Resultado Banco do Brasil (BBAS3) 1T20 – Ainda Vejo Oportunidades!

Publicado 13.05.2020, 08:22
BBAS3
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BBDC4
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ITUB4
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O resultado do Banco do Brasil (SA:BBAS3) foi bom (que fique claro). A banco teve o bottom line do seu resultado impactado por uma PDD maior devido aos impactos que o covid-19 está trazendo para a economia.
Porém, ele já estava, antes do covid, apresentando um resultado operacional e de rentabilidade muito bom, um dos melhores historicamente. Entra nesse novo cenário com um colchão para se defender e com um perfil de crédito mais defensivo.
Vamos ao que interessa!
É ESTATAL, MAS NÃO É RUIM
Fonte: Release Banco do Brasil 1T20
Podemos ver de início que a margem financeira do BB cresceu 10% vs. o 1T19, indicando uma melhora operacional por parte do banco em conseguir receita. Porém, tal qual como Bradesco (SA:SA:BBDC4) e Itaú (SA:SA:ITUB4), o PDD ou PCLD ampliada (tanto faz) impactou fortemente o resultado.
Por isso, temos um lucro líquido 20% menor quando comparado com o mesmo período anterior. Olhem essa composição do lucro líquido a seguir:
Fonte: Apresentação Banco do Brasil 1T20
É possível notar que o PDD foi bem grande e impactou diretamente o bottom line do banco. Assim como o Bradesco, o BB fez uma provisão muito maior por conta dos impactos que a covid-19 trouxe para esse novo cenário.
Gostaria de informar também que o banco comunicou que grande parte da provisão já foi feita no 1T20 e que até o final do ano devemos ver uma provisão com uma grandeza bem menor do que a vista neste resultado. Basta olhar o guidance do BB para entender:
Fonte: Apresentação Banco do Brasil 1T20
As provisões adicionais foram na ordem de R$ 2 bilhões. Gerando, assim, uma PCLD ampliada de R$ 5,5 bilhões com alta de 63,3% vs o 1T19. Vale ressaltar que nem tudo que está provisionado neste caso já é dado como “certo”. Parte do PDD, ou grande parte, pode ser revertida no próximo trimestre via pagamentos ou renegociações e volta para a companhia como recuperação de crédito.
Mas, tirando esse item pontual que foi o responsável por deixar o resultado mais feio, eu vi outros pontos positivos sobre o banco e reforço minhas palavras de que é estatal, mas não é ruim.
O BB passou por uma nova administração nos últimos anos que está mais focada em entregar resultados e mostrar que sabe fazer um bom trabalho. Não obstante, a MFB (Margem Financeira Bruta) cresceu 9,9% e atingiu R$ 14 bilhões, mesmo com queda de mais de 30% na taxa de juros do país.
A carteira de crédito ampliada cresceu 5,8% vs o 1T19, sendo que as carteiras de governo e pessoa física impulsionaram esse resultado (MPME e PF cresceram 12% e 9%, respectivamente).
Carteira pessoa física cresceu 9,6%, com crescimento de consignado de 16,4% e de empréstimo pessoal de 36%, sendo 41,5% desses empréstimos contratados via app! Olha o bancão estatal antigo surfando nas novas tecnologias!
Já no agronegócio, o agroindustrial tem decrescido e o rural tem crescido. Eles têm um market share (fatia de mercado) de 64% no empréstimo rural e o destaque da carteira é principalmente em CPR e garantias, que cresceram 60%, e 80% foi contratado via app, reforçando o esforço do digital e as inovações que o BB tem trazido a cada trimestre.
Para finalizar essa parte, a renda de prestação de serviço cresceu 4% no geral quando comparados ao mesmo período anterior. Destaque para consórcios e seguros/previdência, que cresceram 19,2% e 15,3%, respectivamente.
Fonte: Apresentação Banco do Brasil 1T20
Indo para os índices de inadimplência, cobertura e NPL Creation
Fonte: Release Banco do Brasil 1T20
O índice de inadimplência 90 dias caiu, mas no segmento de PF aumentou, e o índice de cobertura em PF ficou de lado.
Fonte: Release Banco do Brasil 1T20
Já o NPL CREATION teve aumento por conta do comportamento da carteira de PF. O NPL nada mais é que um índice que mede os “ativos não produtivos de juros” do banco, são empréstimos ou financiamentos que não são honrados. Esse índice também piora com o aumento da inadimplência e diz respeito aos ativos da companhia, pois empréstimos e financiamentos são onerosos para o banco.
No geral, fico mais tranquilo em relação ao Banco do Brasil. Não vimos uma deterioração desses indicadores ainda. Tudo isso reforça a boa gestão que o BB vem tendo.

COVID-19 E O BANCO COM ISSO?
O BB já veio de um “modo crise on”… Lições aprendidas de cenários anteriores fizeram ele passar com mais resiliência por esse novo cenário. Acho que isso fica muito claro com o crescimento de várias linhas dele e com uma boa gestão na inadimplência, o que faz com que somente o PDD, por enquanto, seja o grande vilão nos resultados.
O Banco do Brasil, desde o início da pandemia, tomou medidas para garantir o melhor atendimento a todos os clientes, ao mesmo tempo em que preza pela saúde e segurança de seus funcionários. A estratégia digital garantiu a ampliação do atendimento remoto com portfólio completo de serviços.
Com o objetivo de minimizar os impactos momentâneos do atual cenário de pandemia, foi oferecida aos clientes a possibilidade de repactuar por 60 dias para empresas e por até 180 dias para pessoas físicas o pagamento de dívidas que vencem nos próximos meses.
O BB manteve até R$ 100 bilhões para linhas de crédito voltadas para pessoas físicas (R$ 24 bilhões), empresas (R$ 48 bilhões), agronegócio (R$ 25 bilhões), além de suprimentos na área de saúde por prefeituras e governos (R$ 3 bilhões). Os recursos visam reforçar as linhas de crédito já existentes, principalmente as voltadas para crédito pessoal e capital de giro.
Para as MPME, o desembolso de recursos totalizou R$ 25,8 bilhões, principalmente para linhas de antecipação de recebíveis e de capital de giro, sendo R$ 3,6 bilhões em crédito novo e R$ 22,1 bilhões em renovações e prorrogações. Para as grandes empresas, o desembolso totalizou R$ 35,5 bilhões.
O presidente do BB disse ainda que, além do aumento do PDD, teve adiada a venda de participações do BB em negócios futuros, assim como o programa de desinvestimentos. Porém, a joint venture com o suíço UBS em banco de investimento deve começar a valer no segundo semestre deste ano, como previsto, mas com volume de negócios fraco por enquanto.
Por fim, para quem está preocupado com a distribuição de dividendos, o banco comentou que vai continuar pagando o mínimo de 25% estabelecido em seu estatuto (isso vai dar aproximadamente uns 6% de DY, levando em consideração o LL Ajustado de 12 meses).

MEU OUTLOOK PARA BBAS3
Tirando o PDD extraordinário que deve ser menor nos próximos trimestres, ainda vejo espaço para o banco atuar de forma inteligente e reverter uma boa parcela. O BB apresentou um resultado bem bacana em várias linhas de negócios e cresceu bem no digital, apresentando várias melhoras em seu aplicativo mobile.
É um banco que já está mais resiliente em relação a crises e acredito que se não houver nenhuma intervenção por conta do governo que tire o foco do banco em entregar um resultado cada vez melhor ao acionista, não tem por que o banco continuar nesses preços.
Seu valuation continua bastante atrativo para mim, já era antes de estar nesses níveis, nesses níveis então…
Valuation
O banco já estava para trás dos demais antes dessa crise toda e eu já o considerava bastante atraente! Agora ele está negociando a um desconto frente ao seu valor patrimonial e apenas 5x lucros para 2020. Além disso, acredito que o BB deve encerrar o ano com um ROE de 13%, um pouco parecido com os seus pares privados.
Notem como o P/L também está abaixo de 1 desvio padrão nos últimos 10 anos:
Fonte: Economatica e Bugg
Assim como o P/VPA:
Fonte: Economatica e Bugg
Logo, vejo muito espaço para o banco se valorizar e na minha opinião acho justo o banco negociar no mínimo a 50 reais, o que implicaria em um upside de 84,5% frente ao preço de 27,10.
Era isso, valeu!

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