Acabou a última semana de 2016, um ano que foi cheio de emoções, especulações, reviravoltas na economia e no mercado e com direito a diversas surpresas na política também.
E para aqueles que tentaram prever alguma coisa nesse ano, acabou quebrando a cara e teve de refazer todos os cálculos pós Brexit, pós Trump e aqui no Brasil, pós Temer. Mas calma lá!!! O Temer ainda não saiu do poder, certo?
De fato, nós temos ainda o mesmo governante no poder, mas o que tudo indica é que a coisa está ficando feia para ele e, caso os pontos positivos da sua gestão não comecem a melhorar, teremos mais algumas manifestações nas ruas por ai e ouviremos novamente o bater das panelas das famílias indignadas.
O que temos visto é a avaliação de Temer piorar consistentemente conforme o registro das pesquisas e também as agências de risco enxergando uma probabilidade maior do presidente não terminar o seu mandato (de 10% para 20%, um número ainda pequeno, mas que dobrou em um prazo curtíssimo). As investigações da Lava-Jato e a lista da Odebrecht vem ai com tudo e prometem não deixar pedra sobre pedra no campo político, quando a pressão está chegando cada vez mais próximo não só do Temer, mas principalmente de sua equipe que, caso caia, o deixará sozinho e com nenhum poder político para aprovar os demais itens de sua reforma (justamente os mais polêmicos!!!).
E parece que já tem gente se mexendo pra caso a saída do presidente ocorra de verdade. Há partidos que já estão debatendo essa possibilidade e planejando quem assume o que nos backgrounds de Brasília. Até o TSE já se posicionou dizendo que caso a cassação ocorra dará preferência pela convocação de eleições diretas. Essa briga vai ser boa, grande e vai deixar muita gente machucada.
Já pelo lado da economia, há também um recuo dos diversos índices de confiança que pareciam estar embicando para cima, mas foi mais fogo de palha com um sentimento ainda de esperança pós-impeachment no ar.
O Focus nem se fala... semana a semana os números esperados para a economia de 2017 vem rasgando e já há alguns economistas que começaram até a precificar um cenário de mais uma retração para o PIB de 2017, quando antes todos apostavam em pelo menos alguma alta.
O que ainda dá um brilho de esperança é a inflação e a Selic. Com o IPCA entrando nos eixos (e que fique bem claro que há pouco crédito à equipe econômica atual, afinal a inflação vem caindo porque não há mais dinheiro na praça e ninguém consumindo) o governo se livra de um problema que outrora estava ameaçando novamente a fugir do controle e trazer os fantasmas da elevação desenfreada dos preços à tona.
Uma vez controlada, o COPOM tem agora a faca e o queijo na mão para reduzir os juros básicos da economia e desentravar ao mesmo tempo, o consumo através de empréstimos, o custo de investimento das empresas, a rolagem da dívida do país e também dar folego financeiro às famílias endividadas. Soma-se a isso o desembolso do FGTS e temos alguma perspectiva que no primeiro trimestre possamos ver a queda do índice de endividamento familiar e alguma recuperação do consumo (afinal, começo de ano é quando muitos querem aproveitar as promoções do pós natal).
Já na Bolsa de Valores, o pezinho de meia de muitos investidores, neste último mês tivemos um sentimento de ressaca, um tal de não sobe não desce, uma estagnação total. A bolsa saiu de 60 e poucos e bateu os 57, depois voltou e ficou beirando os 60 mesmo. Há uma certa acumulação de forças nessa região que está à espera de uma fagulha ou pra subir com vontade ou pra devolver tudo que subiu nesse ano (próximo de 30%).
Os estrangeiros estão atentos e a espera dos primeiros sinais do governo Trump que começa no dia 20 de Janeiro. Dinheiro nos caixas há aos montes, o que falta é segurança e certeza pra investir.
Caso o novo governo norte-americano comece com tudo, podemos ver um mix de aceleração da economia por lá com os juros do FED tendo que acompanhar a fome do mercado, levando o dinheiro do mundo de volta pra lá. Já se começar morno e se mostrando bem menos ativo do que a sua campanha demonstrou, podemos ver um maior interesse dos grandes fundos nos emergentes, procurando boas oportunidades.
Ainda assim, eu não estou muito confiante com a bolsa pra 2017. Se formos ver algum movimento, este terá que ser logo no começo do ano, quando todos estão com as esperanças renovadas. O governo até tem feito a sua parte com o anúncio de agendas positivas, reformas fiscais e também com a promessa do início do plano de concessões, mas chega de só apresentar, queremos ver um pouco de ação.
Acho que se o governo não conseguir dar um bom “choque de otimismo” logo de cara, teremos mais um período de marasmo na Bovespa que tenderá a se arrastar até o fim do primeiro semestre com tendências de piorar no segundo (sell in may and go away!). Espero que eu esteja errado!
No mais, um bom fim de ano para todo mundo, uma boa virada e na próxima semana já estaremos aqui para comentar o começo de 2017.
Tchau 2016... até nunca mais!