Setembro Sinaliza Bovespa “Andando de Lado” e Dólar com Viés Tendente a R$ 5,00!

Publicado 01.09.2020, 07:00
Atualizado 09.07.2023, 07:32
IBOV
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Tudo sugere que o mundo global entrará setembro com a percepção de não serão confirmadas as expectativas de recuperação das economias de forma mais rápida, muito pelo contrário, tanto a volta da atividade econômica quanto a geração de empregos e renda deverão ser lentas, contrariando o otimismo, por vezes até exacerbados.

Números são números “não tem amigos” e sinalizam realidades que, por vezes, não são consideradas com a acuidade necessária e então ocorrem desapontamentos e frustrações das expectativas.

Nem os “carros chefes” Estados Unidos e China confirmam e consolidam indícios de que a recuperação ocorra de forma mais efetiva e rápida, a despeito de um sinal positivo aqui e outro acolá, mas que não se confirmam com homogeneidade de avanços sustentáveis e fundamentados.

As demais economias, mesmo as também consideradas desenvolvidas, não sugerem que terão comportamento recuperatório das suas dinâmicas mais rápido, e as emergentes seguramente poderão demorar um pouco mais, pois o nível de dependência das desenvolvidas é fator de impacto e contração.

O FED americano já sinalizou que em perspectiva há desafios a serem superados e que o país precisa inclusive de mais inflação neste momento e ainda que a geração de empregos demandará maior tempo.

A China revela que o setor de serviços surpreende, mas a indústria desaponta, e, naturalmente, os desalinhamentos setoriais da economia não permitem que o todo reaja de forma harmônica.

O Brasil fechou agosto com a “depuração” de alguns indicadores que tendem a construir a dinâmica mais perceptível até o final do ano.

Os sinais obtidos da economia no setor de varejo e na indústria tiveram claramente como “patrono mor” o grande consumidor indireto da economia que é o governo com seus programas assistenciais, que em contraposição agravaram substantivamente a crise fiscal do país.

Ficou evidente e notório que este é um contexto insustentável.

Interromper os programas assistenciais à população carente sugere que seria drástico e certamente daria transparência efetiva da importância dos mesmos nos discretos indicadores de retomada da atividade econômica, por isso são tão relevantes e conflitantes as definições das estratégias fiscais do governo focando a continuidade, ainda que com valores menores, sem que seja rompido o teto orçamentário.

O governo está num “corner”, perante um grande desafio, mas o “cobertor curtíssimo” não permite grande criatividade, terá que tirar de um para socorrer outro, e mesmo assim poderá ficar sujeito a críticas dos beneficiários, que neste momento dão suporte a melhoria de avaliação do governo.

Seja qual for o roteiro, a trajetória fiscal, para viabilizar a manutenção de alguns programas assistenciais em bases reduzidas, evidentemente haverá uma contração na renda de parte substantiva da população e a retomada esperada da atividade econômica não parece apta a repor tão rapidamente, nem renda e nem emprego.

A economia deverá repercutir este “hiato” de consumo decorrente da redução de renda, da demanda agregada, e ficará claro que o governo é até este momento o grande gerador de renda e o grande consumidor indireto na economia.

Não acreditamos que a população carente tenha realizado “poupança” com os benefícios dos programas e nem que em razão disto haja “demanda reprimida”, mas sim que tudo foi consumido como alimentação e demandas de “desejos imediatos” com os recursos oriundos do governo e do crédito dos cartões de crédito, ambos que serão afetados.

Nas perspectivas para o quadrimestre próximo há efetiva dúvida quanto ao comportamento do juro. A curva do juro já insinua algum ajuste em outubro, a crise fiscal não é boa companhia para juro baixo, mas o mercado ainda acredita que o COPOM possa reduzir um pouco mais a SELIC. O cenário é contraditório.

A Bovespa, no nosso entendimento, já está sem tração e tende a “andar de lado” com viés de baixa, pois não encontrará estímulo nas perspectivas da recuperação da economia, que deverá desapontar, para sustentar viés de alta, e, consideramos temerário o grande número de IPO´s anunciados para este ano, pois o grande volume de recursos deslocado da renda fixa para a renda variável na Bovespa é possuído por pessoas físicas e estas, com o desempenho recente do mercado acionário, tende a retornar para a renda fixa por uma questão de cultura.

O dólar que ao longo do ano já “sofreu” de todos os males sinaliza que terá uma temporada mais calma e previsível.

Do exterior não se espera mudança radical no comportamento enfraquecido da moeda americana, ancorada esta premissa nas colocações do FED e no entendimento de que a recuperação da atividade econômica americana precisa de um dólar enfraquecido para retomar dinâmica positiva efetiva.

Internamente, o fato de não ter o país projeção de agravamento do déficit em transações correntes, até o contrário, não permite que se tenha expectativa de pressões de demanda de dólar no nosso mercado fora dos padrões habituais. Por outro lado, não se espera que o investidor estrangeiro retorne neste ano ao mercado brasileiro, mesmo considerando o relevante número de IPO´s programados.

O parâmetro de variação do preço da moeda americana no nosso mercado parece consistente entre R$ 5,00 a R$ 5,50, como “política de governo” de “câmbio alto juro baixo”, mas com a fragilização do dólar no mercado externo e melhor acurácia na avaliação do preço no nosso mercado face a visão prospectiva para o quadrimestre, é possível concluir que o “câmbio alto está muito alto” e neste momento já incorpora até os possíveis malefícios da crise fiscal, mas não está capitalizando os benefícios do país dispor de considerável volume de reservas cambiais e um mercado de derivativos extremamente sofisticado.

Então, entendemos que haverá um viés de baixa no preço da moeda americana no nosso mercado que tenderá a R$ 5,00 ao final do ano, visto que a dinâmica da atividade econômica fragilizada não terá influência na formação do preço da moeda americana.

O comportamento do preço do dólar ontem no mercado foi diretamente influenciado pela formação do PTax que enseja “confronto entre comprados e vendidos”, e houve ainda resistência ao ajuste de queda do preço que tende a ocorrer.

Acreditamos também que com o viés de baixa ficando mais evidente e sustentável a dimensão da volatilidade decorrente dos mini contratos e opções poderá perder intensidade.

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