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Semana Terá Ata do Copom, RTI, Previdência, Inflação, Emprego e Guerra Comercial

Publicado 22.09.2019, 23:39
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A semana promete ser agitada nos mercados financeiros brasileiros, especialmente na área de juros, com a divulgação na terça-feira da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que cortou os juros de 6% para 5,5% ao ano e indicou que a taxa básica Selic pode cair abaixo de 5%. Já há bancos trabalhando com juros de 4,25% ao ano no começo do ano que vem, o que deve ter impactos fortes no mercado de investimentos. As taxas caíram também nos mercados futuros, chegando a menos de 5 por cento ao ano no contrato para janeiro de 2021, e nos títulos do Tesouro Direto.

Outro elemento que pode influenciar os juros é o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central (BC), que na quinta-feira trará a visão do banco sobre a tendência dos preços no próximo ano e pode mostrar quanto de espaço há para cortar a Selic. Ainda no campo da inflação, o IBGE anuncia na terça-feira o IPCA-15 de setembro, prévia da inflação oficial, e, na sexta-feira, a Fundação Getulio Vargas divulga o IGP-M, índice que é usado na correção dos aluguéis, referente a este mês.

Os investidores estarão de olho ainda na votação da reforma da Previdência no plenário do Senado. O projeto de emenda constitucional acabou dividido em dois e a primeira parte, menos polêmica, pode ser aprovada esta semana.

Nesta semana, saem também os dados de arrecadação federal, sem data definida, e o resultado primário de agosto do Governo Central, formado por Tesouro, BC e Previdência, na sexta-feira. Sem data definida, sai também o emprego com carteira assinada do Caged de agosto.

Já no dia 24, terça-feira, a expectativa será com a abertura oficial da Assembleia das Nações Unidas (ONU) em Washington, que terá o discurso do presidente Jair Bolsonaro. Depois dos ataques da França e outros países à política ambiental brasileira por conta dos incêndios na Amazônia e a reação agressiva de Bolsonaro, a opinião pública internacional aguarda a posição brasileira, que pode acalmar os ânimos ou colocar mais lenha na fogueira. A imagem do país ficou bastante arranhada e o episódio pode influenciar as vendas de produtos agrícolas brasileiros, sem falar do acordo entre União Europeia e Mercosul. Portanto, a forma como Bolsonaro tratar a questão ambiental na ONU poderá ter reflexos importantes para a economia do país.

Nos Estados Unidos, as atenções estarão nas discussões com a China para acalmar a guerra comercial entre os dois países. Na semana passada, a missão chinesa cancelou uma visita a uma fazenda prevista nas reuniões com as autoridades americanas e voltou mais cedo para Pequim, passando a impressão de que as coisas não estão tão bem. As conversas são preparatórias para uma reunião de alto nível previsa para outubro. Mas o presidente Donald Trump afirmou que não quer apenas um acordo, mas um amplo tratado comercial para encerrar a disputa comercial entre os dois países. A disputa comercial pode afetar a economia mundial e ampliar as chances de uma recessão nos Estados Unidos.

O mercado estará acompanhando com atenção também a tensão no Oriente Médio e entre Estados Unidos e o Irã. Uma nova troca de ameaças ou novos ataques a países produtores, como Arábia Saudita, podem provocar altas dos preços do petróleo, ameaçando a já fraca economia mundial.

Outra fonte de preocupação estará no mercado financeiro americano. Na semana passada, uma inesperada falta de dinheiro de curto prazo nos bancos fez o juro overnight, de curtíssimo prazo, disparar pouco antes da reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano), atingindo 9% ao ano, mais de quatro vezes a taxa básica fixada pelo BC.. Isso obrigou o Fed a fazer leilões de liquidez, recomprando títulos dos bancos e injetando dinheiro no mercado. Foram vários leilões que somaram o impressionante valor de US$ 300 bilhões, coisa que não era vista desde a grande crise financeira de 2008. Isso trouxe preocupação em torno da saúde do sistema financeiro americano no momento em que o país teme uma recessão.

Nesta semana, saem também os dados finais do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre.

Já na segunda-feira, a expectativa será com o relatório Focus, pesquisa feita pelo Banco Central que deve mostrar mudanças nas projeções para o mercado financeiro, em especial os juros neste ano e no próximo. O Banco Central divulga o relatório do Setor Externo brasileiro e o investimento estrangeiro direto de agosto.

Na Zona do Euro e nos EUA, saem os índices dos gerentes de compras (PMI) compostos de setembro, que sinalizam o humor dos executivos com relação à economia.

Terça-feira, logo cedo, sai a ata do Copom, às 8 horas, Pouco depois, às 9 horas, o IBGE divulga o IPCA-15 de setembro, prévia do índice oficial usado nas metas de inflação do BC. O Banco Fator estima alta de 0,06%, abaixo dos 0,08% do mês anterior. Em 12 meses, a inflação deve ficar em 3,19%, abaixo dos 3,22% de agosto.

Quarta-feira o BC divulga os dados de crédito dos bancos de agosto, que podem dar novos sinais sobre a atividade econômica e o apetite do consumidor em comprar e das empresas em se endividar.

Na quinta-feira, o BC anuncia seu relatório trimestral de inflação do terceiro trimestre, com as projeções para o IPCA. Na Europa, sai o Boletim Econômico do Banco Central Europeu. Nos EUA, será divulgada a última prévia do PIB dos EUA do segundo trimestre.

IGP-M pode mostrar nova deflação e pode sair nova bandeira tarifária

Sexta-feira a FGV divulga o IGP-M de setembro, que pode apresentar deflação de 0,18%, estima o Banco Fator. Em agosto, o índice já tinha presentado queda de 0,67%. O IBGE divulga também os dados de emprego e desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de agosto e o Tesouro anuncia o resultado primário do Governo Central. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) define também a bandeira tarifária para outubro, o que pode impactar as contas de luz e a inflação. Nos EUA, saem os dados de renda pessoal e a inflação de gastos pessoais do consumidor americano, o PCE, usado no cálculo do PIB e referencial do Fed em sua meta de inflação. Na zona do euro, serão conhecidos os índices de confiança do consumidor e dos empresários.

Semana pode ter volta das tensões

A próxima semana promete a reedição das tensões vividas na semana passada, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital ModalMais. “Ficaremos ao sabor do noticiário internacional sobre o conflito geopolítico no Oriente Médio com sanções americanas mais profundas”, diz. Há ainda o noticiário sobre os encontros dos auxiliares dos negociadores americanos e chineses que preparam encontro dos negociadores oficiais em outubro. “De certo, só a atitude da Representação Comercial dos EUA (USRT) determinando a isenção para 437 produtos importados da China da parcela de US$ 250 bilhões, fato que trouxe algum alívio nas relações”, afirma Bandeira.

No Brasil, o economista diz que é preciso “dimensionar o noticiário internacional sobre o discurso de Bolsonaro na abertura da Assembleia da ONU em 24 de setembro”. É esperada pressão por diferentes países, alerta. Ainda do lado político, haverá a votação da reforma da Previdência marcada para o mesmo dia e a promessa de encerrar segunda votação até 10 de outubro. “Teremos que absorver os ruídos produzidos pelas discussões sobre reforma Tributária e saída para desonerar a folha de pagamento, já que aparentemente o governo não conta com a CPMF”, lembra.

Ibovespa sobe 1,27 por cento na semana

Semana passada, o Índice Bovespa terminou a sexta-feira em 104.817 pontos, em alta de 0,46%, acumulando +1,27% na semana, +3,64% no mês, +19,26% no ano e +34,18% em 12 meses. O saldo de estrangeiros na Bovespa se recuperou e está positivo no mês em R$ 1,124 milhões. Em 2019, a saída líquida acumulada caiu para R$ 20,104 bilhões.

Já o dólar fechou cotado a R$ 4,1530 na sexta-feira, queda de 0,22%. Porém, na semana, ele subiu 1,64% na semana, +0,27% no mês, +7,17% no ano e +1,96% em 12 meses. O risco-país medido pelo Credit Default Swap, ou CDS, espécie de seguro contra um calote do Brasil para 5 anos ficou estável em 1,20 pontos percentuais, um dos níveis mais baixos dos últimos anos.

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