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Sobre a MP da Eletrobras

Publicado 20.06.2021, 15:18
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Foi uma semana agitada. Vários eventos ocorreram. CPI da Covid, anuncio de reformulação do Bolsa Família, MP da Eletrobras (SA:ELET3) aprovada no Senado, reuniões do Fomc e do Copom, na qual “sinalizaram” condutas mais duras no combate à inflação e no “tapering” (redução na compra de ativos pelo Fed) nos EUA, para os próximos meses.

Falemos um pouco mais sobre a “acidentada privatização” da ELETROBRAS.

A MP, enviada pela Câmara ao Senado, acabou aprovada em placar apertado, 42 votos a 37, o que demonstra não haver consenso sobre a forma como esta “privatização” foi (ou) vem sendo “conduzida”. O problema é que o projeto original do governo foi enviado ao Congresso e acabou totalmente “descaracterizado”. São mais de 600 emendas nas duas casas legislativas! Agora, a MP volta à Câmara, por ter sido alterada no Senado, lembrando que por ser Medida Provisória possui um prazo de até o dia 22 de junho para não “caducar”.

No cerne desta MP a redução para menos de 50% do controle da estatal pelo governo, hoje dono de quase toda a empresa. Se a MP passar, a participação da União deve cair a 45%. Lembremos que esta MP nasceu no governo Temer e foi “reformatada” pela equipe do governo Bolsonaro. Quando chegou à Câmara, começou a ser “descaracterizada”, visando interesses regionais ou paroquiais. Se transformou numa tremendo “colcha de retalhos”, visando agradar a deputados e suas regiões.

O que seria a privatização de uma estatal, até então deficitária e pessimamente “gerida”, se tornou um cipoal de emendas intervencionistas, o que foge de qualquer princípio “privatizante”.

O que é privatizar, afinal? É tirar do controle estatal de empresas ineficientes, em tese, locus de acumulação e produção de bens e serviços. No caso desta MP, são 8 mil MW de despesas a mais em termelétricas, o que deve gerar um passivo imenso aos consumidores. Além disso, são notórios os casos desta “interiorização de termelétricas”, que não trazem nenhum benefício à região. Como resultado, o custo de energia deve aumentar, com a Eletrobras privatizada, o que vai contra a qualquer princípio da “modicidade tarifária”. Se privatiza algo quando o setor em que esta empresa atual necessita de mais investimentos que está estatal não pode “mobilizar”. O objetivo sempre é tornar a estatal vendida mais eficiente enquanto na mão do setor privado. Mas será que haverá interesse, teremos empresas ou grupos privados interessados?

Visando garantir a sobrevivência da MP, a principal mudança promovida pelo relator, o Senador Marcos Rogério, foi aumentar e reorganizar a quantidade de energia que a União será obrigada a “contratar” das usinas térmicas a gás. A compra compulsória nesta modalidade foi elevada em 33%, de 6 mil megawatts (MW) para 8 mil MW. Ou seja, serão construídos gasodutos, à custos bilionários, para levar gás à usinas, localizadas em locais, onde pode não haver reservas ou infraestruturas.

Estudos indicam que esta conta deve “sobrar” para o consumidor. Cálculos de associações do setor elétrico indicam o custo total da energia de R$ 84 bilhões, enquanto o governo federal sustenta que a privatização da Eletrobras deve reduzir as contas de luz em até 7,36%. Quem, afinal, fala a verdade?

Este gesto deve beneficiar, em especial, os estados do Sudeste, não contemplados no texto da Câmara. Um adicional de 2 mil MW em térmicas inflexíveis (que nunca desligam). Cerca de 1.250 MW instalados em alguns locais onde já existem suprimentos de gás e 750 MW em áreas de influência da Sudene (MG e ES), onde não existe fornecimento deste insumo. Pelas novas contas, serão 1.000 MW para o NE, 2.500 MW para o Norte, 2.500 MW para o Centro-Oeste e 2.000 MW para o Sudeste. Todas deverão estar operando até 2030.

Uma boa notícia foi a retirada da pauta da contratação de térmicas, antes da privatização e a desistência da prorrogação de benefícios à usinas de carvão mineral. Havia uma emenda, que aumentava o prazo, até 2035, deste subsídio ao carvão mineral para usinas termelétricas.

Foram incluídos também dispositivos, que tiram poder do Ibama e da Funai para o licenciamento das linhas de transmissão de energia Manaus-Boa Vista. Esta polêmica diz respeito à passagem deste “linhão” pelas terras dos Waimiri- Atroari. Esta MP praticamente o autorizou.

Outros “jabutis”. Uma boa é a gradual de liberalização do mercado de energia aos pequenos consumidores, com estes podendo escolher qual operadora de energia usar a partir de 2026 (hoje, eles são “cativos” das distribuidoras).

A MP prevê também o pagamento de R$ 260 milhões ao estado do Piauí pela privatização da Cepisa em 2018 (uma “espécie de indenização”), obriga a União a concluir as obras de “derrocamento” no rio Tietê até 2024, melhorando sua navegabilidade, assim como na bacia do Tocantins; e protege os trabalhadores da Eletrobras, que forem demitidos, “absorvidos” por outras estatais.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), os “jabutis” instituem a interferência do Congresso no planejamento técnico e são uma sinalização negativa ao setor. Na avaliação da economista Elena Landau, esta MP, do jeito como foi aprovada, mostra que o governo “perdeu completamente o controle do setor elétrico”. Segundo ela, “o texto é um retrocesso e representa o mesmo nível de interferência observado na gestão Dilma”.

É provável que a MP seja aprovada sem alterações no dia 22/junho. Embora o texto seja polêmico, acabará aprovado sem mudanças na Câmara. Agora que venham a empresa Correios e o porto de Santos.

Esta semana ainda deve ser outras novidades. Vamos a elas.

MP 1040/21. Tem por objetivo "modernizar e desburocratizar o ambiente de negócios". A proposta promove diversas mudanças na legislação para simplificar a abertura de empresas, facilitar o comércio exterior e ampliar as competências das assembleias gerais de acionistas;

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Discussão do Projeto de Lei Complementar 16/21, que unifica em todo o País as alíquotas do ICMS incidentes sobre combustíveis. A lista inclui gasolina, diesel, biodiesel, etanol e gás natural e de cozinha, além de vários outros derivados de petróleo;

Reforma Tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a reforma deve começar a “andar” na Câmara nesta semana. A expectativa é de que um projeto, que trata do Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas, deve ser apresentado na quarta-feira (dia 23). Esta é uma das etapas da reforma tributária, que tramitará em fases no Congresso.

Reforma Administrativa. A comissão especial deve ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana.

CPI da Covid. Nesta semana, a CPI ouvirá na terça-feira (22) o deputado federal Osmar Terra (MDB/RS); na quarta-feira (23), o médico Francisco Emerson Maximiano; na quinta-feira (24), o assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins; e na sexta-feira (25), o epidemiologista e ex-reitor da UFPEL, Pedro Hallal, e a médica e ex-diretora-executiva da organização Anistia Internacional, Jurema Werneck.

Nos mercados globais, o dia de sexta-feira foi de “correção”. No Ibovespa, tivemos uma pequena alta de 0,27%, a 128.405 pontos, na contramão dos pares em Wall Street. Os principais índices caíram 1%. No mercado de juros, tivemos desinclinação da curva, depois do Copom mais hawkish perder força, com o DI mais longo avançando. No mercado de câmbio, a liquidez mais baixa nos próximos meses, mais cedo do que se previa, deve afetar os fluxos para o Brasil. No dia o dólar chegou a cair a R$ 4,98, mas terminou em valorização de 0,92% contra o real, a R$ 5,0687.

Boa semana e bons negócios!

Últimos comentários

Esses senadores da CPI não cansam de apanhar? Achei que tinham desistido do palanque depois do Pazzuelo. Vai ser mais um espanco do Filipe G. Martins nas suas excrescências.
Em resumo, transferiram a fonte da politicagem e da corrupção de uma estatal gigante para pequenos fragmentos espalhados pelos redutos eleitorais. Em 22, seja patriota, pense no Brasil. Não vote em Lula e Bozo
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