A semana tende a apresentar volatilidade, pois os agentes dos mercados haviam vislumbrado uma trégua e praticado valorização dos ativos dos países emergentes, com base nos dados recentes menos favoráveis de alguns indicadores importantes da economia americana, apurados nos meses de dezembro e janeiro.
Porém, sabidamente o Estados Unidos sofreu grande impacto extremamente pontual em alguns segmentos de sua economia, que está em franca recuperação, consequentes dos problemas climáticos severos ocorridos naqueles meses e que pela grandiosidade não deixaram incólume o desempenho de seus indicadores econômicos. Mas, ao que tudo indica, o setor produtivo da economia americano está convicto de que o país está em franca recuperação e não foi sensibilizado negativamente pelos indicadores, portanto não sancionando o comportamento do mercado.
Na próxima sexta-feira, a nova Presidente do FED americano, Janet Yellen, fará pronunciamento sobre o relatório semestral de política monetária e, espera-se que na oportunidade seja possível vislumbrar-se a linha de pensamento/comando da nova titular principal do FED e as perspectivas para o “tapering” dos “QE´s”; para eventual alta de juro e, também, o quanto os números recentes sobre a geração de novos postos de trabalho abaixo das expectativas e a surpreendente queda da taxa de desemprego sensibilizaram os integrantes do FED.
Como faz parte do perfil do FED desconsiderar os indicadores contaminados por fatores atípicos, exemplo maior quando analisa os índices inflacionários focando principalmente os seus núcleos, não se deve descartar a possibilidade de reduzida consideração ou mesmo desconsideração àqueles dados apurados em dezembro e janeiro.
Uma sinalização neste sentido fará, certamente, ser retomada forte pressão sobre as moedas emergentes, tendo em vista que eliminará a ideia de que os países emergentes estariam tendo uma pausa nas pressões que vinham sofrendo em razão dos dados fracos recentes da economia americana.
Ontem, a taxa “yeld” dos T-Bills de 10 anos já voltou a subir de 2,68% para 2,75% aa. e o dólar teve um comportamento misto frente as principais moedas, porém voltou a valorizar-se frente as moedas emergentes, com destaque para o nosso real que foi a moeda com maior percentual de desvalorização retornando a R$ 2,40, já que notoriamente estava fora do ponto cotada a R$ 2,38 e assim teve corrigido parcialmente o seu preço.
O Index Dollar sinalizava, ao final do nosso expediente ontem no Brasil, 80,6250, variação negativa de 0,08%, tendo oscilado até então na faixa entre 80,59 e 80,77.
As bolsas americanas também apresentaram comportamento misto refletindo o clima de expectativa em relação ao pronunciamento de Janet Yellen, na próxima sexta-feira. A Bovespa retomou a linha de baixa.
Na Argentina, nossa vizinha e parceira comercial, a situação emite “ruídos” de agravamento da crise econômica com forte impacto na solvência internacional do país. Após as informações extraoficiais de contenção/protelamento dos pagamentos de importações, surgiram noticias indicando que poderá ocorrer mudanças nas regras de compras de dólares por pessoas físicas. Este é um assunto mal resolvido no país vizinho, já que chegou a proibir a compra de divisas por pessoas físicas, o que provocou expressivo “overshooting” no preço da moeda americana no mercado paralelo, que levou o governo a liberar a compra de US$ 2.000,00, mas que será difícil de ser mantido devido a frágil situação das reservas cambiais do país.
No nosso entendimento, o país portenho está em rota acelerada para uma nova moratória, face aos descalabros presentes em sua economia.
Reassumido o ambiente de incerteza no mercado global no curtíssimo prazo, afora naturalmente as demais perspectivas desfavoráveis ao Brasil já listadas inúmeras vezes em nossas abordagens, será natural que se conviva esta semana com o real com tendência de depreciação atingindo um nível de preço mais compatível com os fundamentos que devem influenciar a formação do preço da moeda americana em nosso mercado.
Volatilidade pode estar presente e faz parte do jogo do mercado, mas o viés deve ser de alta do dólar pressionado na medida em que se aproxime a sexta-feira, dia do pronunciamento da nova Presidente do FED.