Os mercados estão confiantes de que o FED deve anunciar na sua próxima reunião, que só acontecerá nos dias 17 e 18 de setembro, alguma redução de estímulo (liquidez) de seu programa de compra de títulos.
Ainda que isto aconteça vale lembrar que está longe de acontecer uma mudança da política monetária expansionista, e que índices econômicos e de desemprego precisam continuar mostrando melhora para que algo de realmente significativo altere a injeção de dinheiro no sistema.
Os países emergentes que por muito se beneficiaram, perdem ainda mais o brilho, principalmente aqueles que não fizeram o dever de casa quando o vento estava à favor. O Brasil é um deles, e não só a fraqueza do Real, mas a velocidade com que se desvalorizou, exige uma ginástica intensa por parte do Banco Central.
As bolsas de ações desde meu último comentário, do dia 3 de agosto, tiveram performances positivas na Europa e Brasil, e negativas nos Estados Unidos.
Os índices de commodities firmaram, puxados pela recuperação dos metais preciosos e industriais, e da maior parte dos produtos do complexo de grãos.
O café perdeu US$ 6.88 por saca em Nova Iorque, e US$ 8.40 a saca em Londres, fazendo novas mínimas como prevíamos.
Em Varginha, há duas semanas, a presidente brasileira finalmente anunciou ajuda aos cafeicultores, um plano que potencialmente pode tirar 3 milhões de sacas via plano de opções e outro tanto, entre 1 a 3 milhões de sacas(?), que o governo diz que comprará ao preço mínimo (R$ 307.00 a saca).
Tudo aparentemente razoável para os altistas, só faltam os detalhes e a implementação do programa para que todos possam entender e então tomarem uma posição. Por ora, na prática, os efeitos são inócuos aos produtores e por consequência a uma subida das bolsas.
Para os produtores do Brasil a cotação do Real, que bateu em 2,45, permitiu vendas de café a preços em reais “menos baixos”, já que o “C” convertido na moeda brasileira atingiu os R$ 3.00 centavos por libra-peso. Mas não durou muito, e o fechamento da semana foi em R$ 2.77 centavos por libra. O volume negociado até então foi bom, e os diferenciais locais abriram, assim como os diferenciais de praticamente todas as origens.
As outras origens se preparam para começar a colheita, leia-se América Central, Colômbia, e o peso-pesado Vietnã. Os prêmios do robusta também enfraquecem para embarques da safra-nova, e Londres perigosamente se mostra vulnerável para ceder mais. O spread de Setembro contra Novembro no contrato da LIFFE que no dia 15 de agosto estava invertido com US$ 36 por tonelada de prêmio, desmoronou para US$ 35 por tonelada de desconto na sexta-feira dia 23 de agosto – volatilidade insana e patética, como de costume para aquele mercado.
O spread do curto (Setembro / Dezembro) na ICE também alargou (barateou), mais um sinal negativo no meio de tantos outros.
Mas se por um lado os terminais se mostram frágeis, continuo achando que não veremos uma queda muito maior dos preços, e não custa lembrar que não aconteceu ainda o rompimento do intervalo entre 110 e 130 centavos sugeridos neste espaço há bastante tempo.
Mesmo que o robusta caia mais, como acho que vai acontecer, imaginar que este venha abaixo de US$ 1500 a tonelada não parece razoável, o que significa dizer que ainda que o arábica trabalhe abaixo de 110 centavos, romper 1 dólar (100 centavos por libra) vai ser difícil.
Na sequência, então, aguardaremos as estimativas para a próxima safra brasileira que alguns já sugerem que será acima de 60 milhões de sacas, e da definição das regras da compra de café pelo governo brasileiro, fatores que junto com o clima darão dicas da próxima direção do mercado.
Muito bons negócios a todos.