Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

Que Venha 2015!

Publicado 22.12.2014, 17:06

O mercado de açúcar em NY fechou a semana em ligeira baixa no vencimento março/2015 que encerrou a 14,95 centavos de dólar por libra-peso, apenas 3 pontos abaixo do fechamento da semana anterior. Os demais meses fecharam entre 7 e 21 pontos de baixa. Mercado em ritmo de festas.

2014 foi um daqueles anos que muitos de nós gostaríamos que nunca tivesse existido. O setor sucroalcooleiro sofreu bastante com os preços internacionais mais deprimidos, com menor demanda, com ambos o volume e a receita de exportação em queda, com o petróleo despencando, com os custos nas alturas, e com um endividamento que hoje está na casa dos R$ 72 bilhões, valor da receita estimada pela Archer para a safra 2015/2016, sem contar com a cogeração.

2015 pode ter a introdução de algumas políticas que venham a minorar a aflição do setor. Muitos economistas asseguram que a CIDE deve voltar, muito mais devido à necessidade de arrecadação do governo do que propriamente uma declaração de amor de Dilma para com o setor. A mistura de anidro na gasolina deve passar dos atuais 25% para 27%. E Minas Gerais, segundo maior consumidor de combustíveis do país, reduziu o ICMS do etanol de 19% para 14%, o que deve trazer maior competitividade para o biocombustível. Hoje, apenas São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul praticam preços abaixo da paridade de 70%. Com Minas Gerais mais competitivo, existe um potencial de consumo de 1.2 bilhão de litros adicionais por ano. Somem-se a ele o aumento da mistura tem-se um potencial de 2 bilhões de litros adicionais.

O que merece ser tratado com toda a atenção, é a trajetória do petróleo no mercado internacional. Se o mercado continuar com essa toada de derretimento nos preços, o etanol (cujo custo de produção equivale hoje a US$ 70 o barril) perderá sua competitividade, sinalizando ao mercado internacional que mais açúcar será produzido, o que fará com que a curva de preços da commodity, lá adiante, se deteriore. O modelo desenvolvido pela Archer apura que o preço médio do açúcar NY para a safra 2015/2016 deve ser de 15.65 centavos de dólar por libra-peso, com dólar médio de 2.7431 colocando o valor médio por tonelada na faixa de R$ 980. Se for isso mesmo, é um bom nível. Duro é o que pode ocorrer com o etanol se o petróleo cair mais.

O valor do açúcar NY convertido em reais por tonelada FOB Santos, usando o fechamento da bolsa e do câmbio, não foi tão ruim este ano. A média de 2014 foi de R$ 878 por tonelada, pouco acima dos R$ 864 por tonelada de 2013. A dispersão deste ano foi menor do que a do ano passado, ou seja, tivemos um mercado com volatilidade mais contida. Setembro último foi o pior mês desde 2010, com a média mensal de apenas R$ 783 por tonelada. Nos últimos cinco anos, a média mensal mais baixa ocorreu em maio de 2010 com R$ 608 por tonelada e a mais alta em janeiro de 2011 com R$ 1.236. A média dos últimos cinco anos é de R$ 929.

Bem, com o dólar cotado a 2.658, o mínimo que vimos nesses últimos cinco anos, equivaleria hoje ao contrato futuro de NY negociando a 10 centavos de dólar por libra-peso e no máximo a 20,27 centavos de dólar por libra-peso. A média (R$ 929) equivaleria hoje a 15,23 centavos de dólar por libra-peso. Estamos bem próximos disso.

Um dado interessante é que se tomarmos cada média mensal e verificarmos sua correlação com a média do respectivo ano, veremos que os piores meses para se fixar, ou seja, aqueles cuja média de preço certamente vai ficar mais longe da média anual, foram os meses de maio, novembro e dezembro. Já os meses cujas médias melhor representam a média anual e, portanto, com mais chance de melhor desempenho, são março, julho e outubro.

O total de contratos de açúcar negociados na bolsa de NY em 2013 foi de 29,8 milhões. A estimativa é que encerremos 2014 com 29,2 milhões de contratos, uma redução de 2% no volume em relação ao ano passado. Tempos bicudos.

As exportações brasileiras de açúcar atingiram no acumulado de doze meses, compreendendo dezembro de 2013 até novembro de 2014, um total de 24.220.878 toneladas, uma redução de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Este é o menor volume acumulado dos últimos doze meses. As exportações renderam ao país US$ 9,6 bilhões, com preço médio de US$ 396,67 por tonelada. A arrecadação é a menor desde abril de 2010.

No etanol, as exportações acumuladas de doze meses somam 1,36 bilhão de litros, queda de 58% em relação ao mesmo período do ano passado e o menor volume acumulado dos últimos dez anos. Nunca se exportou tão pouco etanol. A receita de exportação do produto acumula nestes doze meses, US$ 881 milhões, a menor desde junho de 2006.

Os últimos relatórios do Commitment of Traders (que discriminam os contratos em aberto para mercados em que 20 ou mais operadores detenham posições iguais ou superiores aos limites estabelecidos pelo próprio CFTC) mostram que a posição vendida dos especuladores no mercado de açúcar é enorme, próxima do recorde histórico. Depois das quedas das últimas semanas, o mercado está extremamente sobrevendido. Samuel Levy, da Suporte & Resistência, considera que nos próximos dias de véspera dos feriados do fim do ano, o volume será baixo a liquidez no mercado bastante reduzida. Um movimento de tomada de lucros por parte dos fundos especulativos pode surpreender resultando numa alta acentuada das cotações, que podem chegar à faixa de 15.80-16.00 centavos de dólar por libra-peso. Com o câmbio atual, esta pode ser uma excelente oportunidade para fixação da tela de março na faixa de R$950 por tonelada.

Gostaria de desejar aos nossos clientes, leitores, fornecedores e colaboradores um Feliz Natal e um Próspero 2015. Muito obrigado pelo apoio de todos. Em 2014, os acessos ao site da Archer Consulting (www.archerconsulting.com.br) chegaram a 47.529 visualizações, um crescimento de 90.62% em relação ao ano anterior. Além do Brasil, tivemos acessos dos EUA, Itália, Tailândia, Índia, Colômbia, Portugal, Cazaquistão e outros 100 países. No Brasil, São Paulo lidera o acesso, seguido por Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Ribeirão Preto. Brasília foi a cidade que mais cresceu em acessos comparativamente ao ano passado, mais de 400%.

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