Recuperação dos estoques de cacau na ICE EUA e impactos sobre os preços globais

Publicado 24.06.2025, 14:00

Os estoques totais de cacau na ICE EUA seguem em trajetória de recuperação e, no dia 18 de junho, atingiram o maior volume registrado em nove meses. O número representa uma reversão significativa em relação ao cenário observado no início de 2025, quando os estoques atingiram o nível mais baixo em 21 anos.

De acordo com análise da Hedgepoint Global Markets, esse aumento sinaliza uma maior disponibilidade de grãos no mercado. Combinado com a melhora nas expectativas de chuvas para a África Ocidental nos próximos dias — principal região produtora da commodity — o cenário contribui para a tendência de queda nos preços do cacau no curto e médio prazo.

Ainda segundo a Hedgepoint, a especulação em torno de possíveis mudanças na política comercial dos Estados Unidos, como o eventual retorno de tarifas, pode estar levando agentes do mercado a antecipar movimentos de importação e exportação, como forma de mitigar riscos de custos adicionais.

Em linha com essa movimentação, o contrato de setembro de 2025 registrou queda nos dois principais mercados de referência: em 18 de junho, fechou a 8.803 USD/ton em Nova York (baixa de 3,7%) e a 6.016 GBP/ton em Londres (queda de 3,4%).

Estoques totais e certificados de cacau – ICE EUA (‘000 sacas)

Gráfico

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Fonte: ICE

Ao analisar os estoques por origem, destaca-se o aumento no volume proveniente de países como Equador, Colômbia, Peru e Venezuela, em contraste com as entregas da Costa do Marfim. 

Embora o ritmo de embarques nos portos marfinenses ainda esteja ligeiramente acima do registrado no mesmo período do ano passado, observa-se uma desaceleração nas últimas semanas, além de relatos de problemas relacionados à qualidade das amêndoas. Esse cenário pode estar contribuindo para o crescimento da participação de outras origens nos estoques globais.

Estoques certificados por origem – ICE US (‘000 sacas)

Gráfico

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Fonte: ICE

Apesar do aumento nos estoques totais de cacau em Nova York, os volumes certificados apresentaram queda. Essa diferença pode estar relacionada ao uso de grãos certificados para entrega física, à mudança no perfil das origens atualmente armazenadas, e a possíveis decisões comerciais influenciadas por custos operacionais e condições de mercado. O cenário pode indicar uma recomposição dos estoques físicos, enquanto o volume certificado reflete fatores logísticos, comerciais e de qualidade.

Estoques na Europa

No caso dos estoques da ICE Europa, observa-se um comportamento distinto em relação à ICE EUA, com uma queda registrada no mês de maio. Segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO), o mercado londrino de cacau valoriza os grãos do Tipo 1 oriundos da África Ocidental. 

Já os grãos do Tipo 2, majoritariamente provenientes da América Latina e da Ásia, são menos valorizados e algumas vezes negociados com desconto. Nesse contexto, a redução no ritmo de entregas da Costa do Marfim, aliada à queda na qualidade das amêndoas, pode estar contribuindo para a diferença de comportamento entre os dois mercados.

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