Já adianto, o resultado não foi tão ruim quanto o de Grendene (SA:GRND3), mas foi ruim.
Toda paciência tem limite?
Depende, não diria que é com a empresa (neste caso rs) e sim com o setor. Desde o “follow-on” a companhia vem tentando mostrar que possui e que pode gerar valor a partir de suas operações. Infelizmente ela entrou em um período onde a retomada da economia que parecia engatar de vez, frustrou a todos.
Não foi com Temer que a mesma viu seu segmento brilhar e mesmo com All-in no novo governo, ela também não viu uma economia se aquecendo (na intensidade que esperávamos) mais uma vez. Enfrentou problemas com países vizinhos (e ainda enfrenta), teve que passar por uma crise dos caminheiros para piorar.
E mesmo passando por isso tudo, ainda não se deu por vencida e adquiriu o direito de vender e até fabricar produtos da Under Armour (NYSE:UAA) no Brasil (ou seja, ela investiu mesmo diante de tantas adversidades).
Mas Breno, você está tirando a culpa dela por não entregar bons resultados? Não, mas fica uma reflexão.
Infelizmente a companhia ainda está encontrando dificuldades de apresentar bons resultados.
Calçados femininos tiveram alta de 2,9% (não dá para considerar um crescimento, sinto muito), enquanto carro chefe da companhia, que são os calçados esportivos (Olympikus) queda de 5%, “felizmente” confecções e acessórios tiveram uma alta de 167% em relação ao 1T18. Não quis soar como uma gozação. Achei bom, sabemos que o número era pequeno e qualquer crescimento soa como uma porrada, mas pelo menos me mostrou que a inclusão da Under Armour no portfólio da empresa surtiu um efeito positivo.
Já as receitas…
Queda leve nos esportivos. Mas o que me desapontou foi a queda de 7,5% em calçados femininos que já estava começando a apresentar uma melhora em relação aos calçados esportivos. Outros calçados nem preciso comentar e confecções e acessórios em linha com o volume transacionados.
Next.
Só para ilustrar melhor, o mercado interno até que foi “normal” (não igual ao desastre que foi Grendene), porém, o mercado externo está chato demais. O fato da Argentina estar enfrentando novamente uma crise, complica muito, pois de lá vinham clientes importantes. Não obstante, vizinhos como Uruguai e Paraguai, que compram os calçados também, estão passando por algumas dificuldades.
Para finalizar, LL de R$ 26,2 milhões, queda de 21,6% vs 1T18. Margem Líquida atingiu 8,7%, com redução de 2,7p.p. vs 1T18. Ebitda encerrou em R$ 47,1 milhões, queda de 5,4% vs 1T18 e a Margem EBITDA diminuiu 1,4p.p. vs 1T18, finalizando em 15,7%.
Além disso, todas as despesas tiveram altas e não vou ficar citando números aqui. Entendam que as despesas vão subir nesse e nos próximos trimestres. A companhia fez um investimento, é normal que se gaste mais nas fases iniciais antes de começar a recolher os frutos. Inclusive, o gasto com marketing pode ser maior para Under Armour do que para os outros produtos, mas a companhia comentou que não deve extrapolar as despesas com marketing sobre a receita em relação ao ano anterior.
Ps: As disponibilidades da companhia pagam toda sua dívida e ainda sobra caixa líquido. Então, não se preocupem com as despesas no momento rs.
MEU OUTLOOK PARA VULC3
A companhia enfrentou e continua enfrentando várias diversidades, sejam elas externas, sejam elas em encaixar os produtos certos para fazer decolar a parte feminina de vez. Até a operação com a Under Armour ainda é algo complexo de se entender e teremos que aguardar para ver se o sucesso da mesma vai aparecer. Sendo assim, por continuar enfrentando problemas no setor, entregando resultados fracos, com pouco crescimento, e com diminuição de margens (o que não é nada bom mesmo). Vejo Vulcabras negociando a múltiplos que parecem até ser atraentes, mas que por conta de todas as adversidades citadas, fico com bastante receio na relação risco/retorno:
Era isso, valeu.