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Quem São e o que Fazem os Consultores de Valores Mobiliários?

Publicado 19.10.2021, 15:40

A popularização do mercado financeiro nacional fez com que muitas pessoas se atentassem para as várias oportunidades disponíveis para quem gostaria de fazer seu dinheiro render mais. Com isso, muitas profissões que antes não eram muito conhecidas ganharam projeção no país, especialmente no setor de serviços financeiros: planejadores/as, analistas, agentes autônomos/as...

Essa expansão foi tão rápida e intensa que muitas vezes as pessoas não sabem diferenciar ao certo o que cada profissional pode ou não pode fazer. Tanto é que a própria CVM, órgão que regula o mercado financeiro nacional, frequentemente publica novas instruções e resoluções. Uma delas diz respeito a um tipo de profissional que muita gente ainda não conhece: os/as que prestam serviços de consultoria de valores mobiliários.

A CVM define consultoria como a orientação, recomendação e aconselhamento, de forma profissional, independente e individualizada, sobre investimentos no mercado de valores mobiliários, cuja implementação seja exclusiva do/a cliente. Em outras palavras, são as pessoas que estão autorizadas a fazerem recomendações individuais, isto é, pensadas especificamente para o perfil, objetivos, situação financeira do/a cliente.

Logo surge, nesse caso, uma dúvida: agentes de investimento não fazem a mesma coisa? A resolução CVM Nº 19 deixa bem claro que essas pessoas têm autorização apenas para esclarecer características dos produtos ou serviços que distribuem, no sentido de prestar suporte e orientação na relação comercial com o/a cliente. Isso porque, como os produtos adquiridos têm impacto direto na remuneração do/a agente, todas as recomendações oferecidas são prenhas de conflito de interesse.

Muitas vezes, vemos agentes de investimento usando o termo “assessor/a” para se referirem aos serviços que prestam, o que na prática contribui para a confusão. Uma assessoria é sempre uma forma de aconselhamento, e isso está conflito direto com a atividade de distribuição, na qual os resultados dependem da venda de ativos financeiros. Por isso, é bom tomar cuidado.

O que fazem os/as consultores/as?

Vimos acima que agentes autônomos/as de investimento (AAI) não podem levar seus/as clientes a pensarem que estão lhes oferecendo um aconselhamento ou assessoria individualizada, mas é importante marcarmos também a diferença entre consultores/as e uma outra classe de profissionais: os/as analistas de valores mobiliários. Isto porque esse grupo também está autorizado a oferecer recomendações, que inclusive podem ser distribuídas ou repassadas por AAIs, quando a análise é feita pela própria corretora que representam.

Embora analistas também ofereçam recomendações de investimento de forma profissional e independente, precisamos enfatizar que não o fazem de forma individualizada. Um relatório de análise faz recomendações que são necessariamente gerais, porque serão distribuídos (de forma ampla ou restrita) sem consideração pela situação específica de cada pessoa.

Para simplificar, podemos dizer que a diferença entre a recomendação feita por um/a analista e um/a consultor é a seguinte: analistas focam em ativos, consultores/as focam em você. Na sua situação financeira, preferência de risco, demandas de liquidez, experiências prévias etc. É um serviço que, por definição, deve ser personalizado.

Nesse momento, você pode falar que existe um outro grupo de profissionais que trabalham de forma altamente individualizada: os/as planejadores/as financeiros/as. Mais uma vez, a resolução CVM Nº 19 esclarece que essa atividade está restrita a serviços como planejamento sucessório, produtos de previdência e administração de finanças em geral, mas que não envolvam a orientação, recomendação ou aconselhamento sobre investimentos em valores mobiliários.

Com isso em mente, é importante notar que todas essas classes de profissionais, salvo os/as AAIs, podem exercer a atividade de consultoria de valores mobiliários. Entretanto, precisam de registro específico na CVM e devem cumprir uma série de determinações legais que visam proteger seus/as clientes. Trata-se de uma atividade específica que, pelo impacto que pode gerar na vida das pessoas, está sujeita a uma série de restrições.

Cuidado com as “mentorias”


Embora existam muitas pessoas que fazem um trabalho sério na área de educação financeira, a comercialização desse tipo de conteúdo acaba sendo, em muitos casos, uma forma de exercer atividades reguladas, como consultoria ou análise, sem precisar se submeter às regras da CVM. O caso mais comum envolve a venda de “mentorias”, em que a pessoa responsável pelo curso oferece um processo educacional mais direto e individualizado.

As coisas ficam mais claras quando desfazemos o jogo de palavras usado por quem comercializa esse tipo de serviço. Numa “mentoria”, você está pagando pelo acesso ao conhecimento de alguém que, presume-se, é especialista em investimentos. Mais do que isso, para que a pessoa te “ensine” sobre as melhores opções de investimentos para a sua situação específica, para que esclareça dúvidas sobre como você deveria investir etc.

Salvo o fato de que essa pessoa não precisa assumir responsabilidade pelos conselhos que fornece na qualidade de mentor/a, isso é exatamente o que faz um consultor/a de valores mobiliários. Só que, diferente de quem vende “mentorias”, consultores/as seguem uma série de procedimentos e protocolos que garantem a qualidade do serviço prestado, muitas vezes por uma fração do preço cobrado por “influenciadores/as” famosos/as.

Curso ou consultoria?


Deixando de lado o caso da “mentoria”, que é o jeitinho brasileiro de atuar como consultor/a sem precisar se submeter às regras aplicáveis, muitas pessoas podem estar se perguntando se é mais interessante investir num curso ou numa consultoria. A verdade é que não são escolhas excludentes, mas complementares. Se precisar escolher entre uma e outra, tudo dependerá da situação específica do/a investidor/a.

Se você possui uma reserva financeira e gostaria de investir esse dinheiro, é mais interessante começar por uma consultoria. Não digo apenas para puxar a proverbial sardinha para o meu lado, mas porque um/a consultor/a te economizará muito tempo e reduzirá drasticamente as perdas evitáveis, que são o maior problema enfrentado por iniciantes. Isso sem falar na segurança de saber que seus investimentos foram selecionados profissionalmente e com foco na sua situação, preferências de risco e objetivos individuais.

Nesse caso, depois de ter um bom plano de investimentos e coloca-lo em prática, você pode começar a aprender mais sobre investimentos através de cursos, palestras, livros, enfim. Primeiro você se torna investidor/a e depois disso você vai aprendendo a ser um/a investidor/a cada vez melhor, e com o tempo pode discutir mudanças no seu portfólio ou mesmo dispensar o auxílio de um/a profissional.

Por outro lado, se você ainda tem um patrimônio relativamente pequeno para investir, pode ser que os custos de uma consultoria sejam muito altos para justificar esse serviço num primeiro momento. Acontece que, justamente pelo tamanho do patrimônio, você corre riscos proporcionalmente menores e buscar conselhos mais gerais, como aqueles oferecidos por cursos pagos ou gratuitos, é uma forma de manter a motivação e se aclimatar com o mercado financeiro, inclusive fazendo pequenos aportes em ativos diversos.

Como investimentos servem para otimizar os ganhos obtidos com o patrimônio que você possui, e não para construir esse patrimônio, cursos focados na administração pessoal, economia doméstica e afins podem te ajudar a criar hábitos financeiros mais saudáveis. Quando tiver poupado o suficiente para investir num portfólio mais complexo, você poderá buscar uma consultoria e discutir com propriedade as melhores opções para seu caso.

Quanto custa uma consultoria?


Sei que essa é a pergunta que mais interessa a maior parte das pessoas, então vou adiantando que o preço de uma consultoria de investimentos depende de vários fatores, começando pela própria forma como é cobrada. Em linhas gerais, você pode ser cobrado/a com base no patrimônio administrado, sobre o qual incide uma taxa anual; em modelo de honorário e horas trabalhadas ou pagando diretamente pelos serviços prestados.

Vou me limitar a falar sobre o último modelo, que tem ganhado popularidade e, ao meu ver, é o mais justo com quem investe. Isso porque remove possíveis conflitos de interesse, no caso: gastar mais tempo para terminar o trabalho para aumentar o número de horas cobradas, ou de atuar de forma muito ativa, girando o portfólio do/a cliente para justificar a continuidade das taxas que incidem sobre o patrimônio total.

Em linhas gerais, uma consultoria mais básica, que visa tirar a pessoa da poupança ou do CDB do banco, fica em torno de R$ 3,5 mil. Nesse caso, embora individualizada, a ideia é oferecer uma forma para que pessoas comuns, que não possuem grande patrimônio, possam ter acesso seguro, e com acompanhamento profissional, ao mercado de valores mobiliários. Conforme são inclusos outros serviços, os preços vão subindo.

Com isso em mente, é importante lembrar que cada caso é um caso e, embora o valor que eu tenha citado seja relativamente baixo, consultorias focadas em clientes com renda ou patrimônio altíssimos tendem a praticar preços muito mais altos. Se o/a profissional vive num grande centro como São Paulo ou Rio de Janeiro, tenderá a praticar preços igualmente mais altos que quem está sediado/a em centros urbanos menores e atendem de forma remota.

Bom, espero que esse texto tenha ajudado você a compreender melhor o que fazem os/as consultores/as de valores mobiliários! Se quiser mais informações sobre esse tipo de serviço, ou buscar profissionais autorizados/as a prestá-lo, pode consultar o banco de dados da CVM (https://sistemas.cvm.gov.br/?CadGeral), selecionando “Consultor de Valores Mobiliários” no campo “Tipo de participante” e clicando em “Procura”. A lista inclui tanto pessoas físicas quanto jurídicas (empresas de consultoria). Até a próxima!

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