Quem tem mais chance de sair da Recuperação Judicial? (e o puzzle de consumo)
Semana-chave
Qual o principal tema para os mercados de ações, câmbio, juro e afins?
Exato. A retirada dos estímulos pelo Fed.
Quando o Banco Central americano acabará com a farra de liquidez dos mercados? Vai esperar o fim do primeiro trimestre de 2014, ou antecipará o sofrimento para janeiro?
A resposta pode estar mais próxima do que você imagina.
Desvendando Yellen
O mandato vai acabando e o Bernanke vai tirando o seu time de campo. Largou a bomba na mão da Yellen, que até então mostrou-se grande devota da vagareza quando consultada sobre a retirada dos estímulos.
Fique claro, o “até então” da Yellen é anterior ao forte resultado do PIB e aos últimos dados do mercado de trabalho americano na semana passada…
O que passa na cabeça dela depois disso?
Descobriremos na quinta-feira, às 13h de Brasília, após o seu discurso ao Senado americano.
Bom, se algo mudou (na cabeça da Yellen), imagino que você já saiba para que lado foi.
A recuperação judicial parcial
Por aqui, a temporada de resultados segue rolando solta, mas ninguém leva tanto destaque quanto OSX.
O estaleiro do Eike deu entrada hoje no pedido de recuperação judicial. Diferente da co-irmã OGX, OSX enfrentará um processo parcial.
Quem entra na RJ: a holding que controla a empresa e sua unidade de construção naval, que, juntas, carregam dívida de R$ 4,1 bilhões entre bancos e fornecedores internos.
Quem fica de fora: as controladas internacionais da empresa, como forma de OSX isolar as unidades OSX1, 2 e 3 e a plataforma fixa WHP-2, seus principais ativos.
A ideia é levantar algo em torno de US$ 2,5 bilhões com a venda dessas unidades, valor que supera a dívida internacional da empresa, que monta a US$ 1,5 bilhão. Os ativos servem de garantia às dívidas internacionais. O que sobrar vai para a conta da holding, somando ao processo (doméstico) de recuperação judicial.
Quem tem mais chance de sair (da RJ)?
Entre OGX e OSX, apostaria na segunda.
Além de um processo parcial, OSX já conseguiu concessões de credores (BNDES e Caixa), tem mais apelo político para um eventual resgate (a velha história de conteúdo nacional) e carrega a opção de fontes alternativas de receita (se há o risco OGX embutido, e contratos de aluguel descontinuados, há também a opcionalidade de alugar os equipamentos para terceiros).
Mas, independentemente das diferenças entre uma e outra, a conclusão é bastante semelhante:
(i) a visibilidade é praticamente nula quanto à chance de materialização de tais eventos - no caso, a venda dos ativos pela OSX e o preço da eventual venda;
(ii) não há moeda de troca para empresa equalizar sua dívida, uma vez que as ações tendem a refletir na marcação a mercado a situação crítica da estrutura de capital - a R$ 0,51, queda de 95% no ano, fica a certeza de grande diluição da base de acionistas;
(iii) não há outra alternativa de acesso a crédito por um custo viável para equalizar a dívida (a empresa que chega à recuperação já está com seu rating comprometido).
Em suma: apostaria no escuro e somente em termos relativos (versus OGX). Uma aposta meramente ilustrativa. Em termos absolutos, estou fora.
Jogando nos dois times, duplas chances de comemorar
Tanto o caso do Fed quanto o da OSX revelam grande assimetria de retornos potenciais. No caso do Fed, ou da cabeça da Yellen, já sabemos que se a opinião dela mudou, foi no sentido de antecipação da retirada dos estímulos (a julgar pela influência do PIB e do Relatório de Emprego bem superiores às projeções).
No caso da OSX, há a certeza de algum evento extremo. Ou a empresa se reestrutura, ou é decretada a falência. Em ambos os casos os retornos seriam significativos, mas, pelos motivos mencionados acima, diria que a assimetria é para baixo - ressaltando, não apostaria de fato nisso (visibilidade muito baixa).
Em quais assimetrias eu apostaria?
Encontramos algumas calls (opções de compra) baratas dando sopa por aí. Em paralelo, três puts (opções de venda) que parecem a ponto de bala para capturar trajetória declinante de suas respectivas ações.Jogando nos dois times, você tem chances de comemorar duplamente. Todas elas estão em nossa carteira semanal de opções.
O interessante é que essa carteira oferece a possibilidade de ganhos assimétricos, bastante significativos, em curto intervalo de tempo (periodicidade semanal). E você não precisa estar certo para isso. Basta que uma das opções realmente funcione. Por isso, recomendamos o acompanhamento periódico e a assinatura da carteira. O portfólio anterior, por exemplo, apurou ganho de 20,5% na semana, com um pico de 55,7% na quarta-feira, versus queda de 3,2% do Ibovespa.
Cautela pouca é bobagem
Falamos recentemente sobre a dificuldade de recuperação do setor automotivo, que mesmo com uma série de estímulos enfrenta queda de 0,7% nas vendas entre janeiro e outubro.
Metal Leve (LEVE3) parece uma ilha de resiliência neste contexto. Com vendas externas (efeito de câmbio) e para o mercado de reposição, a companhia acumula crescimento de 5% nas receitas, de 24% no ebitda (+3 p.p. na margem ebitda) e de 33% no lucro líquido nos nove primeiros meses do ano.
Questionada sobre as metas para o ano cheio, se limitou a responder que a expectativa é "de gerar receita líquida acima da obtida no ano anterior, aliado a um viés positivo nas margens”.
Das duas uma: o cenário para o quarto trimestre é realmente tenebroso, ou Metal Leve que é solidária às pares?
O puzzle de consumo
Guararapes (GUAR3) fez R$ 213 milhões de lucro nos nove primeiros meses de 2013.
Ela vale R$ 6,3 bilhões em Bolsa.
Lojas Renner (LREN3) fez R$ 190 milhões de lucro no mesmo intervalo.
Vale R$ 7,9 bi em Bolsa.
As perspectivas de crescimento são semelhantes.
Já Grendene (GRND3) negocia a 13x lucro para 2013. Alpargatas (ALPA4) negocia a 18x.
A primeira cresce mais e paga mais dividendos.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.