremento anual de apenas 2% comparativamente a nada menos do que 7.36% que foi a média verificada nos últimos 5 anos, o Brasil vai precisar moer até a 2019/2020 uma quantidade adicional de 142 milhões de toneladas de cana. Há de se mudar muito a política atual do governo federal para que possamos assistir a essa virada. Como convencer novos investimentos que deverão somar quase US$ 25 bilhões com a falta de credibilidade desse governo que está aí.
Apesar do recente aumento, a gasolina na bomba continua defasada de acordo com os cálculos da Archer. O valor justo do preço da gasolina na bomba é de R$ 3.194 por litro ou seja acima do valor médio do Sudeste na semana de 09 a 15 de novembro que foi de R$ 2.965 por litro. A Petrobras precisaria dar um aumento de 10% na refinaria.
A revista Veja desse final de semana traz matéria de capa mostrando com exclusividade um email enviado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para Dilma, em 2009, indicando que ela e Lula ignoraram alertas sobre irregularidades em obras da Petrobras que agora são objeto de investigação pela Policia Federal. Cada dia o lamaçal fica mais espesso.