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BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$7,075 bilhões em julho, uma queda de 6,3% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado, mas acima do esperado por economistas, mostraram dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços nesta quarta-feira.
As exportações somaram US$32,310 bilhões, valor recorde para o mês e uma alta de 4,8% em relação a julho de 2024. As importações, por outro lado, cresceram 8,4% no mesmo período, totalizando US$25,236 bilhões, também as mais elevadas para julho.
Economistas consultados pela Reuters previam superávit de US$5,600 bilhões de dólares no mês.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o saldo comercial foi de US$36,983 bilhões, uma queda de 24,7% em relação ao observado no mesmo período de 2024. As exportações somaram US$198,011 bilhões (+0,1%) no ano, e as importações, US$161,029 bilhões (+8,3%).
Questionado sobre possíveis mudanças nas dinâmicas comerciais com os Estados Unidos como resultado da imposição de tarifas mais elevadas sobre produtos brasileiros pelo presidente norte-americano, Donald Trump, o diretor de Estatísticas e Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, disse que houve crescimento recente dos embarques de vários produtos para os EUA que parece estar associado a um movimento de antecipação de vendas, pontuando que a dinâmica já era esperada.
"Sabemos que teve efeito de antecipação porque isso foi relatado pela própria imprensa", disse. "O que é natural. A gente observa isso também quando o Brasil adota alguma medida comercial."
Apesar desse movimento, o déficit do Brasil com os EUA tem crescido, refletindo a alta mais acelerada das importações brasileiras. Em julho, o saldo do comércio bilateral foi negativo em US$559,6 milhões para o Brasil, ante um déficit de US$38,9 milhões no mesmo mês de 2024. No período, as exportações brasileiras para os EUA cresceram 3,8% e as importações, 18,17%. No acumulado do ano, o déficit chegou a US$2,3 bilhões para o Brasil, de US$318,6 milhões no mesmo período do ano passado.
Brandão argumentou que o déficit com os EUA é estrutural e destacou que as importações e exportações brasileiras ao país têm crescido.
"O Brasil tem esse déficit estrutural com os Estados Unidos há cerca de 15 anos, então é difícil reverter uma tendência. Isso faz parte da composição da estrutura produtiva dos países. O Brasil demanda mais bens dos Estados Unidos em relação com o que os Estados Unidos demandam do Brasil", disse.
Nesta quarta-feira entraram em vigor as tarifas de 50% sobre boa parte dos produtos brasileiros exportados para os EUA. A taxação maior havia sido anunciada por Trump em 9 de julho.
SETORES
A indústria de transformação foi o setor que teve maior aumento de exportações no mês frente a julho do ano passado, de 7,4%, para US$17,577 bilhões, seguida pela indústria extrativa, com alta de 3,6%, para US$7,418 bilhões. Já as exportações do setor agropecuário cresceram 0,3%, para US$7,189 bilhões.
As importações do setor de transformação saltaram 11,1% e as do setor de agropecuário avançaram 3,8%, enquanto as do setor extrativo caíram 29,2%.
O coordenador-geral de Estatísticas de Comércio Exterior do MDIC, Saulo de Castro, relacionou a forte queda das importações da indústria extrativa ao recuo dos preços de petróleo, gás natural e carvão, que, segundo ele, compõem quase a totalidade de importações do setor, enquanto Brandão destacou que o país tem importado menos petróleo conforme aumenta a produção nacional.
(Por Victor Borges)