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Qual é o Melhor Título de Renda Fixa?

Publicado 22.04.2022, 14:37

Você já deve ter se questionado: qual é o melhor título de renda fixa?

A escolha do título de renda fixa envolve três decisões.

Essas decisões devem seguir uma ordem correta, que está descrita a seguir:

  1. Qual é o indexador? Prefixado, Pós-fixado ou IPCA+?
  2. Qual é o vencimento? Curto, médio ou longo prazo?
  3. Qual é o emissor? Governo, bancos ou empresas?

Não adianta você querer escolher o título começando pelo emissor. Não vai dar certo. A decisão tem que ser tomada nessa ordem específica.

Hoje vou falar sobre como eu vejo cada uma dessas variáveis e como eu chego à recomendação final de qual o melhor título de renda fixa para o momento atual.

  1. Qual é o indexador?

Sabemos que temos três tipos de títulos no mercado.

Os prefixados, que são aqueles que têm uma taxa específica, por exemplo, 12 por cento.

Os pós-fixados, que são aqueles atrelados à Selic ou ao CDI (que hoje são praticamente a mesma coisa).

E os indexados à inflação, que são aqueles que rendem IPCA + uma taxa, por exemplo, IPCA + 5 por cento.

Cada um desses títulos vai se comportar de uma maneira totalmente diferente dado o cenário macroeconômico.

Certos títulos, como os prefixados, vão render muito mais em épocas de queda nas taxas de juros. Já outros, como os pós-fixados, vão render cada vez mais em um ciclo de alta dos juros.

Se você investir em um título que se beneficia de um ciclo de queda durante um ciclo de alta, você pode inclusive ter prejuízo nos seus investimentos de renda fixa.

Quando eu reconheço a existência desses três indexados e reconheço que cada um performa bem em um determinado momento, automaticamente vem a pergunta que não quer calar:

Em qual momento estamos?

Se você já se fez essa pergunta, ou se faz essa pergunta constantemente, parabéns! Você já pode se considerar um investidor profissional.

Você ficaria surpreso se soubesse o número de pessoas que investe em renda fixa pensando dessa forma. A maioria compra a maior taxa sem saber a importância de escolher o indexador correto.  

Marilia, afinal, qual é o momento atual?

O momento atual é um cenário de inflação ainda muito alta, que está surpreendendo a autoridade monetária e nos mantendo em um ciclo de alta da Selic.

Ainda não podemos vislumbrar até onde a Selic vai porque ainda não estamos conseguindo afirmar até onde a inflação vai. Achávamos que o IPCA de março iria mostrar uma melhora nos preços que não mostrou.

O próprio Banco Central reconheceu que talvez não dê para parar o ciclo em +12,75 por cento.

Ou seja, não é hora de ficar tentando “caçar o topo” das taxas. É o momento de ter um título que se beneficia desse cenário de Selic cada vez mais alta, e esse título é o pós-fixado.

Além disso, estamos em ano eleitoral, que também prejudica a volatilidade das taxas e as perspectivas fiscais.

Sem contar que estamos tendo uma onda inflacionária no mundo, também jogando os países em um ciclo de alta de juros, pressionando nossas taxas aqui também para cima.

Ou seja, eu evitaria ao máximo títulos que dessem prejuízo quando as taxas sobem, como os prefixados ou IPCA+.

2. Qual é o vencimento?

Já tomada a decisão do indexador, vamos para a decisão do vencimento.

Quando estamos em um pós-fixado, o vencimento do título é um pouco mais indiferente, pois não importa o vencimento se todos eles vão render o CDI ou a Selic do momento atual.

Ou seja, teoricamente, você poderia investir em qualquer vencimento.

Mas...

Eu prefiro estar exposta aos títulos mais curtos possíveis.

Como estamos em ano de eleições, é bem possível que oportunidades surjam no meio do caminho, seja porque a bolsa ficou muito barata, seja porque as taxas de juros subiram muito.

Nesse caso, se minha carteira de investimentos estiver muito travada com vencimentos longuíssimos, eu não vou conseguir fazer nenhuma mudança nem aproveitar as boas oportunidades que aparecerem.

Então ter uma boa parcela em título com liquidez diária é uma boa ideia para o momento atual.

3. Qual é o emissor?

Tomada a decisão do indexador e do prazo, vamos para a decisão do emissor.

Mas por que ela não pode ser tomada antes?

Simplesmente porque nem todos os emissores têm disponível o tipo de título que precisamos.

Por exemplo, se escolhermos um título para ganhar com marcação a mercado, não podemos investir em títulos de bancos, pois eles não sofrem marcação a mercado.

No momento atual, que escolhemos pós-fixados líquidos ou de curto prazo, não seria fácil investir em títulos de empresas.

Debêntures, CRIs, e CRAs geralmente têm vencimentos de longuíssimo prazo e pouco líquidos. Não é fácil achar um comprador a um preço justo para esses tipos de títulos e as empresas não querem emitir títulos curtos, pois essas emissões são burocráticas e caras.

Então, para o momento atual, seria mais recomendado títulos do governo pós-fixados (pois eles têm liquidez diária e podem ser resgatados a qualquer momento) e títulos de bancos pós-fixados com liquidez diária.

Sempre que você for investir em títulos de bancos, é importante notar que os bancos têm risco de crédito e é de suma importância fazer uma análise do balanço dessas instituições.

Geralmente, os bancos que pagam as melhores taxas têm um balanço delicado, com prejuízo ou risco alto. Esses bancos devem ser evitados.

No Renda Fixa PRO, temos uma lista com os 40 bancos mais encontrados em plataformas de renda fixa com recomendações de investir ou evitar, exatamente para garantir a segurança dos investimentos bancários.

É importante notar também que “o melhor título de renda fixa” hoje pode não ser o melhor título de renda fixa de amanhã.

A economia muda e os ciclos econômicos evoluem, sendo que o mais importante para garantir bons retornos é estar seguro de que o título que você tem na carteira é o mais recomendado para o momento atual e, assim que o cenário econômico mudar, é preciso revisitar essa carteira e alterar os títulos dela.

Eu recebo muitas carteiras travadas em produtos de longuíssimo prazo, impossíveis de serem alteradas, muitas vezes com o argumento da aposentadoria.

Mas essas carteiras são sequências de aceleração e ré. Ora elas performam bem, ora o cenário muda e os títulos dão prejuízo, de tal forma que o retorno acumulado desses títulos frequentemente é medíocre.

É por isso que dizem que renda fixa rende pouco. Não é porque é verdade, é apenas porque estão investindo em renda fixa de uma forma completamente equivocada.

A última década pode ter acumulado retornos de mais de 1.000 por cento, sabia? Bastava que você tivesse o melhor título de renda fixa na sua carteira.

Parece retorno de criptomoeda, não é mesmo?

Nunca se esqueça de que, no mercado financeiro, o melhor investimento que você pode fazer é em conhecimento.

Se você soubesse que essa era a forma de escolher o melhor título de renda fixa há 10 anos, como você acha que seria o seu patrimônio hoje?

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