A incessante fustigação do presidente Jair Bolsonaro aos poderes constituídos do país e os riscos fiscais no horizonte com os impactos presumíveis nas contas públicas consequentes da Proposta da Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios e pela criação do programa social que objetiva substituir o Bolsa Família provocam repercussões desalentadoras, em especial ao mercado financeiro e contém o viés de apreciação mais intensiva do real, esperada a partir do momento em que o Banco Central vem sinalizando que será mais resoluto nos aumentos próximos da taxa de juro Selic.
O “populismo” precoce focando as eleições sucessórias tende a impactar provocando, outra vez, o desequilíbrio fiscal que tem repercussões imediatas na economia e conceito de risco do país, inibindo as tendências naturais dos segmentos do mercado financeiro ao propagar incertezas e insegurança.
O país que perdeu a atratividade ao investidor estrangeiro sente dificuldades em reconquistá-la, mesmo com sinais mais contundentes de que a política monetária errática ocorrida durante meses, sem ter alcançado os benefícios objetivados, tende a ser corrigida e a espiral inflacionária contida, se bem que há pressões em especial dos preços administrados, principalmente decorrente da crise hídrica.
Por outro lado, como temos salientado, cada vez mais, fique evidente que a recuperação dos Estados Unidos ocorre de forma desigual, visto não ter se propagado de forma mais intensa a retomada da atividade e a geração de empregos, o que torna crível a tese de que ainda não será de imediato o corte nos estímulos à economia e a busca do fortalecimento do dólar, mas sim ainda será necessária a sua manutenção fragilizada como postura de política do governo americano.
Este cenário externo, se confirmado, favoreceria as moedas emergentes e ao real, mais especificamente que teve a relação com o dólar mais exacerbada, contudo, os fatores políticos internos no Brasil acabam por conter esta tendência, a despeito da correção da dinâmica do juro interno.
Por outro lado, a recuperação da economia nos seus parcos sinais se mostra não disseminada e não gera empregos com correlação direta com o massivo desemprego atual, sendo preocupante o crescimento da pobreza, o que cria para o governo enorme oportunidade de propagação de ações populistas que nem sempre “cabem” no orçamento.
A Bovespa então está estagnada e carente de investidores estrangeiros.
É imperativo que se retome as discussões das reformas tributária e administrativa e se minimize a polarização política com arroubos dantescos e preocupantes reações dos outros poderes ofendidos.
O ambiente político do momento é amplamente desconstrutivo e inibe as tendências técnicas por perda de sustentabilidade.