Hoje completa um mês exato desde que fui à última vez ao médico do convênio. Normalmente, tolero calado este tipo de coisa, mas aquela situação foi demais para mim. No momento preciso em que eu cruzava a porta do consultório, ainda quando entrava com meu pé direito na sala e mantinha a outra perna para fora, o sujeito já preenchia minha receita.
Eu nem sequer havia cumprimentado o doutor e ele passava a prescrição, sem nenhuma avaliação ou consulta. Não resisti e disparei: - Doutor, o senhor me desculpa, mas esta daí é a minha receita? Eu ainda nem fiz ‘aaaaa’. O senhor não olhou a minha garganta...
Ele rapidamente esclareceu: - Não, não, caríssimo. Fique tranquilo. Esta prescrição aqui é do próximo paciente. A sua já tá pronta faz tempo. Pode levar. Pega aqui, ó. Não dá pra fazer medicina com esta pressa e superficialidade. Investimento também não. É por isso minha perplexidade com a falta de profundidade em Finanças. Se você pegar a maior parte dos livros sobre ações, vai ver lá uma clivagem clara: “existe o value investing” e “tem o growth investing”.
Daí, o autor vai falar de como Benjamin Graham procurava valor em informações já disponíveis e públicas. Importariam somente o passado e o presente. Além de Graham, Warren Buffett estaria citado como expoente da Escola de Valor. E, do outro lado, Philip Fisher entraria como o representante máximo da aposta em crescimento. De como o futuro poderia agregar valor a partir da identificação de vantagens competitivas claras de longo prazo.
Então, se Graham não combina com Fisher, como pode o próprio Warren Buffett ter se autodefinido como 85% Graham, 15% Fisher? Filosoficamente, growth não é diametralmente oposto a value. Fisher apenas absorveu a noção de Graham de valor intrínseco e acrescentou que, sendo esse associado aos ativos da empresa, também deveria variar com o tempo. Era óbvio. A firma também é uma entidade vida e muda com o caminhar das coisas.
Veja, por exemplo, que Buffett estaria, segundo estudo conduzido pela American University, ainda mais ligado a Fisher do que a Graham. De acordo com os autores, os retornos superiores gerados pela Berkshire Hathaway entre 1976 e 2006 viriam mais de crescimento do que propriamente em valor.
Eu não gosto de colocar as pessoas em caixa. Não quero polemizar e dizer que Buffett é growth, não value – a rigor, ele é muito mais complexo e plural do que qualquer definição. Apenas quero defender a possibilidade do futuro também agregar valor. De como o crescimento pode representar forte explosão das cotações em Bolsa – possivelmente as maiores multiplicações. Pegue o que aconteceu com Hering, por exemplo. Em poucos anos, a ação saiu de R$ 2 para flertar com os R$ 50.
Fundamos a Empiricus no final de 2009 e não pudemos surfar toda esta onda. Pegamos uma parte boa dela. Abrimos recomendação de compra da ação a R$ 13,79 e observamos uma parcela da multiplicação. Com Hering no passado, agora estamos interessados nas próximas. Quem pode assumir padrão semelhante? Fizemos relatório especial identificando três empresas que reúnem importantes vantagens competitivas de longo prazo e enorme potencial de crescimento. Exatamente aquelas que podem passar por multiplicação de valor nos próximos anos.
A série Investidor de Valor, com a devida profundidade, também pode ser acompanhada via assinaturas. Essa é a receita de hoje. PS.: Terceira edição gratuita do VIDA PRO nesta quarta-feira. Começa logo abaixo. Segue aquele racionalzão de sempre: ideias de trade, direto ao ponto, sem frescura. Ontem, avisamos que, para manter um nível saudável de diálogo com a base de clientes, limitaremos o produto a um máximo de 1.000 assinantes. Vai ser de graça até sexta, mas as reservas estão voando. Ontem, 216 pessoas já fizeram a pré-venda. Se você já quiser guardar seu lugar, basta mandar um email para investidor@empiricus.com.br.
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Bolsas subindo lá fora e aqui também. Nomeação da pomba Janet Yellen e bons resultados de Alcoa trazendo de volta o bom humor, depois das bolsas norte-americanas baterem o menor nível em um mês. Yellen é a representação de continuidade da farra da liquidez por algum tempo ainda. Por aqui, destaque para o IPCA de setembro, que subiu 0,35%, basicamente em linha com as projeções. Sem surpresas, Copom deve mesmo subir a Selic em 50 pontos. Isso está dado e não muda o jogo para ninguém. Legal é acompanhar os comentários que podem sugerir os próximos passos de Tombini, se a última reunião do ano vai trazer mais 25 ou 50. Nessa ai, boa proteção em empresas com muito caixa ou pouco alavancadas (Grendene e Grazziotin, por exemplo), e má notícia para quem tem muita dívida (Marfrig, PDG, Brookfield e por ai vai).
IDEIAS DE TRADE
+ AMBV (compra)
Reiteramos a compra das ONs de Ambev, que vinham flertando com os R$ 88 no fim de setembro e rapidamente caíram para R$ 83. Pessoal preocupado com 3T13, num misto ainda de baixo crescimento e alta inflação - como se o management não estivesse acostumado a lidar com esse tipo de cenário… Tem muito growth ainda pra colher fora do Sudeste e junto às classes D/E.
+ GGBR (compra)
Gerdau subindo de novo ontem com as demais siderúrgicas, ultrapassando a casa dos R$ 17. Empresa pronta para atuar em aços planos no Brasil, bem posicionada como call de dólar e se aproveitando enfim da melhora do outlook nos EUA. Se Alcoa mandou bem na estreia de earnings release nos EUA, achamos que GGBR também vai representar à altura no Brasil no 31 de outubro.
+ DIRR (compra)
Direcional soltou a prévia do 3T13, com lançamento de 780 milhões, bastante concentrado em MCMV Faixa 1 (como de praxe). Vendas de R$ 642 milhões cresceram 15% YoY. Velocidade de Vendas deu uma caída, mas ainda em linha com o histórico. Bom volume de entregas sugere mais geração de caixa. Em geral, gostamos dos números.
+ BEEF (compra)
Minerva perdendo 12% em 30 dias, num misto de recuo do dólar e suspensão russa às importações de carne. Impacto cambial não é tão material, R$ 2,20 continua sendo bom para as exportações da empresa. Quanto à suspensão russa, o management de Minerva está acostumado com esse tipo de protecionismo; basta realocar demanda russa para outras unidades habilitadas. Papel bem barato na casa dos R$ 9.
+ Smiles (neutro): Smiles comprou 25% da Netpoints, empresa de fidelidade concentrada no estado de SP que agrega 3,5 milhões de usuários ao programa (e 100 parceiros comerciais), por R$ 25 milhões. Negócio importante para dar escala ao programa, que ultrapassa Multiplus em número de participantes (12,8 milhões contra 11,3 milhões de MPLU ao final do 2T13), mas com baixa visibilidade quanto ao valuation pago. Smiles carrega a opção de comprar o controle da Netpoints ao final de 2018, pela média entre o valuation pago nessa primeira tranche e um múltiplo de 12x earnings exercício corrente (2018).
Aquisição é uma forma relativamente barata dar amplitude a um negócio cujo principal mote está na captura de externalidade de rede. Ainda assim, modelo mais consolidado, melhor track record de resultados, possibilidade de destrava de valor a partir do endereçamento do problema de riqueza de caixa e diferenciais estruturais de MPLU sobressaem (como a exposição da base de custo a Latam versus GOL e o modelo de contrato com bancos e a aérea mais consolidado). Reforçamos a recomendação long MPLU3 & short SMLE3.
+ Ideiasnet (compra)
Apenas um feedback rápido sobre IDNT. Demos call ontem e disparou 6,49%. Vale a pena a compra ainda. Risco-Eike pesou muito mais do que isso. Justiça é pelo menos, pra começar, voltar a R$ 2/ação.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.