Mais um resultado para vocês turma! Vou comentar o resultado da Via (ex Via Varejo (SA:VVAR3)), que por sinal, foi bem forte em alguns pontos. Mostrando realmente que a empresa está correndo atrás do crescimento.
UMA VIA? UM VIADUTO DE RESULTADO!
Antes de tudo, acho válido começar pelo início. Receita líquida de R$7,8 bilhões, crescimento de 49,2%. Sim, houve queda de margem bruta e houve queda de margem EBITDA. Até porque, houve um aumento de SG&A de 47% no trimestre.
Estamos falando de varejo também, margens são super apertadas e não é o foco de nenhuma companhia de varejo com ecommerce hoje ficar correndo atrás disso. Logo, isso pressionou o lucro operacional até chegarmos no Lucro Líquido.
Que inclusive, só foi positivo por conta dos impostos diferidos, que ajudaram a companhia no bottom line. Dito isso, o que importa para muitos a meu ver, é o crescimento do marketplace e quanto eles conseguem crescer para abocanhar mais market share.
Logo, vamos focar naquilo que tem interessado de fato!
O crescimento dos GMV’s. Para quem não está familiarizado com o termo GMV (Gross Merchandise Volume), ele costuma ser usado para determinar a saúde dos negócios de um site de comércio eletrônico porque sua receita será função da mercadoria bruta vendida e das taxas cobradas.
O GMV Total (Lojas Físicas + ecommerce) cresceu 51%. Sendo o Lojas Físicas Bruto, crescimento de 123% no trimestre. Olhando para o 1P, ele encerrou em R$4,7 bilhões, alta de 6,8%. Mas o foco da companhia, que tem sido o 3P, cresceu quase 85% no trimestre, encerrando em R$1,7 bilhão. Sendo assim, o GMV ecommerce bruto totalizou em $6,3 bilhões, alta de 20% frente ao mesmo período anterior.
Olhem que bacana também. A companhia alcançou 30 milhões de SKUs no 2 trimestre, um crescimento de 10x em relação ao 2T20. Sem contar que os sellers saíram 6mil para 71,2mil, representando uma alta de mais de 1000% em relação ao mesmo período anterior.
Isso permitiu com que a companhia, últimos sete trimestres, aumentasse o seu market share online de forma consistente, mais que dobrando o share. Eles saíram de 7,8% no 3T19 para 16,4% em julho de 2021, segundo a fonte Compre & Confie. Um salto interessante e que aproxima bastante da meta de ter pelo menos 20% do market share até 2025.
Outro ponto que merece a atenção, é a continua evolução do vendedor online (GMV 3P) que alcançou 18% no trimestre.
Sendo assim, é de se esperar que o omnichannel acelere o seu protagonismo. A companhia comentou que está com um plano agressivo de lojas. Sendo que, no primeiro semestre ela já inaugurou 19 das 120 lojas programadas para o ano, todas lojas estão configuradas para atender as demandas de e-commerce 1P e 3P.
Além disso, a companhia é uma das poucas do país que conseguem atender os 5.568 municípios brasileiros, incluindo localidades como Jutaí, município com menos de 14 mil habitantes, encravado na floresta amazônica, e onde o acesso se dá apenas por via aérea ou fluvial.
Por isso, o braço logístico vai ser um propulsor importante. Até o final do ano a Companhia reforçará sua vocação como “hub logístico” ao expandir seu pacote de serviços agnósticos para os sellers do marketplace incluindo o fulfillment (coleta, armazenagem e entrega de mercadorias) que será oferecido também no conceito mar aberto.
Assim, mesmo que o seller efetue a venda por outra plataforma, poderá contar com a Via para cuidar de toda sua logística. Hoje a companhia já entrega em 24 horas em 2.500 municípios e no mesmo dia em 65, performance sem precedentes no varejo brasileiro.
Pegando o gancho agora do portfólio financeiro da companhia, que praticamente está virando um ecossistema financeiro, tem potencial para preencher uma lacuna pouco explorada pelo mercado brasileiro, através do BNQI SCD e a Rede Celer.
Essas ofertas de soluções financeiras retroalimentam o ecossistema da Via. Abrem novos canais de conexão com os seus clientes, reduzem os custos de transações e aumenta a recorrência e fidelização na ponta final.
Para finalizar essa parte, falta comentar sobre a evolução no crediário e a dívida. Falando do crediário, a companhia já possui uma expertise de longa data, afinal, praticamente seis décadas operando em cima desse modelo.
Atualmente são mais de 15 milhões de clientes pré-aprovados, sendo +4,0 milhões de clientes ativos. Apesar do fechamento de lojas no período, a carteira do crediário seguiu com evolução positiva: crescimento de 52% YoY no 2T21 para R$ 4,7 bilhões (+R$ 1,6 bilhões nos últimos 12 meses).
E entrando um pouco no mercado de cartões, a companhia vem fazendo um trabalho bem interessante. Ela possui parceria de operação com o Itaú (SA:ITUB4) (Ponto) e Bradesco (SA:BBDC4) (Casas Bahia). Sendo que o total de novos cartões cresceu 3x em relação ao segundo trimestre de 2020.
Sem contar que o TPV (Total Payment Volume), que mede o total de volume transacionado utilizando os meios de pagamentos dela, alcançou R$4,6 bilhões, um aumento de 59% YoY. Agora vamos falar da dívida (prometo que é o fim). A companhia encerrou o trimestre de uma forma bem saudável a meu ver, com relação entre o caixa líquido ajustado e o EBITDA LTM de 0,7x.
Conclusão e Valuation
Minha conclusão é simples. Dados sólidos e avanços interessantes em diversos segmentos que a companhia atua. Está preocupado com o fato de o Lucro Operacional ter sido pressionado e o Lucro Líquido ter sido ajudado por conta dos impostos diferidos? Eu não ficaria preocupado com isso agora.
A companhia gerou um FCO positivo, assim como um FCF também. Dívida controlada, sem contar que é uma empresa muito grande, que sobreviveu 2020 fazendo um turnaround e tem acesso a diversas linhas de crédito.
A companhia vem entregando um bom crescimento do GMV, que corroborou com um bom ganho de market share (quase chegando na meta estabelecida pela empresa). Além disso, o foco em abertura de mais lojas, com o fortalecimento do omnichannel, juntamente com a melhora da experiência do usuário, me deixam tranquilos que a Via, está mesmo em uma via de crescimento.
Em 2019, um novo time de gestão assumiu a companhia, desde então, a missão é fazer uma transformação digital e concluir o turnaround com sucesso. Além disso, o crescimento direcionado ao marketplace, juntamente com o seu sistema logístico (ASAP LOG e I9XP) e com o seu diferencial em conceder crédito para os seus clientes (BanQI, CDC e Cartões), me fazem acreditar que o time realmente está indo em direção ao caminho certo.
Sendo assim, acredito que o mercado está sendo míope, tal qual foi com outras empresas no passado. Faz parte. Mas não se esqueçam, a companhia negocia a 0,5x EV/GMV, 18x P/L e 20% de ROIC para 2022. Margem de segurança, é bom e eu gosto.