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Revolução nuclear nos investimentos: Urânio e o futuro das big tech

Publicado 30.10.2024, 13:00
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Em 2024, diversas notícias destacaram o envolvimento de grandes empresas de tecnologia no setor de energia nuclear. Esse movimento levanta algumas perguntas: por que as Big Techs estão interessadas em energia nuclear? Quais as vantagens para essas empresas? E qual o impacto na oferta e demanda de urânio mundial? Esse interesse pode valorizar empresas do setor e ETFs de urânio, tornando-o um potencial investimento. 

A Ascensão das Big Tech

Nos últimos anos, as Big Techs têm se destacado com um crescimento acelerado, impulsionado por projetos inovadores e pela popularização da inteligência artificial (IA). Esse avanço tem atraído cada vez mais usuários e tem sido bem recebido tanto no mercado de consumo quanto corporativo, projetando-se como tendência de longo prazo. No entanto, a IA exige altos níveis de energia para operar e expandir. Atualmente, a infraestrutura energética enfrenta desafios para atender a essas demandas crescentes, o que motiva a busca por fontes de energia mais eficientes e sustentáveis, como a nuclear.

 A Energia Nuclear

Para compreender o interesse das Big Techs na energia nuclear, é necessário entender o processo de fissão nuclear, que atualmente é o método mais utilizado nas usinas nucleares. A fissão consiste em dividir o núcleo de um átomo pesado (como o urânio) em núcleos menores, liberando uma grande quantidade de energia na forma de calor. Esse calor gera vapor que aciona turbinas para produzir eletricidade. A fissão produz cerca de 200 MeV por reação e é responsável por aproximadamente 10% da eletricidade mundial, amplamente usada em países como EUA, França e Japão.

Esse método se destaca por gerar grandes quantidades de energia com uma emissão de carbono extremamente baixa.

O Futuro a Fusão Nuclear

A fusão nuclear, atualmente em pesquisa, oferece uma promessa de energia quase ilimitada, segura e limpa. Essa tecnologia, diferente da fissão nuclear, une núcleos atômicos em vez de dividi-los, liberando uma energia imensa sem os mesmos resíduos radioativos de longo prazo. Grandes empresas como Helion (EUA), General Fusion (Canadá), TAE Technologies e Commonwealth Fusion Systems (MIT) lideram a corrida, com investimentos pesados de gigantes como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (Google), Bill Gates e Jeff Bezos. Tais fundos visam a comercialização da fusão até 2030, com a expectativa de bilhões de dólares em financiamento anual.

Investidores de peso, como Bill Gates, aportaram recentemente US$ 2,2 bilhões na Helion, enquanto a General Fusion recebeu cerca de US$ 71 milhões de investimento. Esses investimentos visam impulsionar a fusão nuclear do papel para a realidade, potencialmente revolucionando a produção de energia global e reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

O Grande Interesse 

As grandes empresas de tecnologia, como Alphabet (Google) e Amazon (NASDAQ:AMZN), estão cada vez mais voltadas para fontes de energia quase ilimitadas, sendo a fusão nuclear e os pequenos reatores modulares (SMRs) suas principais apostas. A fusão nuclear, ainda em fase de pesquisa, promete um fornecimento sustentável e seguro de energia, crucial para atender à crescente demanda gerada pela inteligência artificial. Recentemente, Alphabet e Amazon firmaram contratos com a OKLO, uma usina nuclear que opera com SMRs, resultando em uma valorização das ações da empresa de mais de 100% em apenas dois dias.

Além disso, a Microsoft (NASDAQ:MSFT) anunciou um contrato de 20 anos que possibilitou a reabertura da usina nuclear de Three Mile Island, indicando um forte compromisso do setor tecnológico com a energia nuclear. Esses desenvolvimentos refletem um planejamento estratégico sólido por parte das empresas, que buscam garantir fontes de energia confiáveis para sustentar suas operações e inovações futuras. Os SMRs, além de atenderem rapidamente à demanda energética atual, também podem facilitar a manutenção de projetos em andamento e futuros, representando uma solução prática e imediata para os desafios energéticos que essas empresas enfrentam. 

O Aumento da Receita

Os contratos firmados por empresas de tecnologia não apenas garantem eficiência e uma fonte de energia constante para novos projetos, mas também possibilitam o financiamento indireto dessas iniciativas de forma sustentável por meio do crédito de carbono. Criado no Protocolo de Quioto em 1997, o crédito de carbono incentiva a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A energia nuclear, considerada limpa e de baixa emissão, permite que as empresas reduzam suas emissões, gerando créditos que podem ser comercializados no futuro, aumentando sua lucratividade.

Um exemplo é a Tesla (NASDAQ:TSLA), que em 2023 gerou US$ 1,79 bilhões de receita com a venda de créditos regulatórios automotivos, um incremento significativo para a empresa. Assim, as empresas de tecnologia podem utilizar créditos de carbono para aumentar seu caixa de forma inteligente e gerar receita no curto prazo.

Como Aproveitar a Oportunidade

Existem várias maneiras de aproveitar o movimento gerado pelas empresas de tecnologia, tanto de forma direta quanto indireta. Um investimento direto pode ser feito em ETFs de urânio, como o Global X Uranium ETF (NYSE:URA), North Shore Global Uranium Mining ETF (URNM) e Invesco S&P SmallCap Energy ETF (NASDAQ:PSCE) no exterior, ou no Brasil por meio do ETF Global X Uranium ETF BDR (BVMF:BURA39). Esses ETFs mostram uma tendência de alta, tendo recentemente rompido suas máximas históricas e apresentando uma correção com médias apontando para cima, sugerindo uma retomada do movimento de alta. Essa pode ser uma alternativa interessante para exposição ao setor.

Interface gráfica do usuário, Gráfico

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(gráfico 01: ativo BURA39) 

As outras maneiras de exposição ao setor nuclear seriam indiretas, como a compra de ações de empresas que desenvolvem pequenos reatores modulares (SMRs). Algumas das principais empresas nesse campo incluem NuScale Power, Rolls-Royce (LON:RR), TerraPower, Westinghouse Electric Company, GE Hitachi Nuclear Energy e BWX Technologies. Dentre elas, a NuScale Power (ticker: SMR) é a mais destacada, pois já desenvolveu SMRs e recebeu aprovação da Comissão Reguladora Nuclear dos EUA (NRC). A BWX Technologies (BWXT) ainda está em fase de desenvolvimento. A NuScale tem mostrado uma tendência de alta, rompendo suas máximas históricas em US$ 16,78 e realizando um pivô de alta que sinalizando continuidade no movimento altista.

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Descrição gerada automaticamente

(gráfico 02: ativo NuScale Power) 

Analisando graficamente a BWX Technologies, observamos uma movimentação de alta nas últimas semanas, rompendo suas máximas históricas em US$ 107,22. Recentemente, a ação passou por uma correção no curto prazo, mas ainda demonstra potencial para continuidade na tendência de alta, tanto no curto quanto no longo prazo.

Gráfico

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(gráfico 03: ativo BWX Technologies)

As duas empresas, NuScale Power e BWX Technologies, têm apresentado movimentos fortes, rompendo suas máximas históricas e demonstrando continuidade nas tendências de alta tanto no curto quanto no longo prazo.

Além delas, outra opção de investimento na onda da energia nuclear é a OKLO, que também se destaca com um rompimento de sua máxima histórica em US$ 18,46. Após esse movimento, a ação formou um pivô de alta, gerando expectativas de crescimento para o curto e longo prazo.Gráfico, Histograma

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(gráfico 04: ativo Oklo Inc)

Além disso, é projetado que o preço do urânio deve alcançar aproximadamente US$ 106,00 por libra, um aumento em relação aos US$ 94,00 do mês passado e consideravelmente superior aos US$ 59,00 registrados no ano passado. A Shaw and Partners prevê que os preços poderão atingir até US$ 150 por libra entre 2025 e 2027, impulsionados pelo crescimento da demanda por energia nuclear. Estima-se que, até 2030, serão necessárias 83.840 toneladas métricas de urânio para abastecer as usinas, um aumento significativo em relação às 65.650 toneladas atuais. Até 2040, essa demanda pode chegar a 130.000 toneladas.

Esse cenário levou a China a planejar a construção de 150 novos reatores nucleares nos próximos 15 anos. A partir de 2030, poderemos enfrentar um déficit na oferta de urânio, especialmente considerando que o maior produtor, o Cazaquistão, já está reduzindo sua produção e muitas minas estão enfrentando dificuldades operacionais. Esses fatores podem resultar em um aumento significativo nos preços do urânio nos próximos anos. 

Considerações Finais 

Ao analisarmos o cenário atual, percebemos que a utilização da energia nuclear por algumas empresas já estava em pauta, especialmente aquelas que demandam grandes fontes de energia, como as empresas de tecnologia. Sabemos que a energia proveniente de fontes fósseis é limitada e não sustentará a expansão do boom tecnológico que se avizinha nas próximas décadas, especialmente considerando o crescente foco em questões ESG (ambientais, sociais e de governança).

Embora a energia nuclear ainda carregue um estigma devido às suas associações com armas nucleares, hoje é considerada uma fonte de energia limpa pode, no futuro, se tornar a principal fonte de energia do planeta, substituindo o carvão e o petróleo.

Estamos testemunhando uma tendência inegável, impulsionada por figuras proeminentes como Bill Gates, Jeff Bezos e a própria Alphabet (Google), que estão realizando investimentos significativos no desenvolvimento da fusão nuclear. Além disso, empresas de tecnologia estão firmando contratos de fornecimento de energia nuclear, como a Microsoft, que garantiu um acordo de 20 anos, assegurando uma fonte de energia constante e limpa.

Esse movimento exige uma reflexão sobre como os investidores podem tirar proveito dessas mudanças. Ao montarmos esse quebra-cabeça, notamos que as empresas estão se posicionando estrategicamente, firmando contratos para o fornecimento de energia nuclear, o que não só garante energia confiável, mas também contribui para a redução das emissões de CO2, permitindo que acumulem créditos de carbono, como exemplificado pela Tesla. Isso pode gerar fluxo de caixa adicional, possibilitando o pagamento de dividendos ou o investimento em novos projetos, como a fusão nuclear.

As grandes empresas estão definitivamente no jogo e suas intenções são sérias. Ignorar essa onda emergente pode ser um erro. Com a crescente demanda por urânio, essa commodity tem um grande potencial de valorização e pode, quem sabe, rivalizar com o petróleo.

Para investidores que desejam surfar essa onda, existem alternativas no Brasil, como o ETF BURA33, que tem demonstrado uma movimentação de alta. Outras opções incluem a NuScale Power, que já possui tecnologia para produção de SMRs e apresenta um gráfico de alta, ou a BWX Technologies, que desenvolve projetos semelhantes e pagou um dividendo de 0,63% nos últimos doze meses. Para aqueles com apetite por risco, considerar investimentos em usinas nucleares como a OKLO pode ser uma opção, enquanto os investidores mais conservadores podem optar por ações de grandes empresas de tecnologia, que podem se beneficiar do aumento na comercialização de créditos de carbono.

Por fim, uma escolha que definitivamente não deve ser feita é a de ignorar essas movimentações. Entender e considerar esse setor pode oferecer oportunidades de investimento valiosas, seja de forma conservadora, através das big techs, moderada, via ETF BURA33, ou de forma agressiva, investindo diretamente em empresas que desenvolvem projetos nucleares.

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