Nesta semana, os investidores deverão estar atentos aos dados de inflação ao consumidor, tanto da economia brasileira, com o IPCA de outubro como da economia americana, com o IPC do mesmo mês. Ambos os dados ditarão as expectativas para a política monetária de ambos os países, com a expectativa que o IPCA de outubro avance 0,46% e o IPC, 0,6%.
Dito isso, com a expectativa que a inflação ao consumidor dos EUA caminhe para o patamar de 8% no acumulado de 12 meses e longe da meta de inflação de 2%, o primeiro pivot diz respeito à política de juros do Federal Reserve, que na semana passada aumentou os juros americanos para o intervalo de 3,75% e 4,00% e sinalizou que a escalada deverá continuar nas próximas reuniões.
O primeiro ponto que diz respeito à política de juros do Federal Reserve e o seu impacto na atividade econômica, que conforme as últimas divulgações do PMI composto, o índice de gerentes de compras que agrega os setores de serviços e indústria, já mostra sinais de contração, hoje abaixo dos 50 pontos, assim como o payroll referente a outubro, que denota o enfraquecimento nas contratações na comparação aos últimos três meses, com a taxa de desemprego passando de 3,5% em setembro para 3,7% no mês passado.
Gráfico: Payroll
Fonte: Investing
O segundo pivot relevante é a China, que tem sido prejudicada pelas medidas de restrição à mobilidade, afetando o consumo, a produção e consequentemente toda a economia do país ao longo deste ano. Neste contexto, a questão que muitos economistas têm levantado é o potencial da retomada diante o fim das restrições, que começaram a ganhar força na última semana, com commodities, como o petróleo, respondendo com preços para cima.
Em outras palavras, a dinâmica da economia chinesa afeta as expectativas de crescimento econômico de seus parceiros comerciais, como o Brasil, que se beneficia pela exportação de commodities. E falando em Brasil, finalizo este artigo com o terceiro pivot, as contas públicas da economia brasileira.
Após as eleições, o país está diante de um significativo desafio fiscal ao longo do próximo ano. Com a expectativa de menor crescimento da economia em 2023 (hoje a mediana do Focus em 0,70%) e a concretização das promessas eleitorais do próximo presidente, o sinal para a expectativa de aumento do déficit fiscal para o próximo ano e da dívida pública fica mais evidente.
Assim, diante a economia mundial que segue com aumento de juros, como os EUA e a imprevisibilidade de retomada da economia chinesa no curto prazo, a falta de um compromisso do governo brasileiro com a austeridade fiscal poderá ser verificada através do aumento do prêmio de risco na curva de juros assim como na desvalorização cambial ao longo dos próximos meses, este que gera impactos negativos na inflação.
O momento agora, diante os três pivots, é observar a dinâmica econômica ao longo dos próximos meses, como nos EUA através do lucro das empresas na próxima bateria de resultados, na China com o comunicado de flexibilização das regras de mobilidade e as políticas de estímulo e por aqui, seguiremos vigilantes com a sinalização do novo governo quanto aos gastos públicos nos próximos anos.