Após balanço ruim, os fundamentos da Weg (WEGE3) continuam bons para compra?
A expansão do crédito, também conhecida como crescimento da dívida, nos leva, segundo a teoria do economista Ludwig von Mises, a um Crack-Up Boom (explosão de fim de ciclo), com risco de estagflação no melhor cenário e de hiperinflação no pior, num horizonte não tão distante.
Os dados do mercado de trabalho (payroll) ontem nos EUA, acima das expectativas, é apenas um número. Representa a realidade? Foi maquiado? Será revisado? Independentemente disso, está alinhado com a análise que segue, escrita antes da divulgação, e que sugere que o ciclo atual ainda é de expansão. Trata-se de um boom, afinal.
Com mais de US$ 36 trilhões em dívida, e prestes a ultrapassar os US$ 40 trilhões após a aprovação do novo pacote orçamentário, os Estados Unidos vivem, em aparência, uma nova era de prosperidade. O discurso é de grandeza, otimismo e euforia. E basta olhar para os índices acionários renovando máximas históricas para entender o tom.
Mas é preciso cautela: o Crack-Up Boom ocorre quando o crédito, e seu gêmeo maligno, a dívida, perde qualquer amarra. O sistema como um todo continua criando crédito e injetando liquidez na economia. Como discutido em Os EUA não são uma economia capitalista, vivemos sob um modelo de “crescimento via endividamento” ativado por políticas inflacionárias sob demanda, fenômeno inaugurado há mais de 25 anos, com o ex-presidente do Fed Alan Greenspan.
Os efeitos desse boom desorganizado incluem o enfraquecimento estrutural da economia real ao mesmo tempo em que a moeda local passa a ser abandonada, primeiro de forma lenta, depois de modo abrupto, diante do desgaste inflacionário causado pela dívida. Cada vez mais, investidores se veem compelidos a alocar indiscriminadamente em ativos, conscientes de que o poder de compra da moeda está sendo erodido deliberadamente.
Se há algo a destacar, é o rompimento da chamada Continuum em 2022. O Crack-Up Boom está em curso...
Esse movimento coincide com a alta das taxas de juros de longo prazo, que sobem como reflexo direto da saturação de políticas inflacionárias aplicadas de forma sistemática sempre que os mercados entravam em fase de correção. Isso perdurou até o colapso inflacionário de 2020, episódio breve porém intenso de deflação, o mais agudo desde o surgimento da Continuum, nos anos 1980.
As médias móveis longas, sinalizadas em vermelho, mantiveram os sinais macro inflacionários contidos por anos. Utilizamos essas referências com sucesso como zonas de tolerância sempre que o mercado entrava em euforia e previa a morte do mercado de renda fixa (com rompimento das taxas). Mas em 2022, essa narrativa foi rompida. A Continuum mostrou isso com clareza.
De forma contraintuitiva, nossa tese é que a tendência de baixa suave e de longo prazo dessa curva, sinal de desinflação, ofereceu ao Federal Reserve liberdade para inflar a economia sempre que ocorria uma liquidação generalizada de ativos.
Foi a liquidação de um ciclo que deveria ser uma expansão natural, seguida de uma contração igualmente natural, mas que nunca foi permitida. Em vez disso, vivemos o esvaziamento de uma bolha anterior, aguardando a próxima rodada de estímulo monetário.
Estamos presos num ciclo contínuo de expansão artificial, colapso, emissão de dívida e valorização de ativos. Podemos chamar isso de “crescimento via endividamento”.
O mercado de Treasuries agora parece dizer: “basta”. Seu rompimento estrutural sinaliza que qualquer força desinflacionária será agora um desvio em relação à tendência predominante, que é inflacionária. Com o mercado de títulos públicos praticamente neutralizado, os efeitos das futuras políticas inflacionárias, do governo e do Fed, tendem a se tornar ainda mais corrosivos. Corrosivos como estagflação.
O boletim NFTRH adotou visão construtiva sobre commodities há alguns meses, ao identificar um potencial de reversão da prata em relação ao ouro. As commodities devem continuar favorecidas. O mercado de ações, por sua vez, ainda pode participar da alta por algum tempo, embora com expectativa de desempenho relativo inferior, dado o impacto corrosivo da estagflação sobre a economia real.
Não estou aqui para alimentar otimismo infundado. Quem faz isso é o eterno entusiasta do “superciclo das commodities” da esquina. Meu papel é reportar o que observo. Em 2022, a Continuum rompeu com a narrativa das três décadas anteriores. Desde então, o desafio tem sido interpretar corretamente essa nova configuração macroeconômica, esforço que permanece em andamento. Mas um pouco da ajuda de Ludwig von Mises já nos coloca em vantagem.
Minha leitura é que, caso o mercado não passe por uma correção e os dados macroeconômicos sigam firmes, o Crack-Up Boom continuará em curso. A outra possibilidade seria uma correção ou fase de baixa, que abriria espaço para novas políticas inflacionárias, reativando o boom.
De uma forma ou de outra, à medida que definimos o quadro inflacionário vigente, a estratégia mais eficaz para se posicionar diante dele ganha ainda mais relevância. Acompanhamos semanalmente uma série de indicadores e relações entre mercados para manter o direcionamento adequado.
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