A temporada de balanços do terceiro trimestre começa nesta semana nos EUA, e os resultados dos principais bancos do país podem mostrar que a alta dos juros e o robusto crescimento econômico americano estão ajudando a aumentar suas margens de lucro.
Esses fatores estão por trás do forte rali do setor neste ano. O Índice Bancário KBW registra alta de mais de 40% no último ano, o dobro dos ganhos registrados pelo S&P 500 no mesmo período.
Esse notável desempenho, após uma das piores recessões da história dos EUA, é um testemunho da resiliência dos seus modelos de negócio, que se desenvolveram após a crise financeira de 2008.
Daqui para frente, os resultados dos bancos americanos podem crescer com os juros maiores no país. O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sinalizou, após sua reunião de setembro, que estava prestes a reverter seus programas de estímulos em novembro e poderia aumentar os juros já no próximo ano, em meio a riscos de um salto mais duradouro do que o esperado para a inflação.
Os juros maiores fazem bem aos bancos, pois eles podem aumentar suas margens nas taxas de empréstimos, cartões e financiamentos.
“É difícil ter uma visão muito negativa sobre os bancos, em razão de uma perspectiva macroeconômica favorável em geral e da perspectiva de juros maiores e um crescimento mais rápido do crédito”, destacou Matt O’Connor, analista do Deutsche Bank, em nota enviada aos clientes em 30 de setembro.
Demanda por crédito aumenta nos EUA
Em conjunto com os massivos gastos governamentais em infraestrutura e uma redução gradual do estímulo monetário, os bancos podem ver uma aceleração na demanda por crédito no próximo ano, à medida que pessoas e empresas vão usando sua liquidez acumulada durante a pandemia.
O crédito pode subir cerca de 1% nos grandes bancos americanos durante o terceiro trimestre, em comparação com o segundo, de acordo com analistas do Goldman Sachs liderados por Richard Ramsden. Ainda que modesto, o número aponta para um crescimento maior do crédito no ano, de cerca de 4%, afirmou Ramsden, em nota emitida na semana passada.
Morgan Stanley também afirmou em nota na semana passada:
“A demanda está finalmente aumentando, como demonstra a recente pesquisa de crédito feita pelo Fed, que registrou um aumento de demanda em todas as categorias de crédito.”
As ações do JP Morgan, Goldman Sachs e Bank of America, nossas três ações favoritas do setor, registraram ganhos de dois dígitos, graças à força dos seus bancos de investimento e divisões de trading.
O JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), maior banco dos EUA, considera que os resultados das suas divisões de trading e banco de investimento no terceiro trimestre serão melhores do que o previsto anteriormente. As taxas do seu banco de investimento aumentarão em relação ao ano passado, graças à intensa atividade de fusões e aquisições, depois que os banqueiros da companhia registraram seu melhor período de três meses da história no 2º tri. Tudo indica que este ano será o mais ativo em fusões e aquisições globais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A instituição financeira global sediada em Nova York divulgará seu balanço do 3º tri na quarta-feira, 13 de outubro, antes da abertura do mercado. Os analistas esperam um lucro por ação de US$3,06 sobre vendas de US$30,46 bilhões. As ações do JPM dispararam 34% neste ano, incluindo a valorização de 11% desde a reunião de política monetária do Fed de 22 de setembro.
As operações de trading nos mercados de capitais também contribuíram para a rápida recuperação dos bancos após o crash provocado pela pandemia.
A receita nessa divisão do Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) atingiu a máxima de 10 anos no primeiro trimestre. A instituição financeira divulgará seu balanço no dia 15 de outubro e deve registrar um lucro de US$10,11 por ação sobre vendas de US$11,72 bilhões.
As ações do GS saltaram 49% até agora no ano, segundo melhor desempenho do grupo. Os analistas aumentaram constantemente seus preços-alvos durante o rali e veem uma valorização adicional de 8,1% no próximo ano.
Conclusão
As ações bancárias, mesmo após a forte corrida de 2021, continuam atraentes, com muitas macrotendências favoráveis para seus negócios na recuperação econômica pós-pandemia. JPM, Goldman Sachs e Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) continuam sendo nossas escolhas favoritas no setor financeiro, graças ao seu portfólio diversificado e fortes balanços patrimoniais. Em nossa visão, qualquer fraqueza após a divulgação dos resultados é uma oportunidade de compra.