Brasil deixa retaliação aos EUA de lado e foca em medidas de apoio a afetados por tarifa
A “Super Quarta” é como o mercado financeiro chama o dia em que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil anunciam suas decisões sobre a taxa de juros, normalmente na mesma quarta-feira. Esse evento tem grande impacto nos mercados, nas moedas (dólar e real) e nas expectativas econômicas dos investidores.
Nesta semana, os olhos do mercado global estão voltados para a chamada Super Quarta. o dia em que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, e o Copom, no Brasil, anunciam suas decisões de política monetária. E, desta vez, o impacto pode ser ainda mais sensível para o investidor brasileiro.
Federal Reserve: manter os juros e observar o tom
A expectativa dominante é que o Fed mantenha os juros inalterados na faixa de 5,25% a 5,50%. No entanto, o foco do mercado está no discurso de Jerome Powell e nas projeções futuras de juros, o famoso “dot plot”.
A inflação nos Estados Unidos ainda mostra sinais de resistência, especialmente no setor de serviços e moradia. Isso pode adiar os cortes tão aguardados pelo mercado. Um discurso mais “hawkish” (duro) pode fortalecer o dólar e pressionar os mercados emergentes, especialmente o Brasil.
Copom: entre o fiscal e o monetário
Já no Brasil, o Copom deve manter a Selic em 15,0%, interrompendo de vez o ciclo de cortes iniciado em 2023. A decisão ocorre em meio a forte pressão fiscal, alta do dólar e desconfiança do investidor estrangeiro.
O Banco Central deve reforçar um discurso de prudência. Qualquer sinal de afrouxamento pode ser interpretado como descuido com o controle da inflação, e num cenário de incertezas, isso tem um preço alto: fuga de capital, juros longos mais altos e desvalorização do real.
Brasil em desvantagem
A verdade é que o Brasil está mais vulnerável neste momento. Mesmo com uma taxa de juros ainda elevada, os riscos fiscais estão no centro do radar dos analistas. A instabilidade política e a falta de medidas concretas para controlar os gastos públicos aumentam a aversão ao risco.
Enquanto isso, os EUA seguem ditando o ritmo da liquidez global. E cada palavra de Powell será cuidadosamente analisada.
Mais do que as decisões em si, o tom dos comunicados do Fed e do Copom é o que vai guiar os mercados nos próximos meses. A Super Quarta pode redefinir expectativas, influenciar o câmbio, mexer com a renda fixa e balançar a Bolsa.
Para o investidor, o momento exige calma, análise e diversificação. E, para o Brasil, fica o alerta: não basta juros altos, é preciso confiança, e confiança se constrói com responsabilidade fiscal e previsibilidade.