O preço da moeda americana tende a passar a "galope" de R$ 2,50 e não há "overshooting", mas sim um choque de realidade compatibilizando-o com o "status quo" do país.
Americas Currencies Currency data is in real-time. Time is ET.- Fonte Bloomberg
Tem sido contumaz atribuir-se as causas às pesquisas eleitorais, que se prestam mais a criar volatilidade especulativa sem fundamentos críveis, pois sendo a Presidenta Dilma reeleita ou Aécio ou Marina eleitos, nenhum deles terá condições de fugir ao desafio de tentar corrigir o "legado", como destacou Cristiano Romero na sua precisa matéria desta semana em relação à Presidenta Dilma, e este processo corretivo se for objetivado por linhas críveis e exequíveis "gastará" integralmente o ano de 2015.
E só após as correções e desde que haja sucesso para que o país retome a credibilidade e atratividade externa, geradora de intensos fluxos de recursos externos, o país poderá imaginar mudar a sua política cambial, revertendo a extraordinária intervenção havida pelo BC com colocação de contratos de swaps cambiais, estoque líquido "em ser" atualmente em US$ 100,0 Bi para garantir preço de "hedge", ante a brusca fragilização da moeda nacional frente ao dólar, e que ainda conta com as posições vendidas dos bancos da ordem de US$ 15,0 Bi que se ancoram em linhas de financiamentos externos, evitando assim que o BC reduza objetivamente as reservas cambiais brasileiras.
Para que isto seja possível concretizar, lá se vai 2016.
Não há via rápida e direta para o ajuste.
Então, não há razões para esta histeria, tentando atribuir o momento atual às prévias e tendências eleitorais.
O preço da moeda americana iria para o preço que está normalmente baseada nos fundamentos da economia brasileira que estão soberbamente deteriorados. O que ocorre é que a especulação somente agiliza um pouco o fato, mas não é o que o determina como fator principal.
Mas há também os que culpam a Europa, o Japão, os Estados Unidos, etc. por nossas mazelas, fazendo-nos vítimas das economias desenvolvidas, da economia global, sem que lhes ocorra que afinal quem está frágil e vulnerável somos nós, por nossa conta e ordem.
Não dá para posar de vítima e nos colocarmos como se todos tivessem conspirado contra os nossos interesses.
A realidade é que somos os culpados dos nossos próprios flagelos e somente a nós cabe a reconstrução de tudo que foi mal feito.
É bem verdade que temos as reservas cambiais, ainda que construídas com aumento da dívida interna e não fruto de efeito riqueza, mas afinal as temos, mas isto é pouco, pois precisamos nos tornar um país viável, pois um rebaixamento de nota de crédito ou a perda do grau de investimento poderá deixar evidente que US$ 376,0 Bi não é tanto quanto parece.
E há também os que já estão indagando porque os exportadores não exportam com a taxa neste preço, como se exportar fosse algo tão simplista como ter o comprador na porta esperando que resolvamos vender. Exportar é quase um hábito que a indústria manufatureira perdeu e se desacostumou, desde que nos tornamos um país exportador de commodities para a China, assim será um grande esforço para reconquistar mercados hoje focados por fortes concorrentes. E que não se perca de vista que quando o preço, não formado em bolsa como as commodities, sobe em reais o comprador o rebaixa em dólares.
A pergunta que se faz presente neste momento é a quem ou a que será atribuída a culpa do preço da moeda americana fortemente apreciada passadas as eleições.
Cairemos na realidade?