Liquidação ou Correção de Mercado? Seja como for, aqui está o que fazer em seguidaVejas ações caras

Segundo Semestre: Mercado dos EUA nas Máximas, Brasil em Recuperação

Publicado 05.07.2021, 16:05
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Caramba, já faz um mês que não dou as caras por aqui… Mil desculpas. Foi um looping de muito trabalho + férias + aniversário da esposa que acabou me deixando off. Mas bora lá botar o papo em dia.

PUT YOU MONEY WHERE YOUR MOUTH IT IS

Começando sem enrolação: antes de falar o que estou vendo de mercado, deixe-me fazer um update de carteira. Eu postava a minha carteira aqui, mas tive que parar por motivos de compliance. Ainda assim, vou abrir o que dá:

  • Tenho hoje 47% alocados no exterior e 53% alocados no Brasil;
  • Nível de caixa em ambos os mercados é de cerca de 20%;
  • No exterior tenho uma carteira com 15 ativos sendo 3 ETFs, apenas 1 Reit (algo que me arrependo) e 11 ativos. Em termos setoriais tenho uns 60% alocados em cases mais focados em crescimento/tecnologia; nos outros 40% tenho empresa farmacêutica, varejo, REIT focado na reabertura econômica, energia, consumo básico. Sim, minha diversificação não é das melhores e sei que o risco da carteira é elevado.
  • No Brasil, tenho dinheiro usado como seed money na antiga gestora que trabalhava e alocado em alguns clubes lá… Coisa de 13% que sei que são bem diversificados. Na minha carteira pessoal, o volume de caixa no Brasil está um pouco maior e a carteira concentrada em 8 ativos. Tenho varejo, bancos, construção, mineração, indústria e vestuário.

Antes que me perguntem, a queda do dólar não me abala e na verdade sigo vendo como uma oportunidade para aumentar exposição dolarizada da carteira.

Mas investir nos EUA nas máximas… Vamos a US então.

MERCADO AMERICANO

O mercado americano nesta semana pareceu um final feliz típico de filme de Hollywood. Na semana do dia mais importante do ano temos bolsas nas máximas para comemorar a independência americana!

O problema é que esse filme não acaba…

Enquanto muitos esperavam uma correção, vimos o mercado americano atingir novas máximas sustentadas por dados que mostram que a economia americana segue reabrindo em ritmo forte. Essa semana que passou tivemos: o índice de confiança do consumidor mais forte que o esperado, atingindo nível máximo em 16 meses, bem como indicadores do mercado de trabalho americano. Na sexta tivemos o Payroll, que mostrou a criação de 850 mil postos de trabalho, número bem acima dos 706 mil esperados. Mais uma vez, um dos setores que mais se beneficia da reabertura econômica foi o destaque em termos de criação de empregos. Abaixo a abertura dos empregos por setor.

Empregos

O mercado seguiu vendo a volatilidade em níveis baixos, petróleo atingindo novas máximas e os juros de 10 anos cedendo ainda mais, rompendo a barreira dos 1,5% e fechando a semana em 1,43%. E aí, com esse cenário bom, temos S&P, Nasdaq e Dow Jones nas máximas.

Mas…

PARE, OLHE, ESCUTE…

Chegamos ao fim do semestre… Meio ano já se foi. Você irá piscar os olhos e já estará vendo decorações de natal espalhadas por aí. Sim, os dias e a vida parecem passar muito rápido, essa me parece ser uma percepção comum. Então convém, de vez em quando, parar para ver onde estamos. O gráfico abaixo do S&P Global Market Intelligence traz um resumo das performances de diferentes classes de ativos.

Retorno

A bolsa americana (medida pelo S&P 500) encerrou o semestre com uma valorização de 15%. Excetuando os investimentos atrelados a commodities (medidos no gráfico acima pelo S&P GSCI Crude Oil e o S&P GSCI), e a bolsa canadense (S&P TSX60), que também tem forte relação com algumas commodities, podemos dizer que o investimento na bolsa americana foram o que trouxe mais retorno até então. Para fins de comparação, a bolsa brasileira apresentou uma alta de 6,5%, menos da metade. Mais uma vez, investir nos EUA se mostrou uma alternativa acertada, não somente pelo aspecto de segurança de investir num mercado mais consolidado, mas também pelo aspecto de retorno per se.

Como pano de fundo, tivemos uma economia global que sai da crise do COVID, cresce, em especial em seu setor industrial – a explicação disso é que o setor de serviços sofre influência de setores que ainda não voltaram totalmente ao normal, como hospedagem e hotelaria, restaurantes e bares, viagens entre outros. O gráfico abaixo mostra os PMI’s (Purchasing Managers Index, algo como Índice de Compras dos Gerentes) que buscam medir o desempenho da atividade de diferentes economias. Números acima de 50 indicam expansão da atividade (economia cresce). Os EUA se destacam, por estarem com uma economia mais aberta e verem ambos os segmentos crescerem.

PMI

LÁ VEM O TREM?

Pare, olhe, escute é o sinal que vemos perto da linha do trem. Uma bela dica para não sermos atropelados. No mercado, vemos poucos indicativos de onde viria esse trem, mas é sempre importante estarmos preparados. É exatamente nos momentos de alta e de “bonança” que devemos pensar nisso. Vivemos o que chamamos de bull Market, mas mesmo mercados de alta passam por correções. O S&P 500 atingiu o seu ponto mais baixo em 23 de março de 2020, o que significa que estamos três meses no segundo ano de mercado em alta. Quando olhamos a história, desde 1945, mercados de alta viram quedas de 10% durante o segundo ano, considerando ponto de máxima a mínima, de acordo com BMO Capital Markets. Essas reduções variaram de 5,1% a 16%. O gráfico abaixo apresenta os dados compilados.

Reduções

Como sempre, não há como saber quando e nem se uma realização de 10% virá, mas é sempre bom estarmos preparados. Na maioria das vezes, como cantava Marina, “nada é melhor do que não fazer nada". Falo isso em termos de carteiras… Mas é sempre bom estarmos preparados.

Tradicionalmente, o segundo ano de uma alta na bolsa americana tende a ser mais ameno. Bolsas antecipam movimentos econômicos e buscam sempre olhar para o futuro. Então, essa forte atividade econômica que temos visto atualmente já foi precificada em parte. Com isso, fica cada vez mais difícil para as empresas surpreenderem positivamente e isso explica um retorno mais ameno. Mas, nesse sentido, temos tido boas novidades. Na última safra de balanços um número recorde de empresas do S&P 500 disse que seus ganhos do segundo trimestre seriam melhores do que os analistas esperam. Das empresas do S&P 500, 103 ofereceram um guidance, perspectivas maiores de lucros para o segundo trimestre, de acordo com dados da FactSet.

Q2

E, corroborando a isso, pesquisas de percepção e sentimento dos CEOs se mostram em patamares elevados.

CEO

Após as altas recentes, é normal o investidor se sentir um pouco reticente com o que há por vir. Se há uma certeza no mercado de renda variável é a de que ela varia. Mesmo assim, o que quis mostrar é que existe um bom fundamento por trás dessa alta e desse otimismo que tem sustentado o mercado. O câmbio (relação Real por Dólar) parece apresentar uma boa janela de oportunidades para quem quer começar a investir em ativos dolarizados, afinal existem mis de 6 mil ativos para buscar alocação no mercado americano.

Seguindo…vamos para o Brasilzão

BRASIL

Há pouco mais de 1 mês, tinha escrito que o Brasil vinha buscando o distanciamento de outros emergentes. Recapitulando, se fosse um jogo de futebol, na primeira partida (primeiro semestre), no primeiro tempo, tomamos uma lavada do mundo… Muita expectativa em cima do Brasil que decepcionou…. Vacinas atrasaram, conflitos políticos, reformas que não avançaram, quase o mesmo de sempre quase. Mas no segundo tempo (segundo trimestre) o time voltou outro e empatamos a partida! O gráfico de comparação abaixo ajuda a evidenciar isso.

ETF

O que mudou? E será que seguirá nos ajudando?

Eu diria que um misto de coisas….

(i) Vacinação. A vacinação andou e segue andando. Isso sustenta algum otimismo para o segundo semestre que se inicia.

Vacinação

(ii) Calmaria. O mundo vive um momento de calmaria, vide o VIX nas mínimas, com ativos de risco performando bem, vide as bolsas americanas e europeia em máximas. Não dá para contar com isso, mas é assim que iniciamos o segundo semestre, o que é positivo para o Brasil.

(iii) Economia. De fato os indicadores econômicos do Brasil surpreenderam positivamente e isso fez com que todo mundo revisasse projeções de crescimento. Veja que o último PMI voltou a surpreender na ponta positiva.

Brasil PMI

As exportações seguem bombando, o que é muito bom e, de quebra, ajuda a segurar o câmbio, atenuando assim preocupações inflacionárias.

Exportações

Até a situação fiscal deu uma folga com o crescimento, claro, arrecada-se mais …

DL/PIB

E para a tristeza da imprensa, o mercado de trabalho também surpreendeu positivamente, com uma criação de postos de trabalho maior que a esperada.

Empregos BR

Acredito que ainda podemos ver isso acontecer no segundo semestre. É a bala de prata do governo para buscar reeleição. Então, acredito que podemos seguir surfando um bom momento econômico em linha com a reabertura e crescimento do mundo.

(iv) Política. Tivemos uma certa calmaria política, inclusive voltando a falar em reformas. Bem verdade que a reforma tributária conseguiu a proeza de não agradar gregos nem troianos, mas ao menos voltamos a falar delas. No campo político é que, a meu ver, reside o maior risco. Estamos a 6 meses de um ano em que vamos decidir presidente, governadores, congressistas e senadores. Me preocupa sob dois pontos: potencial de tomada de medidas populistas às vésperas da eleição; dicotomia muito grande de planos e visões que tornam um evento super binário para o mercado… Aquela ideia do 8 ou 80.

O QUE FAZER COM O MEU DINHEIRO

Essa é uma resposta que só você pode responder, mas dando aqui meus pitacos… Penso que, mesmo com cenário político citado acima, ainda há oportunidades na bolsa brasileira, sempre há. Mas pretendo ficar fora de toda e qualquer estatal de agora em diante, sob pena de perder muito retorno. Faz parte. Não estou com estômago para surfar esse tipo de volatilidade.

Penso que a queda recente do ouro tem aberto uma oportunidade “de ouro” (rs) para quem quer fazer um balanceamento de carteira com algum ativo mais de segurança. Fazendo no mercado internacional é mais fácil, inclusive.

Sob o aspecto de alocação me parece fazer TOTAL sentido aproveitar o câmbio a R$ 5,00 para dolarizar parte do patrimônio, afinal não sabemos o que vem pela frente. Fora isso, quem dolariza agora a R$ 5 pode esperar para montar posição no exterior, se aproveitando de qualquer susto que certamente virá nos mercados globais nesse segundo semestre. É momento de dolarizar e depois: Pare, Olhe e Escute!

Era isso… Aquele Abs

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