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As stablecoins estão passando por um momento decisivo. Após anos de incerteza regulatória e ceticismo institucional, 2025 marca o início de uma fase para essa classe de criptoativos.
Antes visto como um possível entrave, o ambiente regulatório agora se transforma no principal catalisador para a adoção em massa.
A aprovação do GENIUS Act nos Estados Unidos (regulação que certifica o uso de certas stablecoins), junto com uma série de desenvolvimentos corporativos e institucionais, sinaliza que as stablecoins finalmente encontraram seu lugar no sistema financeiro global.
A Stripe adquiriu a Privy e a Bridge, Tether tornou-se o 19º maior detentor de títulos do Tesouro americano e gigantes como Mastercard (NYSE:MA) estabeleceram parcerias estratégicas para facilitar a compra de stablecoins em exchanges descentralizadas.
Esses marcos refletem uma mudança fundamental na percepção das stablecoins: de experimentos especulativos para ferramentas essenciais de infraestrutura financeira.
Segundo dados da Fireblocks, os frameworks regulatórios aumentaram a confiança empresarial em stablecoins em 80%, enquanto 86% das firmas já possuem infraestrutura pronta para essa transição.
O que torna esse momento ainda mais significativo é que as stablecoins resolvem problemas econômicos reais.
Transferências internacionais instantâneas e mais baratas, acesso sem permissão ao dólar americano para mercados emergentes, e a criação de demanda adicional para títulos do Tesouro americano são apenas algumas das aplicações práticas que justificam o interesse crescente.
Stablecoins como Infraestrutura de Pagamentos
Durante anos, as stablecoins foram principalmente utilizadas para facilitar as transações envolvendo criptomoedas, assim como hedge de volatilidade para os agentes econômicos, com USDT e USDC dominando o mercado.
Agora, o cenário mudou drasticamente. O relatório de adoção cripto de 2025 revela que 8 dos 10 países com maior crescimento em adoção de criptomoedas são impulsionados por demandas de pagamentos peer-to-peer e remessas.
Esse crescimento está concentrado em mercados emergentes (e.g. Argentina e Brasil), onde as stablecoins oferecem acesso sem permissão ao dólar americano - algo historicamente difícil em países de baixa renda.
Para empresas nessas regiões, stablecoins lastreadas em dólar fornecem a proteção necessária contra a volatilidade de suas moedas locais. A ConduitPay, uma solução de pagamentos internacionais apoiada pela Dragonfly Capital, reporta demanda crescente de empresas de importação e exportação na América Latina e África.
O e-commerce também está abrindo novas portas para as stablecoins. Segundo a a16z crypto, grandes varejistas como o Walmart (NYSE:WMT) podem aumentar suas receitas em até 62% ao reduzir taxas de intermediários financeiros através de pagamentos em stablecoins.
Não é por acaso que gigantes do setor já estão agindo. O Shopify (NASDAQ:SHOP) aceita pagamentos em USDC via Stripe, o PayPal (NASDAQ:PYPL) lançou o pyUSD com capitalização de US$ 1 bilhão, e empresas como Walmart e Amazon (NASDAQ:AMZN) desenvolvem planos para suas próprias stablecoins.
Com as barreiras regulatórias sendo "removidas", as stablecoins têm fundamentação para um forte crescimento nos próximos anos.
GENIUS Act
O GENIUS Act estabeleceu o framework regulatório para emissão de stablecoins nos Estados Unidos, criando demanda crescente por ferramentas de compliance à medida que novos emissores entram no mercado.
O GENIUS Act serve a dois propósitos principais:
1. proteção ao consumidor;
2. e segurança nacional.
Para proteção ao consumidor, as stablecoins devem ser totalmente lastreadas com ativos líquidos como títulos do Tesouro com vencimento de 93 dias ou menos, divulgação mensal pública da composição das reservas, e proteção contra falência garantindo que portadores de stablecoins têm prioridade em casos de insolvência.
Do lado da segurança nacional, os emissores devem cumprir com o Bank Secrecy Act (incluindo proteção contra lavagem de dinheiro (AML), identificação de clientes (KYC) e monitoramento de transações), possuir capacidades técnicas para congelar e queimar tokens, e coordenar com o Departamento do Tesouro antes de bloquear transações de entidades estrangeiras.
Mercado de câmbio 24/7
Após a aprovação regulatória americana de stablecoins, é inevitável que mais países adotem stablecoins e tokenizem suas moedas. Essa transição naturalmente dará origem a um mercado de moedas on-chain que oferece dois benefícios principais: operação 24/7 e maior participação de varejo devido à acessibilidade.
Atualmente, stablecoins em dólar americano (USD) dominam cerca de 98% do mercado, com EURC (stablecoin de euro) representando apenas 0,3%. Porém, a demanda por negociação de stablecoins não-USD está crescendo gradualmente devido a melhores taxas do que o mercado financeiro tradicional.
Por exemplo, as trocas USDC para EURC em corretoras descentralizadas são de 0,20% a 0,30% mais baratas que no Wise, mesmo considerando slippage e taxas.
Dadas as taxas de câmbio competitivas e as incertezas econômicas mais amplas, começamos a ver crescimento no EURC, com endereços ativos diários dobrando de 600 para 1.300 desde fevereiro.
Stablecoins mais novas como CADC (stablecoin de dólar canadense) e BRZ (stablecoin de real brasileiro) começaram a entrar no mercado com presença inicial pequena, mas crescente.
Governos e órgãos reguladores na União Europeia, Hong Kong, Singapura, Japão e Oriente Médio estão desenvolvendo ativamente frameworks regulatórios para facilitar a migração de ativos on-chain, incluindo stablecoins lastreadas em moedas locais. Isso é outro sinal de que a aceitação ampla de stablecoins cria o momento perfeito para um mercado FX on-chain.
Conclusão
O progresso regulatório está acelerando a adoção mainstream através de frameworks regulatórios claros que dão confiança ao TradFi, fintechs e sistemas de pagamento para integração com stablecoins, com destaque para o GENIUS Act dos Estados Unidos.
Países emergentes continuarão adotando stablecoins para transações internacionais e exposição ao dólar por conta de maior eficiência em termos econômicos.
Além disso, países seguem tokenizando suas moedas e criarão naturalmente um mercado 24/7 compatível com as Finanças Descentralizadas (DeFi) do mercado cripto.
Firmas com estratégias de investimento mais agressivas podem agora executar ações on chain, aproveitando a liquidez massiva de stablecoins on-chain.
A adoção em massa de stablecoins também estimulará demanda por finanças pessoais on-chain, levando a demanda crescente por produtos geradores de rendimento.
Hoje, as stablecoins são um dos principais tipos de produto financeiro do mundo, e não mais algo apenas utilizado pelos "criptonativos." Um ativo que traz conceitos inerentemente do setor cripto, como descentralização e funcionamento sem restrições, para o mercado financeiro tradicional e para economias pelo mundo.