Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

Será Que os Fundos Resistem?

Publicado 14.04.2014, 10:46

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com o vencimento maio/2014 cotado a 16.80 centavos de dólar por libra-peso uma queda de 55 pontos na semana, ou cerca de 12 dólares por tonelada. Os demais meses de vencimento até março/2016 fecharam em baixas entre 5 e 33 pontos, equivalentes a 1,10 e 7,28 dólares por tonelada, respectivamente.

O enfraquecimento do spread maio/julho vem demonstrar que o mercado físico de açúcar para a exportação está uma pasmaceira só e que ninguém no mercado internacional quer açúcar no curto prazo. Já esperando uma eventual entrega no maio, os detentores de posições compradas naquele vencimento revendem e rolam as mesmas para o vencimento seguinte, fazendo com que o spread sofra pressão. 64 pontos de diferença entre vencimentos com intervalo de 60 dias para um mercado que negocia 16.80 centavos de dólar por libra-peso implica em um carregamento de posição em torno de 25% ao ano em dólar. O que é isso?

Por que uma refinaria ou um consumidor industrial, apenas como exemplos, pagariam o equivalente a 25% ao ano mais caro para um açúcar contra o vencimento julho comparado ao vencimento maio? Pode-se argumentar que falta demanda nos mercados consumidores finais (menor consumo de refrigerantes, etc), impossibilidade de estocar matéria-prima (coibindo a antecipação de compra para aproveitar o spread), percepção de enfraquecimento da economia (e por isso o mercado está completamente largado). O ponto é que um spread aberto desse jeito incentiva que haja um grande recebedor de açúcar na entrega de maio, apostando que as coisas melhorem para os prêmios da commodity no mercado internacional ao longo dos 75 dias regulamentares que o contrato de NY permite ao comprador apresentar o navio para carregar o açúcar. Na pior das hipóteses, o possível recebedor reentregaria o açúcar no julho embolsando o ganho financeiro. Opção a custo zero esperando o El Nino, as chuvas de julho, a moagem abaixo da média, etc. Só tem uma empresa que pode fazer isso. Levanta a mão quem sabe o nome.

Mas, também, o enfraquecimento do spread assusta os fundos que continuam comprados 100.000 contratos e assistem o vencimento maio (onde eles estão mais posicionados) ser pressionado pela falta de demanda. Ou seja, no curto prazo o mercado pode tentar buscar 16.67 no maio, momento que se abre uma oportunidade para aqueles que querem fazer uma proteção contra uma eventual subida de preços para o segundo semestre em função de clima.

O número da safra de cana para 2014/2015 divulgado pela CONAB é o maior entre todos os analistas, traders e produtores que estão ligados ao mercado de açúcar: 613 milhões de toneladas. O mercado não deu muita importância. O menor número está em 570. Ou seja, tem 43 milhões de toneladas pairando sobre nossas cabeças.

O governo sinaliza com o aumento da mistura de anidro na gasolina dos atuais 25% para 27.5%. Pelo modelo da Archer Consulting, isso provocaria um aumento na demanda do anidro em aproximadamente 1.1 bilhão de litros na safra 2014/2015, assumindo que essa mudança entraria em vigor já a partir de 1º de maio. Com isso, aproximadamente 15 milhões de toneladas de cana serão retiradas da produção de açúcar para atender a essa demanda adicional.

Interessante, para dizer o menos, a avaliação de um oficial do governo federal em entrevista às agências de notícias. Demonstrando a mesma sabedoria peculiar que sobeja o governo petista de Lula/Dilma, disse que com essa medida (o possível aumento da mistura para 27.5%), os usineiros deverão voltar a investir na produção. Mais um daqueles seres do espaço que desconhece a galáxia da qual veio.

Enquanto isso, mais de 400 empregados foram dispensados esta semana por uma grande empresa do setor. É apenas a ponta do iceberg do que ocorre com um segmento que vê a remuneração do seu produto ser atingida por uma política cega do governo federal, subsidiando a gasolina. Lamentável.

O straddle (combinação de opções que consiste em vender a call e a put do mesmo preço de exercício) de 19 centavos de dólar por libra-peso para vencimento março de 2015 negocia a 287 pontos. Isso quer dizer o seguinte: se um operador vender esse straddle e o mercado expirar em meados de fevereiro abaixo de 19 centavos de dólar por libra-peso, ele está comprado a um preço mínimo de 16.13 centavos de dólar por libra-peso; por outro lado, se o mercado expirar acima de 19 centavos de dólar por libra-peso, o operador estará vendido a um preço máximo de 21.87 centavos de dólar por libra-peso. O risco reside se o mercado ficar abaixo de 16.13 ou acima de 21.87 centavos de dólar por libra-peso.


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