Investing.com - As ações da Americanas (BVMF:AMER3) alcançaram o patamar de R$12 em janeiro deste ano e, após o anúncio de que entraria em recuperação judicial, chegaram a valer menos do que R$1, considerada uma penny stock. A volatilidade continua com notícias diárias que movimentam os papéis em oscilações de dois dígitos. Nesta sexta-feira, 3, estavam cotadas no patamar próximo de R$1,65. Com a queda acentuada, vale a pena entrar nos papéis? Para os analistas consultados pelo Investing.com, o risco não compensa.
Ainda hoje, com protestos de colaboradores que temem demissões e perdas de direitos, a companhia respondeu que não estão previstos desligamentos no momento, apenas “interrupção de alguns contratos com empresas fornecedoras de serviços terceirizados” e que possui um "relacionamento próximo" com sindicatos diante da crise. Ponderou, no entanto, que pode haver necessidade de reestruturação no futuro. A Americanas já interrompeu contratos com fornecedores e encerrou serviço de televendas, além de travar uma briga judicial com bancos credores.
Para mais detalhes sobre a situação da Americanas, confira mais um episódio do Podcast Tese de Investimentos. Caso não seja possível abrir o player abaixo, acesse pelo Anchor, Spotify, Deezer, Apple) ou Google Podcasts.
Recuperação judicial
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro no dia 19 de janeiro. No cargo há dez dias, o ex-CEO Sergio Rial renunciou ao anunciar ter encontrado “inconsistências contábeis” nos balanços da companhia dos últimos anos.
No momento, a Americanas passa pelo quarto maior processo de recuperação judicial do país. No ranking, lidera a Odebrecht, seguida da Oi (BVMF:OIBR3) e da Samarco. O tamanho real da dívida ainda segue em apuração. A companhia informou, de início, que seriam R$20 bilhões, referentes a divulgações erradas de operações de risco sacado.
“Nada mais é do que a empresa tomar dinheiro com os bancos, fazer uma dívida financeira, para cobrir as dívidas fornecedores“, destaca Rodrigo Salvador, Sócio da HCI Invest e Planejador Financeiro pela Planejar. Subestimando a dívida financeira, o mercado não teve acesso aos dados corretos de endividamento da companhia, que contabilizava as operações em dívidas com fornecedores. A varejista mudou o valor para R$40 bilhões e para R$47 bilhões em comunicados posteriores.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) precisou criar uma força-tarefa para apurar o caso das Americanas, em processos que envolvem o papel das agências de rating, da auditoria da PwC, insider trading e outros temas.
Companhia pode falir?
A Americanas saiu de índices da B3 (BVMF:B3SA3), a bolsa de valores brasileira, enquanto passa pelo processo de recuperação judicial e trava uma briga com os bancos credores que subiram o tom contra a companhia. A escalada de tensão com os bancos deve piorar, na visão Fernando Ferrer, da Empiricus.
Na visão de Ferrer, o trio de acionistas de referência da 3G Capital - Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que foram controladores - está muito calado, evitando a exposição. Na visão da Empiricus, a companhia precisaria de um aporte de capital entre R$12 e R$15 bilhões de reais. “Se o acionista de referência não der uma declaração mais contundente de que vai salvar a empresa, a gente vai ter uma deterioração de imagem e de participação de mercado da companhia”.
Leandro Siqueira, cofundador da Varos e especialista em ações da Spiti, concorda e acredita que se não houver um aporte, o futuro da empresa é a falência. “É bem difícil que ela consiga seguir sem nenhum tipo de capitalização porque a concessão de crédito vai ser muito mais escassa”.