Só minhas elucubrações, nada sério (afinal, divagar não paga imposto! Ainda...):
Deu na Bloomberg ontem, 8/6/2018: Mercados emergentes pedem socorro ao FED!
Um americano respondeu que o FED não tem responsabilidade sobre outros países. Não é tão simples assim. Ao finalzinho da Segunda Guerra Mundial, em 1944, a conferência internacional de Bretton Woods (saiba mais) concedeu ao dólar o estatuto de moeda reserva internacional. Um monopólio para o FED. Ora, grandes poderes requerem grande responsabilidade! Mas a política egocêntrica lá nos EUA já está escancarada mesmo, resume-se no lema "America first!" (que muitos rednecks entendem como "America only! Fuck the rest!").
Foi esse clamor que rendeu ao chatésimo pato Donald Trump seu atual vaso sanitário privativo na Casa Branca. E o animal de plumagem vem provocando todo mundo, principalmente os países historicamente aliados aos EUA. É aquilo que eu já disse e escrevi: para o sistema financeiro dos EUA, chutar esse balde agora, em vez de dar mais tempo e oportunidades para outros países repensarem uma moeda de reserva internacional e alternativas para o meio de pagamento no comércio de commodities, só vai valorizar ainda mais a base monetária dos EUA, a qual foi turbinada por pás e pás de quantitative easings entre 2008 e 2014.
O FED criou mais 4 dólares para cada 1 dólar já existente na base monetária de 2008. Faça as contas: 5 vezes mais dólares e cada um deles valendo mais do que valia antigamente. Excelente negócio esse de imprimir (entenda-se 'criar do nada') a moeda de reserva internacional! Principalmente quando se tem o monopólio disso, afinal, fora o FED, quem quiser fazer a mágica de tirar dólares de uma cartola é logo condenado por falsificar dólares. Irônico?
Mas o Banco Central do Brasil deve estar "se achando". Esta semana bateu o pé, como se pudesse, e declarou que tem muita bala na agulha para reprimir a valorização exagerada do dólar perante o real. A preocupação é grande, pois o câmbio disparado desestabiliza a economia e pressiona as empresas brasileiras que se endividaram em dólares (cuja dívida fugiria de controle). Mas com juros negativos (nominais e reais) em vários países, o carry trade, aquele negócio de tomar emprestado de graça num país e investir em outro, comeu solto durante anos e inflacionou muitos ativos no mundo todo!
A instabilidade cambial, os juros americanos subindo desde dezembro de 2015 e o dólar se valorizando só contribuem para uma reavaliação, realização de lucros e retirada do investidor estrangeiro dos mercados emergentes, principalmente dos países que se mostraram tão relapsos na própria administração econômica (Argentina, Turquia, Angola, Brasil...). O Banco Central brasileiro estava mordido, pois, se não me engano, até quinta feira, o R$ real brasileiro era uma das 6 moedas internacionais que mais se desvalorizaram no mundo em 2018!
O Ilan Goldfajn do Itaú (SA:ITUB4), perdão, do BC (ah, é tudo a mesma coisa), bateu no peito e peitou. Coisa de gorila macho alpha! E prometeu desestimular a sangria com todas as suas armas: bala de prata, muito alho e estaca de madeira! Os estrangeiros devem estar lambendo os beiços. Deram até uma pausa na compra dos desejados dólares, pois, só ontem, o nosso foderoso BC já chegou a promover uma liquidação nos preços da moeda preferida que passou até dos 5% de desconto! Liquidação no shopping!
Se fosse eu, também ia ficar esperando uma chance de comprar ainda mais barato mais adiante! Estrangeiros querendo sair do país e, para isso, recomprando dólares, deveriam agradecer o BC pela camaradagem, afinal, já estava ficando relativamente salgadinha essa recompra de dólares. Pois é, o mercado financeiro mundial não é aquário de peixinhos ornamentais, não! É um ecossistema de águas salgadas, correntes traiçoeiras, sardinhas e tubarões. Fora dessas águas, o que vai ficar daqui a alguns anos, será o odor fétido de peixe estragado em nossas ruas... Mas isso não é problema deles, que têm dinheiro sobrando: fizeram mais e vão voltar a fazer mais!Alguém aí quer comprar sardinha?
A bolsa estimula a cidadania!