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Os preços do cacau referentes ao contrato de setembro 2025 encerraram a sexta-feira 18 de julho a USD 7.800 em Nova York e GBP 5.048 em Londres, acumulando perdas semanais de 11,8% e 3,6%, respectivamente. Apesar dessa redução semanal, o RSI (índice de Força Relativa) sinalizou uma recuperação técnica na última sexta, ao subir para 36,8, após ter rompido a zona de sobrevenda na quinta-feira, quando caiu abaixo dos 30 pontos.
O movimento também refletiu a recuperação nos preços observada no final da semana, indicando certo alívio na pressão vendedora. No entanto, o indicador apresenta uma tendência baixista desde meados de maio, sinalizando que o mercado segue em uma zona de atenção.
A queda nos futuros foi ocasionada pela divulgação dos resultados de moagem referentes ao segundo trimestre de 2025, um importante indicador relacionado a demanda pelo cacau. Os relatórios divulgados pela ECA, CAA e NCA, associações de processadores das amêndoas para Europa, Ásia e América do Norte, apresentaram reduções de 7,2%, 16,3% e 2,8%, respectivamente, comparado ao mesmo período do ano passado. A retração pode estar relacionada à escassez de oferta e aos preços recordes do cacau, que impactam a operação dos processadores globais.
A possibilidade de queda na demanda já havia sido abordada em análises anteriores. Como exemplo, dados mostram que as importações totais líquidas de cacau (amêndoas, pasta e pó) da União Europeia acumuladas desde o início de 2025 estão 7,2% abaixo do mesmo período para o ano anterior, o que já indicava a possibilidade de nova redução na moagem.
Por outro lado, cenário diferente pode ser observado para os EUA, que ampliaram suas importações totais líquidas de cacau, especialmente de amêndoas de países como o Equador. Entre janeiro e o momento atual, os volumes estão aproximadamente 46% superiores aos do mesmo período de 2024. Esse é um possível motivo da moagem norte-americana ter apresentado redução menos intensa do que para as outras regiões observadas, o que pode ter dado suporte para a recuperação das cotações nos últimos dias.
Diferente das demais, os dados da NCA foram publicados após o fechamento do mercado, tendo seus impactos sentidos na sexta 18 de julho, que possivelmente ajuda a explicar os movimentos mencionados, inclusive dos indicadores técnicos.
Porém, vale destacar que as importações líquidas de cacau dos EUA voltaram a ficar abaixo da média a partir do mês de abril, o que pode ser reflexo dos efeitos dos preços da commodity na demanda, pois mesmo com as correções sofridas desde o início de 2025, os preços do cacau continuam em patamares históricos. Dados financeiros de grandes processadoras do setor indicam redução no volume de vendas, corroborando com esse cenário.
Nesse sentido, outro ponto de destaque que pode ter efeito sob a demanda de cacau dos EUA são as tarifas americanas. Nas últimas semanas um novo capítulo sobre o tema foi iniciado após o anúncio de uma rodada de tarifas a países como Malásia, Indonésia, Canadá e Brasil, importantes players no mercado de cacau.
Os EUA são um dos maiores consumidores de cacau e exportadores de chocolate e produtos de confeitaria do mundo e para isso, importam amêndoas de cacau e produtos derivados. No ano de 2024, das importações totais de cacau do país, manteiga, pó e pasta representaram 17%, 19% e 25%, respectivamente, vinda de países como Brasil, Malásia e Indonésia, todos taxados de acordo com as novas tarifas, que devem entrar em vigor a partir de 1 de agosto.
Alguns países estão em negociação em busca de acordos, como é o caso da Indonésia, que reduziu as tarifas de 25% para 19% e busca a isenção das taxas para alguns de seus produtos exportados, como o cacau e seus derivados. Porém, mesmo se renegociadas, as tarifas ainda podem ter impacto na economia global e no fluxo comercial do cacau.
De modo geral, o mercado vê com preocupação a possibilidade de aumento da inflação nos Estados Unidos como consequência da imposição de tarifas a parceiros comerciais, o que pode pressionar os preços internos e reduzir o espaço para futuros cortes nas taxas de juros do país. Esse novo anúncio impactou diretamente o mercado de commodities e adiciona mais um elemento à já persistente volatilidade observada no mercado de cacau.
Apesar da pressão baixista decorrente dos resultados da demanda, vale reforçar que o cenário de oferta ainda é apertado para o setor do cacau e que qualquer nova informação a respeito do andamento da produção nos grandes produtores, como Costa do Marfim e Gana, pode mudar o comportamento dos preços. Além disso, os investimentos em novos plantios impulsionados pelos altos preços do cacau nos últimos anos só devem surtir efeito no médio-longo prazo, considerando o tempo de desenvolvimento da cultura.
Na semana encerrada em 18 de julho, os especuladores reduziram suas posições líquidas compradas tanto na ICE US quanto na ICE Europa, refletindo maior cautela diante da volatilidade dos preços.