Raio-X
Nome: Match Group (NASDAQ:MTCH)
Ticker: MTCH
Fundada em: 2009, por Barry Diller
Preço: US$136,25 (-9,2% no ano)
Valor de mercado: US$37,7 bilhões
Os smartphones mudaram a forma como fazemos uma série de coisas: desde como pedimos comida, chamamos um táxi e até mesmo como paqueramos. A proliferação de aparelhos com internet móvel de alta velocidade e poderosos sistemas de geolocalização foi um prato cheio para o surgimento de uma série de novos aplicativos, inclusive para quem quer encontrar um novo amor.
Se até pouco tempo atrás quem queria conseguir um encontro sem ter de sair de casa era obrigado a recorrer aos serviços do bate papo UOL ou enviar um SMS com a palavra “amor” para um número de 0800, hoje basta pegar seu celular e abrir um aplicativo de relacionamento que muito provavelmente pertencerá ao Match Group (NASDAQ:MTCH).
Com mais de 40 empresas diferentes, o Match Group é definitivamente o principal player do mercado de aplicativos de relacionamentos. Com nomes como Tinder, OkCupid, Plenty Of Fish e ParPerfeito, se você já tentou paquerar direto do seu celular, são grandes as chances de você ter utilizado um aplicativo do Match Group. Aliás, segundo dados da própria empresa, 60% dos relacionamentos que começam online têm seu início em algum aplicativo do grupo.
Cada um dos aplicativos do grupo tem uma especificidade diferente, adaptada para diferentes culturas ao redor do globo. O modelo de negócios, no entanto, é sempre muito parecido: usuários desfrutam de um modelo freemium, em que podem optar por utilizar o serviço gratuitamente, porém com anúncios; ou podem realizar assinaturas que além de remover os anúncios conferem uma série de benefícios aos usuários, com funcionalidades que podem melhorar a visualização do seu perfil e, assim, aumentar as chances de encontrar novos parceiros.
Hoje a holding conta com mais de 15 milhões de assinantes no mundo todo, que são a principal fonte de receita para a companhia. No segundo trimestre de 2021, o segmento gerou US$694 milhões em receita operacional bruta para a empresa, um crescimento de 27% em relação ao mesmo período em 2020. Já o segmento de anúncios, mesmo tendo crescido 54% em relação ao ano anterior, ainda engatinha: os ads foram responsáveis por somente US$13,4 milhões de receita operacional bruta da companhia no mesmo período.
Um problema F.O.D.A.
Com a pandemia da Covid-19 e as pessoas trancadas em suas casas, a empresa viu suas receitas despencarem 49,7% em 2020. A vacinação e reabertura das economias globais pode impulsionar o faturamento do grupo, com pessoas no mundo todo buscando novos parceiros. Alguns analistas, porém, apontam para um problema classificado como FODA.
Não se trata do que você está pensando, mas sim do Fear Of Dating Again (medo de paquerar novamente). A tese é de que ainda traumatizadas com a pandemia e os protocolos sanitários que a acompanharam, as pessoas não se sentiriam preparadas para se relacionar com estranhos, o que ameaçaria não apenas o Match Group, mas todas as empresas de aplicativos de relacionamentos.
Julgando pela melhoria dos resultados, a hipótese parece não se sustentar, o que reflete em previsões positivas da companhia. O prognóstico da empresa para o ano fiscal de 2021 é de uma receita superior a US$3 bilhões, aumento de 25,4% em relação ao ano anterior, quando a sequência de crescimento do resultado operacional da holding foi quebrada.
Uma concorrência abelhuda
Em um mercado com baixas barreiras de entrada e que cresce cerca de 8,26% ao ano, com um em cada três casais se conhecendo online, é natural que novos concorrentes surjam com frequência. Historicamente o Match Group vem engolindo a concorrência através de fusões e aquisições, adquirindo empresas quando há sinergias com seu portfólio de produtos e/ou ameaças de perda de market share. O Match Group, porém, conta com um concorrente de peso que não pôde ser comprado.
Fundado em 2014 por Whitney Herd, ex-funcionária do Tinder, o Bumble (NASDAQ:BMBL) é hoje o segundo aplicativo de relacionamentos mais utilizado nos Estados Unidos. Seu modelo de negócios é muito similar ao dos aplicativos do Match Group, porém com um diferencial: atento a pautas como feminismo e empoderamento feminino, no aplicativo, são as mulheres que dão o primeiro passo. Assim, a empresa espera conseguir criar um ambiente mais agradável e menos hostil para o público feminino, que muitas vezes não se sente à vontade usando aplicativos do setor.
Recém listada em bolsa (seu IPO foi realizado na Nasdaq em fevereiro de 2021), o Bumble está altamente capitalizado e pode acabar dificultando os planos de crescimento do Match Group. Já em relação às suas ambições para o público feminino, a empresa também parece encontrar dificuldades, uma vez que 67% de seus usuários são homens, cifra similar à encontrada nos aplicativos do seu concorrente.
MTCH e sua carteira: relacionamento sério?
O mercado de aplicativos de relacionamento segue crescendo e sem sinais de arrefecimento, principalmente com o abrandamento da pandemia da Covid-19. Inquestionavelmente, o Match Group é hoje o principal player do setor, tendo sob seu guarda-chuva o Tinder, empresa top of mind no segmento e que, por isso mesmo, pode capturar boa parte dos ganhos do crescimento do mercado.
No entanto, por se tratar de um mercado com baixas barreiras de entrada, o investidor deve monitorar frequentemente os novos entrantes, que podem eventualmente desbancar o atual líder. É importante também atentar para a baixa diversificação geográfica da companhia, que tem hoje 53% de sua receita oriunda do mercado americano, ainda que a participação de outros países venha aumentando. Analisar estas questões é essencial para que o investidor possa determinar se as ações do Match Group e sua carteira de investimentos terão um relacionamento sério, um breve caso, quem sabe um swing, ou se será apenas um amor platônico.