Olhe para o juro real!
Conforme já era esperado por boa parte do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou recentemente a nossa taxa básica de juros (Selic) em +0,75 p.p, agora para 3,5 por cento ao ano, sinalizando também que deve haver uma nova alta de mesma magnitude em sua próxima reunião, em meados de junho.
Com esse cenário cuja visibilidade é de aumento de juros curtos, é normal que alguns investidores voltem a se perguntar sobre o retorno com renda fixa vs. atratividade da bolsa. Contudo, existe um porém que muitos não olham e que é muito importante ficar atento: observar o retorno com juros em termos reais, que é basicamente o retorno nominal descontado da inflação.
Com projeções de inflação a 5,15 por cento, bem como de taxa Selic de 5,50 por cento, ambas para o final de 2021, conforme divulgado no último relatório Focus, acho que dá para perceber que as taxas reais de juros seguem bastante baixas – veja que de forma alguma estou falando que renda fixa não é importante: ela deve estar presente na carteira de todo investidor, principalmente como reserva de oportunidades e emergência.
Vamos agora fazer um pensamento juntos! Se considerarmos a projeção do Dividend Yield (retorno com dividendos) do IBOV, que se situa próximo de 4 por cento para os próximos 12 meses, você compararia essa métrica com qual taxa? A Selic ou a taxa de juro real?
Acertou quem respondeu taxa de juro real! O motivo: dividendos são métricas REAIS, uma vez que as empresas repassam a inflação para os seus preços de venda. Como o dividendo nada mais é do que um pedacinho do lucro que sai da empresa para o bolso dos acionistas, ele é corrigido pela inflação ao longo do tempo.
Portanto, os 4 por cento de dividendos do IBOV não são ruins quando comparados com a nova Selic de 3,5 por cento, como muitos pensam...
Isso tudo considerado, vejo que as companhias conhecidas como boas pagadoras de dividendos seguem como uma ótima estratégia na bolsa, superando o retorno dos juros somente com os dividendos. Isso sem contar o ganho de capital...
Agora, vou te falar de 3 ações que podem pagar dividendos (bem) acima da Selic! Vamos lá!
Engie Brasil (EGIE3): diversificação é o nome do jogo
A Engie Brasil (SA:EGIE3) é uma empresa que alia bom potencial de crescimento com atrativa distribuição de dividendos. A companhia é uma das mais robustas do seu segmento e vem apresentando cada vez mais uma diversificação bastante interessante no seu portfólio como forma de se proteger dos efeitos hidrológicos.
Dentre as medidas que permitem essa diversificação, destaco: investimento em fontes renováveis, entrada no setor de transmissão de energia elétrica e penetração no segmento de transporte de gás.
Estimo um Dividend Yield de 8,0 por cento para os próximos 12 meses. Recomendação: COMPRAR Engie Brasil (EGIE3).
Telefônica Brasil (VIVT3): investindo onde deve investir
A Telefônica Brasil (VIVT3) é uma das principais empresas de telecomunicação do Brasil. Iniciando apenas com serviço de Telefonia Fixa, a companhia tem transferido gradativamente o seu foco de produtos Legados (Telefonia Fixa, Móvel e Banda Larga) para investir em novidades mais tecnológicas do setor e que têm maior potencial de retorno, como a Fibra Óptica.
A Telefônica Brasil está muito bem posicionada em seu setor de atuação, seguindo com boa geração de caixa, resultados consistentes, valuation atrativo e ótimos níveis de dividendos. O Dividend Yield estimado para a Companhia é de 8,0 por cento para os próximos 12 meses. Recomendação: COMPRAR Telefônica Brasil (VIVT3).
ITSA: com desconto é mais gostoso
Nessa tese, estamos basicamente falando de Itaú Unibanco. Isso porque quase que a totalidade dos lucros de Itaúsa advém do “bancão” que tanto aparece no nosso dia a dia. Itaúsa (ITSA4) é uma holding que apresenta investimentos em: Itaú Unibanco (ITUB4 (SA:ITUB4)); Duratex (SA:DTEX3); Alpargatas (SA:ALPA4); e outros.
Mas então, por qual motivo Itaúsa e não Itaú Unibanco diretamente? Basicamente, comprar Itaúsa é comprar Itaú Unibanco com o desconto proporcionado pela holding.
Uma empresa altamente rentável, confiável, barata e com um yield esperado na casa de 5,0 por cento para os próximos 12 meses. Recomendação: COMPRAR Itaúsa (ITSA4).
Forte abraço e até a próxima.