Atualmente, vejo muitas pessoas apreensivas e com medo, com diversas preocupações que estão impedindo-as de investir no mercado financeiro. Tais como: a inversão da curva de juros americana, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, os dados econômicos fracos em países asiáticos e na Alemanha, juros baixos, crise na Argentina, Reforma da Previdência, entre outras.
Acontece que a maioria dessas pessoas não investiram no passado, pois estavam pessimistas com outras preocupações. E não investirão no futuro, pois continuarão pessimistas, porém com outros motivos completamente diferentes. Utilizo abaixo uma thread que retrata esse fenômeno, do gestor do Alaska Black, Henrique Bredda: Qual é o “medo da vez”?
“Em 2018, a desculpa da vez para não entrar na Bolsa de Valores era a greve dos caminhoneiros, o cenário eleitoral imprevisível e o possível superaquecimento dos EUA. Em 2017, a bola da vez era o Joeslay Day e a urgência de se realizar a reforma da Previdência. Em 2016, o impeachment. Em 2015, a possibilidade de virar a Venezuela, o polêmico governo Dilma, a retração do PIB e a desvalorização do câmbio. Em 2014, o preço do petróleo e a reeleição do governo Dilma. Em 2013, o clima pesado gerado pelas grandes manifestações.”
Como podemos ver, motivos não faltaram para não se investir na Bolsa. Porém, mesmo assim, de 2013 para 2019, o Índice Bovespa (Ibovespa) apresentou uma valorização de cerca de 60%.
Por isso, quando me perguntam se deve-se investir agora ou esperar, busco repassar os ensinamentos de Mark Mobius, gestor de fundos em mercados emergentes e fundador da Mobius Capital. Segundo o investidor, a melhor hora para investir é quando você tem dinheiro para isso.
Pelo fato de que acertar o momento ideal de se investir, o “market timing” perfeito, ser impossível, as pessoas devem continuar investindo assim que possível para preservar seu capital, e não deixa-lo parado em sua conta bancária, sem render nada.
Esperar pelo momento perfeito pode fazer com que você perca muitas oportunidades ou fique para sempre esperando. Esta variável não está em seu controle. Portanto, foque seu tempo e energia em outras que estão.
Tentar evitar um mercado de baixa, no longo prazo, não fará muita diferença, pois, no final, eles sempre são superados. Historicamente, os mercados em alta duram mais tempo e geram mais retorno do que os mercados de baixa geram de perdas.
Peter Lynch possui uma famosa frase que você deve levar para sempre: “Muito mais dinheiro foi perdido por investidores se preparando para correções, ou tentando antecipá-las, do que foi perdido nas próprias correções.”
Sendo assim, os investidores não podem perder as oportunidades de investimento geradas em mercados de baixa e devem comprar ainda mais ações nesse período uma vez que tais oportunidades são mais raras e duram menos tempo.
O autor fornece alguns exemplos históricos a respeito do comportamento do índice de mercados emergentes que comprovam seu ponto de vista. Em janeiro de 1988, um bull market se iniciou, durou cerca de nove anos e gerou um retorno de mais de 600%. Foi seguido por um mercado de baixa que durou apenas um ano e gerou uma desvalorização de 50%.
O próximo mercado em alta começou em setembro de 1998, e durou um ano e meio, com uma valorização de 110%. Foi seguido de um bear market de duração parecida com uma desvalorização de 50%. Por fim, outro bull market se iniciou, em outubro de 2001, e estendeu-se até novembro de 2007 com uma valorização de 530%, seguido por uma recessão de um ano que gerou perdas de 65%.
Mobius também aborda o momento ideal para se vender uma ação: apenas quando você encontra oportunidades melhor de investimento ou quando a empresa perdeu seus fundamentos e, portanto, seu valor.
Sendo assim, não estou dizendo que você deva comprar ações a todo o momento sem considerar a conjuntura macroeconômica. No entanto, no longo prazo, as incertezas e o risco sistemático (o risco de mercado) são superados pelos fundamentos da empresa.
Não é possível prever quando é o melhor momento para se entrar na Bolsa. Por conta disso, diversos investidores renomados sugerem que se continue investindo nas melhores oportunidades do presente.
Benjamim Graham recomendava ao investidor alternar entre renda fixa e renda variável, sempre respeitando o mínimo de 25% em um e o máximo de 75% em outro. Dessa forma, em momentos de euforia, com menos oportunidades atraentes de investimento, o investidor deveria ajustar sua alocação em renda variável para 25% e renda fixa em 75%. Já em momentos de incertezas, deveria fazer o contrário.
Resumindo: não existe o momento perfeito para investir, busque sempre estar exposto à renda variável para aproveitar de sua comprovada maior rentabilidade. No entanto, não esqueça de ter sempre caixa para aproveitar os momentos de baixa e comprar ações mais baratas do que nunca.